quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Frémitos



Pela janela entreaberta,
Sorrateiro, espreita o sol,
Carinhosamente abraçado pelo vento,
Que ao som das baladas das ondas,
Daquele mar azul de lembranças,
Traz doces instantes
De tempos vividos,
Em cabanas de quimeras!
Dos seus raios cintilantes
Que lampejam utopias,
Fazem vaguear pensamentos
Por céus feitos estradas,
Dançar ilusões por areias
De desertas praias,
Onde desejos se fizeram paixões,
Em espumas de prazer,
Nos devaneios da inconsciência
De corpos escaldantes,
No rolar das águas, em orgasmos
De frémitos gemidos,
Em suores de excitação lasciva.
José Carlos Moutinho

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Vulcão dos sentidos



A minha alma anima-se no reflexo cristalino
Do Sol da vida, espelhado nas águas
Das minhas memórias!
Traz-me lembranças daquele amor,
Que um dia me sufocou de tanto doer,
De paixão e emoções exacerbadas,
No sentir de prazeres desatinados,
Levados em voos sem rumo,
Sobre as areias quentes de um fogo,
Feito vulcão nas entranhas do nosso ser!
Na ausência do ar, estrangulado no beijo,
De anseios rebuscados sob o manto do luar;
Pensamentos esmorecidos na sensação,
Carinhosa do teu forte amplexo
E na carícia da tua pele sedosa,
Perturbadora dos meus sentidos;
O murmúrio dos teus lábios,
Quando beijavam os meus ouvidos,
Fazendo-me desfalecer
Num torpor de extasiante volúpia!

Acabam-se-me as lembranças
Que se levam na suavidade
Do crepúsculo que me desperta.


José Carlos Moutinho

domingo, 22 de janeiro de 2012

Desabafos D’Alma



Deixo-me levar nestes pensamentos,
De folhas soltas, esvoaçadas no vento
Da tua imagem!

São borboletas de emoções,
Saltitando em galáxias de ilusões,
Que se confundem em frustrada paixão!

O sol que me envolve,
Em silenciosa doçura
Num abraço de calada ternura,
Imaginado em braços invisíveis,
Aconchega-me o meu perturbado sentir!

Invento-me na lonjura de um tempo,
Que voltará profícuo de ti,
Ainda que dunas de desalentos,
Feitas muralhas,
Neste oásis do meu querer,
Tentem impedir-me de te respirar!

És o lago onde mergulho
E afogo as minhas mágoas!

És o vento que me seca as lágrimas!

És o corpo do mar em que me deito,
Nas ondas onde te sonho,
Pela carícia da espuma que me beija.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Aquieto os pensamentos



Vagueiam-me os pensamentos, pelos minutos
Deste tempo, que foge ao meu controle,
No desalinho de vivências desatinadas
E que a memória teima em não esquecer!

Tentam as suaves brisas, soprar bonanças,
Sossegando tempestades, de emoções perturbadas,
Arrastadas por vendavais de sofridas dores!

E na acalmia desta brisa que me abraça,
Entro numa espiral de um sentir relaxante;
Invento paixões escondidas nos astros,
Ilumino a alma com o cintilar das estrelas,
Deixo entrar em mim, os sons impercetíveis
Das aves, que me voam, protetoras!

Ecoa no meu peito o grito de liberdade,
Que abre as amarras das minhas vontades, por realizar
E dos meus sonhos jamais concretizados!

Deixo-me envolver nesta utopia,
Que me prende ao desejo quimérico;
Aquieto os pensamentos,
Sossego a memória,
Esmoreço o corpo,
Saio de mim...
Voo livre, enfim!

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Esperança...de nada



E tantos eram, que desequilibrados,
Caminhavam descalços, por estradas esburacadas,
Frias de morte, que lhes trespassava a alma,
Na dor despida de agasalho!
Porém, nos seus corações,
Jamais esmorecia a esperança,
Palavra de alma sentida,
Tão raramente conseguida!
Nos rios que transbordavam
E alagavam os seus campos ressequidos,
Pelas intempéries da miséria,
Na esperança da fertilização,
Em futuras plantações;
Esperança desiludida,
Nos caudais impetuosos,
Que tudo arrasavam!
E da esperança,
Do produto brotado da terra,
Resta-lhes somente lama e desespero,
Do desconforto,
Em corpos desnutridos!
E seguem, de almas feridas,
Corações sofridos,
Pés descalços,
Estômagos vazios,
Caminhando em busca da esperança,
Filosófica e mítica palavra,
De Esperança...
De nada.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A ti, mulher...


