quinta-feira, 2 de abril de 2015

Choram as tardes





Não sei por que me choram as tardes
que me envolvem de inquieta melancolia
e forçam meu olhar a colar-se nas folhas secas
que lá fora se agitam, também elas inquietas,
num desassossego estranho e perturbado.

Não sei por que me chegam esmorecidos
os translúcidos raios do sol que se afasta
acinzentando meus pensamentos perdidos,
roubando a alegria que em mim se arrasta.

Talvez com o luar, a minha alma se alegre
e possa serenar a agitação que me domina,
resfrie o calor que de mim se solta em febre
e me faça ausentar desta minha triste sina,
iluminando o deserto árido plantado em mim
aquietando minhas ânsias num oásis de jasmin.

Olho as árvores que vão oscilando suavemente,
escuto os pássaros em voos de doce melodia,
no meu peito bate meu coração em acalmia
minha essência sorri-me em paz alegremente…
Será algum milagre e fui enlevado por quimera
ou talvez seja o perfume das flores da Primavera

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Olho a rua da minha janela





Debruçado na minha janela
ouço as vozes dos que vão passando,
gente elegante, gente singela
com pressa que o tempo vai tomando.

Entardece no sol que esmorece,
lá em baixo a rua vai esvaziando,
vai-se o sol na noite que aparece
calam-se as gaivotas esvoaçando.

É a cidade na sua diária luta
sem tréguas, em constante disputa,
a cada dia é um novo e insano lutar…

Há que ser herói neste turbilhão
Dos fracos não reza a história, não,
Esses sequer recebem um olhar…

José Carlos Moutinho

terça-feira, 31 de março de 2015

Escuta, irmão





Quem és tu, irmão
que me sorries e me abraças
e me atraiçoas descaradamente?
Será que sou eu que não entendo esta realidade
que me afecta os sentidos e me perturba…
Ou serás tu que te perdeste
pelos caminhos do desiquilíbrio
e fizeste da harmonia cívica
um coisa de somenos importância?

Preocupa-me, irmão
que as coisas tomem este rumo
e te leve à perda de valores
que humanamente deveriam estar presentes
em cada um de nós!

Vejo com tristeza que cada vez mais,
são menos os que caminham
lado a lado na esteira da amizade,
preferindo dar prioridade
aos atalhos de conflitos
e desatinos exacerbados
quiçá, por despeito ou inveja!

Tem calma, irmão
concentra-te na verdade
e pensa, se para ti é benéfica essa atitude,
que afinal só pode servir teu ego
mas que te cria atritos
com quem te quer bem!

Conta comigo, irmão
no abraço sincero da humildade
e nas palavras que te digo
na ânsia de que entendas
a verdade coerente da razão.

José Carlos Moutinho

domingo, 29 de março de 2015

E se...





O meu dia chegará!
E quando esse dia chegar…
…e eu despir-me deste meu efémero tronco
e vestir-me  folha seca, caduca
caída no chão…
depois erguida pelo vento
no alvoroço do momento,
esvoaçando pelo espaço indefinido
em voo delirante pelo desconhecido…
…Talvez, então, me sinta liberto
das contrariedades e das quezílias
mundanas que se colam em mim!
E se conseguir o desapego ansiado,
sorrirei na minha serenidade,
mas nada, nem ninguém verá meu sorriso
por que só eu terei o privilégio
de ver quem me sorri
ou me olha com desdém…
Poderei também, se essa benesse me for concedida
descobrir onde se esconde a hipocrisia
e se desnuda a sinceridade!

E se…
Se… eu, folha seca, me metamorfosear em pó
e de mim nada restar,
além da eventual e ténue lembrança
da árvore que fui
e só por que deixei raízes
que se perpetuarão pelo tempo…

…Se tudo isto fizer história de mim,
pela minha passagem
por esta feira de vaidades e arrogâncias,
espero sincera e humildemente
que lá da minha etérea morada
possa olhar o espaço onde estive plantado
e sinta o murmurar poético da minha alma
a cantar-me melodiosas saudades
e dizer-me que, apesar de tudo…
Apesar de tudo valeu a pena viver
por que fui feliz.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 26 de março de 2015

Estes versos, meu amor




Escrevo-te estes versos
Meu amor, com alegria,
Sentimentos dispersos
Que sinto todo o dia.

Teu sorriso é o meu sol
Que aquece a minha alma,
na solidão és o meu farol
que nas noites me acalma.

Meu amor, amor meu és a flor
Mais bela do meu jardim,
Quando me falas d’amor
Entras docemente em mim.

Canto esta canção d’amor
com melodia de paixão,
gravada em ti com fulgor
e escrita no teu coração.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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