sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Talvez um dia





Um dia deste-me um beijo
eu disse que não te queria,
disseste que foi ensejo
que também era um desejo
de me teres qualquer dia.

Não és a mulher que eu quero
és demais arrogante
embora sejas bela,
gosto de gente singela
que com o olhar me encante.

Nos teus olhos tens fogo
que meu coração incendeia,
fosses a serena lua
e dissesses: amor sou tua
faria de ti minha sereia

Talvez um dia eu te queira
se me prometeres mudar,
não ser tua fogueira
nem fazeres de mim poeira
e eu conseguir te amar.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Caminhos do passado





Aqui sentado nas escadas da minha memória
levo-me em viagem pelos caminhos do passado,
onde os momentos foram páginas da minha História
escritas no livro da vida em cores do meu agrado,
com letras, inventei fantasias, paixões e alguma glória
que da minha alma nasceram em versos do meu fado.

Sorrio-me aos devaneios vividos e outros perdidos
que nas noites da minha juventude se exacerbaram,
seriam loucuras, inocências ou desejos incontidos
que em murmúrios,abraços e beijos, nos avassalaram,
e as areas da praia, sob o luar, faziam-se leito consentido
as noites alongavam-se e as ondas serenas, cantavam.

A mim, agora aqui sentado nas escadas da minha saudade,
restam-me as lembranças de um efémero e saudoso tempo
vivido com ilusão, alegria, amizade, e pujante intensidade
quando as emoções da vida, eram para o coração, alimento,
o “amanhã” era palavra sem sentido, o “hoje” era realidade,
no recordar o passado, minha alma é nostalgia de momento

José Carlos Moutinho

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Quando eu for velhinho





Mesmo muito velhinho…
Não quero tua pena, mas sim o teu carinho,
se me olhares como a uma coisa velha sem valor
um dia também, serás velhinho(a) e talvez sem cor,
tive a felicidade de ter vivido uma vida plena
e tu não sabes se a terás, como eu, tão serena,
por isso eu te digo, jamais olhes para um velhinho
como se fosse nada ou um estorvo no teu caminho,
temos em nós, velhinhos um mundo de conhecimentos
recebemos do sol a alegria e do vendaval os tormentos, 
caminhamos aos tropeços pelos caminhos da tremura
mas existe em nossa alma uma longa estrada de ternura,
se eu precisar não me recuses a tua mão protectora
Serei velhinho…
Bem velhinho mas ainda não é chegada a minha hora,
fui criança, adolescente e homem,
agora de cada um, tenho um pouquinho
é o ciclo de vida, por isso te peço falando-te baixinho
jamais me deixes abandonado na esquina da tristeza
estando ao meu lado, só demonstras grande nobreza,
quando eu deixar de ser velhinho e possa ser saudade
sentirás alegria se te pensares uma pessoa de bondade,
serei velhinho…
Bem velhinho, mas ainda vivem em mim, ilusões,
ilusões de um mundo melhor, humanizado sem agressões.

A vida é vento que sopra constante, até um dia se cansar
é sol de alegria, breu da noite e luar que se irá eternizar…

E quando eu já for bem velhinho…
Um dia, de mim tudo se esfumará, serei núvem passageira
da minha terrena vida, deixarei com orgulho uma bela esteira…

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Quando eu for saudade





Quando eu deste mundo, só for saudade
quero ser lembrado amigo de coração,
porque aqui na terra fui com verdade
pessoa que por todos teve consideração.

Se alguém houver que não gostou de mim
é porque não me conheceu tão bem assim…

Todos temos coisas menos agradáveis
ninguém é perfeito na humanidade,
sempre procurei tecer palavras afáveis
e usei a franqeza com minha sinceridade.

Se alguém houver que não gostou de mim
é porque não me conheceu tão bem assim…

Estou certo que lá no etéreo jardim de paz
encontrarei os meus amigos daqui da terra,
se houver inimigo que me diga, se for capaz
meu desejo é que acabar qualquer guerra.

José Carlos Moutinho

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Correm sempre para o mar





Correm cristalinas as águas do rio
levam sonhos que vão segredar ao mar
uns são suaves outros, total desvario
galgam escombros sempre a cantarolar

Arrastam ilusões, lavam as mágoas
são visões de deslumbrante fascínio
miragens inventadas sobre as águas
ou emoções que a alma chora por declínio

Alheio a tudo, corre o rio imparável,
o seu leito é uma cama inexorável
onde se deita e se deixa deslizar…

Abraçam-no as margens, jardim florido
onde os casais se amam, lei de cupido,
e as águas do rio correm sempre pro mar…

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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