Quando te vejo, pula-me o coração,
Na louca vontade de te abraçar,
Será desatino ou doce paixão,
Ou talvez seja o meu modo de te amar.

Quisera ter-te em meus braços,
Sentir o calor do teu corpo,
Aconchegar-me nos teus abraços
E deixar-me assim, totalmente absorto.

Beijar os teus lábios vermelhos,
Doce sensação que muito anseio,
Quero seguir os teus conselhos,
Que me deixam em total devaneio.

Vem, entrega-te, deixa-me te amar
Funde o teu corpo no meu,
Deixemos esta paixão nos levar,
Na infinita volúpia pelo Céu.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Chamada do vento




Lá fora, sibila aflitivo o vento,
Como se chamasse por alguém,
Era um som triste
E simultaneamente lânguido;
De Alma perdida no vazio,
Em busca do amor que partira!
Arrepia-me,
Provoca-me forte ansiedade
E inconscientemente, deixo-me levar
Pelo vento de angústia desconhecida;
Os meus pensamentos amorfos,
Vagueiam-me pelo corpo desfalecido,
Numa letargia que me domina;   
Sinto-me levitar...
O meu corpo permanece estático,
Vejo-me, sorrindo-me...
Inefável situação que me seduz!
Cintilam raios luminosos,
O azul do céu é fantástico, inigualável,
Talvez seja o paraíso eterno
E vislumbro, bela, lá no horizonte,
Entre duas estrelas,
Uma mulher fascinante...
Será ela, que me chama pelo vento?

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A paz do poeta



As palavras soltam-se,
Deslizando na ponta da pena,
Definindo emoções e sentimentos,
Podem tornar-se acutilantes ou doces!
As palavras transcrevem a alma do poeta
Que deixa espelhar os seus momentos;
As palavras podem ser agrestes e terríveis
Na inquietude do poeta;
Adquirem toda a beleza do ânimo
Se este está feliz!
É nesta conjugação de estados de alma,
Que amor e paixão assumem lugar de destaque!

A paz está com o poeta,
Se as palavras sorriem…
E ele voa nas asas da ilusão;
Quando os seus sonhos acariciam as palavras
Que beijam o papel,
Num frémito de prazer
E o fazem esquecer a escuridão
Das noites de angústia,
Para ser iluminado pela aurora das emoções!

Aí sim, o poeta está em paz,
Porque a sua alma sensível está bem!


José Carlos Moutinho

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Quero-te



Quero sentir o teu beijo,
Que me pedes suave, devagarinho,
Ter o gosto da tua boca na minha;
Sentir a tremura do teu peito,
Que se aperta no meu!
Relaxo ao toque da tua mão, que me acaricia,
Enquanto nossas línguas se digladiam
Num mistério extasiado de prazer;
Quero ter-te apertada em mim,
Emoção tantas vezes sentida
E sempre loucamente desejada!
Quero entrar em ti,
Seres corpo do meu corpo,
Quero-te como minha rainha
E eu o teu escravo deliciado com a volúpia,
Que me proporcionas docemente!
Quero escutar os teus gemidos roucos de desejo,
Adormecer no teu sonho
E acordar na doce emoção da paixão.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Preconceito e petulância



Que mundo este onde preconceito
Ofusca a tradicional verdade,
Fazendo da falsidade preceito,
Mentindo com tanta autoridade.

Serão arautos da sabedoria,
Em dementes cabeças vazias,
São petulantes com a ousadia
De mudarem o real em utopias.

E nas suas consciências ocas,
Pensam-se catedráticos da razão,
Quando as atitudes são poucas

Pavoneiam-se alardeando saber,
Que na verdade é pura ilusão
E vontade excessiva de ser!


José Carlos Moutinho

domingo, 8 de janeiro de 2012

Memória nostálgica (De Luanda/Angola)



Vai-se o tempo esvaído nos minutos que correm,
Vem a saudade, cada vez mais intensa
Nos segundos que nos restam;
À memória, surge forte a lembrança
Do bulício alegre da “mutamba”
No vai vem dos “machimbombos”;

Recuo em mim, sinto-me nos “musseques”
Impregnados de fortes odores,
Olvidados nas farras de rebita,
Prolongadas pelas longas noites tropicais
E nas místicas batucadas de outras noites;
Quisera ouvir novamente,
O gemido pungente do “kissange”!

