quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Brisa, a minha tela
Faço da brisa, tela do meu
pensamento,
que esvoaça pelo espaço da
minha saudade,
diluindo-se nos sons
sibilados do vento,
penetrados na minha alma com
acuidade!
Emoldurado por cabelos
negros,
seu rosto moreno,
as minhas mãos acariciaram,
e, da sua boca perfeita,
como cereja,
os meus lábios saborearam seu
doce néctar!
Na emoção que me tomava os sentidos,
eu mergulhava profundamente
no misterioso negro dos seus
olhos,
perdendo-me no labirinto
de desatinadas sensações,
onde a razão era a porta da
paixão
e a saída a ternura do amor!
...E continuo a fazer da
brisa, a minha tela
de raras emoções e
inventadas cores,
a musa eterna da minha
inspiração é ela,
princesa e rainha dos meus
amores!
José Carlos Moutinho
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Este vento que me fustiga
Ofereço o meu peito ao vento
sem alma,
numa impetuosidade sem
sentido, com raiva,
que eu recebo nesta
serenidade que me acalma,
não obstante a força que me
fustiga como saraiva.
Talvez seja eu que estou
mais sensível,
pela fragilidade dos
pensamentos
que me dominam a vontade,
controlam o meu coração
cansado
e me deixam a alma em
melancolia.
O passado absorve-me,
pela lembrança das emoções
vividas,
em momentos que a vida me
contemplou
e neste presente nostálgico,
a que me dou,
doí-me a razão das alegrias
perdidas
Ai...Que dor esta que tanto
me aflige,
quisera ser ave noctívaga,
esvoaçando pela noite escura,
em voos iluminados pelas
estrelas,
esquecer o passado que me
persegue,
encontrar outro rumo ou
aventura.
Agora, o vento que me grita
e castiga,
Juntamente com a chuva que
cai forte,
alaga o meu rosto sofrido
pela sorte
e arrasta as lágrimas da
minha fadiga.
José Carlos Moutinho
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Vontade de navegar
Sinto vontade de navegar por
esse mar cavado,
de fortes ondas de
provocação,
enfrentar os gritos da
rebentação
e sair desta minha vida
cansada!
Desejo-me flutuar nesta
espuma de coragem,
acariciado pela maresia que
perfuma o meu peito,
pelo vento que sopra
sibilante,
e me refresca a alma!
Quiçá, possa abraçar-me às
asas das gaivotas
que me sobrevoam em ululante
grasnar
e voe por ai, por mundos
incertos,
ao encontro de bons momentos
certos,
onde a vida seja
deslumbrante,
imbuída de paixões soltas,
em amores de sentir vibrante,
gritadas em emoções revoltas,
como este mar de razão
exaltada,
que provoca o meu desejo de
navegar,
no cantar das ondas, como se
fosse balada!
Na ilusão que se apossa da
minha alma,
o meu marejar é absorvido
pela alva espuma,
que suavemente desliza pela
areia calma,
da praia, onde a alvorada
não apagou a bruma.
José Carlos Moutinho
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Sobrevivência nas ruas
São negras ruas de
asfalto da vida,
percorridas por pés
descalços sofridos,
os pregões de voz
cansada e dorida,
no desejo de vender os
seus artigos.
Deambulam em perigo
por entre carros,
duras corridas pela sobrevivência,
canetas, isqueiros,
roupas e cigarros,
difícil vida desta
adolescência.
De manhã à noite a
perseverança,
pelo sustento da casa
miserável,
ânsia de tornar fome
em abastança!
Irmãos menores, órfãos,
rotos e sujos,
sofredores deste
mundo execrável,
vitimas inocentes de
tantos abusos!
José Carlos Moutinho
sábado, 27 de outubro de 2012
Recordar no jardim
Perco-me por entre flores
deste jardim,
que me oferece odores da
minha amada,
trazidos nas asas de
mariposas coloridas
e sopradas pela brisa que me
acaricia,
com as mãos de veludo do meu
amor!
Sinto a sua presença na
doçura das orquídeas
e na elegância dos lírios,
o brilho dos seus olhos
azuis,
de safiras serenas das
lobélias!
Lembro-me do calor do seu
corpo,
na sofreguidão dos seus
beijos,
de delicado néctar;
Nos abraços consentidos,
em tardes esmorecidas pelo
tempo,
na lassidão do nosso sentir!
Sorrio na recordação
daquele cantinho de verde
relva,
onde um dia, foi leito da
nossa paixão,
testemunha do nosso prazer,
no silêncio cortado pelos
nossos murmúrios!
Cansado pelas emoções que me
dominam
sento-me no mesmo cantinho,
De verde relva, que um dia
foi leito
E que agora me descansa!
José Carlos Moutinho
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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas
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