Ah...Como relembro a gritaria das “quitandeiras”
Enroladas em panos coloridos, feitos vestidos,
Apregoando os “cacussos”
As “lavadeiras”, de trouxas de roupa à cabeça
Gingando, descalças pelas ruas;

Saudoso degustar dos chocos grelhados do “Bitoque”
As “sandes” quentes de presunto do “Baleizão”;

“picadas” a perderem-se de vista,
Adormecidas na terra vermelha,
Onde as chuvas faziam exalar
Cheiro único de terra molhada;
Aos meus olhos aparece como uma real visão,
As imensas matas de luxuriante vegetação,
Os cafezais com o seu fruto vermelho;
Extensões eternas de verde do sisal,
Perdidas na lonjura;

Ai, saudoso fascínio olhar o mar
E admirar o sol a esconder-se
Em lânguida mansidão,
Espalhando as suas cores quentes deslumbrantes,
Multiplicadas nas ondas brilhantes do Atlântico;
As praias de belas areias da Ilha de Luanda
Que nos acolhiam
E nos mergulhavam nas suas belas e tépidas águas;

Esta tela multicolor de memórias
Ficou na saudade de um viver que se foi,
Acordado na lembrança de hoje.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Murmurar das ondas



Chora-me a alma,
No mar que embate nas rochas das minhas mágoas,
Por onde escoam lágrimas da minha saudade,
Das paixões vividas e sonhadas,
Em quimeras tantas vezes imaginadas,
Que o tempo deixou esmorecer!
Imagino-me a falésia,
Sofrendo a agressão da água da minha tristeza
E nem o brilho do sol,
Aquece a minha nostalgia,
Refletida no dorso deste mar azulado,
Abraçado e beijado pelo céu, lá longe no horizonte!
Deixo-me levar no murmurar das ondas,
Que me sussurram palavras de esperança
E me exortam a sentir a carícia da espuma,
Despertando os meus dormentes sentidos,
Para a busca de novas emoções.

José Carlos Moutinho


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Pensando quimeras



Este Inverno que me visita,
Trouxe-me a saudade
Da Primavera dos teus beijos,
Desenhados em pétalas vermelhas
Dos teus sorrisos de gardénias
E nos teus abraços aconchegantes,
Embrulhados em aromas feiticeiros,
Que me inebriavam docemente
E me faziam abandonar-me em ti,
Nas carícias dos teus esguios e sedosos dedos!
Mesmo com as folhas cansadas,
Que caiam com a chegada do Outono,
Não me fizeram olvidar a tua tez,
Agora matizada no sol que enfraquecia
E lentamente se tornava alva,
Na candura do teu ser,
Iluminada pela nascente alvorada,
Tornando-te ainda mais sensual!
E agora com o tempo frio,
Deste Inverno que me abraça,
Quero voltar a sentir o teu calor,
No afago do teu corpo fundido no meu
E novamente...
Deixar-me abandonar em ti.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Cosmos insatisfeito



Flutuam poeiras no céu azul,
Escondem partículas de sonhos,
Que vagueiam no espaço vazio,
Fugindo das desilusões!
O sol atinge o seu clímax,
Irradia calor que afaga esperanças;
Cintilam raios como flechas de cupido,
Solta-se o amor em cristais;
No horizonte o céu prolonga o mar
Que desperta do seu sono fugaz
E se agita em ondas suaves de carícias
Que beijam as areias douradas,
E delicadamente desfazem-se em espuma
De alegria e prazer da vida!
Cheira a fantasias vindas do nada,
Em pétalas de flores imaginadas,
De mágicas fragrâncias,
Abraçadas a alvoradas por inventar!
O Cosmos corre veloz pela Via Láctea,
Ignora as estrelas que lhe sorriem,
Procura outras galáxias,
Insatisfeito, quer o inexistente
E esquece, displicente,
A beleza nele contida
E as maravilhas em seu redor.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Voar até ao Infinito



Cambaleio nas areias do deserto de mim,
Em inconsequente estado de loucura,
Nestes dias tristes de cinza,
Sob nuvens tatuadas de tempestades,
Que se esbatem,
Na calmaria do oásis de bonanças,
Nas ilusões de verdes esperanças,

No querer do meu sentir,
Que me navega no âmago
E na emoção do meu ser,
Pensa-me em doce sonho,
De que este sol escaldante,
Derreta a frieza das noites sofridas,
Pelo abraço azulado dos luares,
De estrelas cintilantes e guias
Dos caminhos de inflorescentes plátanos,
Onde repousam aves,
De encantadas cores e de chilreios
De incontida alegria,
No despertar da aurora de cada dia,
Fazendo deste espaço cósmico,
Um mundo diferente,
Nos arco-íris do deslumbramento

Tal Zeus, no dorso da águia-real,
Aconchegado nas suas asas,
Sobrevoo vales e montanhas,
Invento mares insondáveis,
Deixo-me voar...
Voar até ao Infinito.


José Carlos Moutinho

domingo, 1 de janeiro de 2012

Devaneando



Sento-me em nenúfares de belas cores,
Mariposas esvoaçam à minha volta,
Sinto nelas a tua presença,
Que me envolve no afago dos teus braços!
As asas que batem em sintonia melódica,
És tu no teu sussurrar de palavras doces,
Nos meus ouvidos em deleite!
As águas verde-azuladas que me sustentam,
É o teu corpo onde eu flutuo,
Que no agitar silencioso, pela brisa suave,
Faz-me deslizar pela ondulação em ti,
Fazendo-te o meu porto de abrigo,
Na imaginação que voa sobranceira,
Às nossas mentes em êxtase!
O nosso abraço é a união de elos
Indestrutíveis, nesta corrente de paixão,
Que nos amarra a um sentir,
De prazer desmedido e nos arrasta
Para uma execução coreográfica
Côncava/convexa,
De movimentos ritmados,
Num arfar de respiração sufocada,
Na líbido que nos transpira
E nos poros que se incendeiam,
No auge do clímax.

José Carlos Moutinho
1/1/12

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Vai 2011, que venha 2012



Corre, 2011, porque já vais tarde,
Dizem muitos, para quem foste impiedoso,
Para mim, amigo, passaste, sem alarde
E fizeste-me mais esperançoso.

Fico com saudade, não quero que vás,
Mas é esta a lei do tempo,
Por mim, ficarias comigo e em paz,
Em tua vida, só me deste alento.

O que para uns é negativo e triste.
Para outros é alegria e satisfação.
É assim este ciclo do tempo que persiste.
Que nos anima a alma e sorri ao coração.

Amigo 2011, de ti fico com saudades.
Fizeste de mim poeta e escritor.
Bem sei que não devo ficar com vaidades.
Pois nem eu me considero merecedor.

Como não foste muito bom para tantos.
Pois perderam empregos, carro e lar.
Sou solidário com os que estão em prantos.
Que o 2012 venha forte, para nos ajudar.

José Carlos Moutinho
30/12/11


quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Paixão apagada




Sinto frio na minha alma,
O calor do sol esmorece em mim,
O meu corpo adormece-se no seu sentir!
As tuas mãos que me acariciam estão frias,
Gelo de ausência em ti,
O teu corpo fundido no meu
Congelou as nossas emoções;
O vibrar antes estremecido em nós,
Desfaleceu os nossos sentimentos,
O teu perfume perdeu a fragrância
Que me extasiava,
Os teus beijos, antes fogo, são mortiços,
Deixaste a chama se extinguir;
Aquele brilho dos teus olhos,
Que me deslumbrava
E encadeava os meus sentidos,
Apagou-se na escuridão do teu querer;
Os teus cabelos negros selvagens,
Envolviam-me na ânsia de te abraçar,
Perturbam-me agora no seu agitar;
Porque não estás em mim,
Nem eu estou em ti,
Estamos ausentes, em nós...
Distantes na paixão apagada.

José Carlos Moutinho

Contrastes




Chão duro, frio e vermelho
Como sangue, mesclado de suores cansados,
Do dia-a-dia de agruras vividas;
De sois escurecidos por nuvens negras
De mínguas!
E a cada passo, esbarram na baça
Realidade trôpega em que vivem;
Foge-lhes o chão dos seus pés descalços,
Na tremura da fome que os sufoca;
Deambulam perdidos, em desorientação mental;
Os olhos desorbitados,
Pelo contraste com as faces esquálidas;
São figuras fantasmagóricas,
Perderam a sua humanidade!
Têm como companheiros, insetos
Que os acossam e lhes infligem maior sofrimento;
São almas penadas, neste mundo desvairado
De simbiótico contraste,
Entre a abundância e a carência,
Entre o rosto que sorri
E o sorriso sem rosto.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Humanidade desconhecida




Caem lágrimas caladas de olhos sofridos,
Em chuva de mágoas afogadas,
Por esse mar de amores vividos!

No crepúsculo que adormece a noite,
Surge a esperança na aurora,
Que desperta no novo dia!

Amarguras esquecidas,
No tempo que se esvai nas horas
E as memórias se alegram, em novas
Viagens pelas emoções,
Gritadas por corações alentados,
Nas almas carentes de afago!

Mutações difíceis, algumas,
Suaves outras, neste cosmos desvairado,
Onde convivem naturalmente,
Amor e ódio,
Alegria e tristeza,
Solidariedade e desprezo!

Quando as emoções exacerbadas
Se tornam polos opostos,
Tudo pode acontecer,
Nesta humanidade desconhecida.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Adeus Outono, Sê bem-vindo Inverno!

O chão atapetado e colorido Obtido da paleta matizada, Das tuas folhas caducas, Desmaia-se no frio, que vai surgindo Soprado pelos ventos do norte, No solstício de Inverno; Deixaste as árvores nuas, de braços vazios, Perdeste a beleza que emoldurava, As alamedas da vida; Transformaste-te em outra estação, Neste curso do tempo imparável! Outono, de nostálgicos encantos, Partiste num dia ensolarado, Numa despedida derradeira, Mantendo a tua dignidade, Numa temperatura acolhedora; Cumpriste a tua missão, Cedeste o lugar a outro tempo, Neste tempo que nos devora! Até breve, Outono Esperamos encontrar-te por aí, Pelos caminhos da saudade, Não te esqueças de nos trazeres A tua simpática nostalgia E tenta chegar harmonioso, Como foste este ano! Que sejas bem-vindo Inverno, Faz por seres benévolo, Que a tua passagem por nós, seja suave Como a delicadeza da tua alva neve, Que cristalina, nos embeleza os dias, Não sejas violento. José Carlos Moutinho

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Mundo desigual

Invento-me nestes dias de frio, Tento ter a alma descomprometida, Mas a realidade é um desafio, O que eu sinto é uma agonia. Gente perdida, sem teto, nem rumo, Deambulam por escarpas de pobreza, Buscam com esperança o aprumo E só encontram a vil avareza. Mundo este tão cruel e desigual, Mão que se estende pedindo pão, É olhada com desdém, como animal. O sol nasce, apagado para quantos? Uns com conforto, outros, solidão, Muitos com alegria, dor para tantos! José Carlos Moutinho

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Renasce a esperança

Os ventos desfalecem nos caminhos da desconfiança, Onde se fazem presentes, Sorrisos de perturbante falsidade; Palavras belas e fascinantes por detrás da inveja, Amizades inventadas que nos tocam a alma, Mas bem rapidamente se desnudam E nos infligem, bem lá no fundo do nosso sentir, Profunda dor pela mentira! Porém a cada dia, a alvorada cintila, E renasce a esperança, Das boas intenções da humanidade, Porque o querer das vontades, Consegue sobrepor-se às perturbadas mentes, Da maldade e da ignomínia! A terra gira sem parar E a cada rotação, o sol acalenta corações frios E o luar ilumina a alma do desatino; As aves chilreiam melodias de advires Pelo altruísmo, raro, mas sentido, No carinho do abraço aos desafortunados, Deste mundo louco de contradições, Em simbiose de amores e desencantos. E as nuvens brancas aconchegam-nos, Na sua majestosa alvura, Iluminadas pelo brilho das estrelas De prenúncio de um novo sentir E nessa doce ilusão... “Renasce a esperança”. José Carlos Moutinho

sábado, 17 de dezembro de 2011

Eras tu

No silêncio das horas que voam, Dispo-me das tristezas, Entro nas minhas memórias E sinto as tuas carícias, Em noites enluaradas do nosso querer! Sorrio-me no prazer dos teus beijos sentidos, Naqueles momentos de doce ilusão; Abraçados numa entrega de deslumbrante prazer, Acompanhados pela luz estelar, Que nos iluminava a alma, Despertada da sua acalmia E nos fazia delirantemente vibrar! O calor irradiado das tuas palavras, Que aos meus ouvidos Os teus lábios murmuravam! O tempo esquecia-se na nossa indiferença, Pelo nosso tempo assumido em nós; Os teus braços envolviam-me Em elos de emoções; Mergulhava em teus olhos E perdia-me no fascínio do azul celeste; Tu eras a sensação do paraíso E a louca perdição do meu viver; Tu... Eras tu, a minha amada amante. José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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