quinta-feira, 7 de maio de 2015

Sou folha caduca





Quando as águas que correm serenas
no rio da minha infância
deixarem de me sussurrar…
E as nuvens escurecerem
e o sol se entristecer
e as estrelas não cintilarem
e o luar se recusar a iluminar
e o mar se agitar intranquilo,
talvez estejam a despedir-se de mim…
E se as flores empalidecerem
e os pássaros silenciarem
e as gaivotas deixaram de voar
e as andorinhas não chegarem na Primavera
e o vento deixar de soprar
e os dias se tornem céleres
e as noites eternas,
talvez sintam saudade de mim…

Mas se nada acontecer
do que eu utopicamente desejava,
é por que na verdade
e admito humildemente
que fui brisa ou simples folha
das muitas folhas que por aí voam
insignificantes,
simples e caducas.

Se na minha viagem etérea
puder vislumbrar sorrindo,
todas as coisas materiais
a que antes eu dava valor
e não sentir pena ou falta,
é por que estou realizado na minha essência
pelo que fiz na minha caminhada terrena
e feliz na minha derradeira e eterna viagem.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Maio





Sorri Maio, sorri com o sorriso das pétalas
das tuas flores que nos emudecem
e nos deixam fascinados...
Oferece-nos o delicado perfume
que só tu tens, Maio...
Faz da tua Primavera o renascer
da vida em cada dia,
solta-nos o pólen da alegria
e leva-nos nas asas dos sonhos
pelas folhas verdes da esperança...
Permite-nos caminhar
por entre a felicidade colorida
das margens dos teus jardins!

Tu, Maio, mês da religiosidade
e da fé em Maria,
maduro Maio do Zeca,
que acolhes em ti
carinhosamente o dia da Mãe,
e onde em cada flor
da tua primaveril estação,
mostras a tua beleza
no vermelho das papoilas esvoaçantes,
e também através dos raios solares
cintilantes de jubiloso calor
que no pulsar das nossas veias,
nos faz acreditar
que tu, Maio és o melhor
e desejar que tu permaneças
entre nós eternamente. 

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Mundo de vergonha!





Que mundo é este em que eu vivo
aonde a vida humana não faz mais sentido
que metamorfose está a acontecer
para que haja tanta gente a morrer?
Gente que foge da sua pátria e da morte
para virem perecer longe, ingloriamente,
Que mundo é este de tantas vaidades
que despreza a infelicidade de muitos…
Falam em economia, democracia, liberdade
e são o oposto de toda essa lengalenga falsa!

Que mundo este, Deus, que não Te compadece
ou Achas que esse povo tem o que merece?
Não! Não merecem certamente,
por procurarem o modo de sobrevivência
que lhes é negado nas suas pátrias.
Pátrias de tristeza, discriminação e crenças
que os leva à mais miserável e indigna
condição infra-humana!
Porquê Deus, permites que crianças
tão pequenas, sejam engolidas pelas águas
que as traria à presumida salvação?
E porquê os homens vestidos de nojenta política
nada fazem para solucionar o problema?
Será talvez por que esses desgraçados nada têm,
além da vontade indómita de paz, liberdade e pão!

União Europeia…
União de quê?
de uma cambada de milhares de inúteis
sentados luxuosamente num parlamento que de nada serve!
Tenham vergonha, políticos deste mundo desgarrado
concretamente os desta Europa vazia,
já que pela proximidade com os países
daqueles infelizes têm obrigação de resolver.

Haja vergonha e acabem com este genocídio!

José Carlos Moutinho
22/4/15

terça-feira, 21 de abril de 2015

Estrada da vida




Na estrada da vida
pelo tempo percorrida,
com margens floridas
tantas árvores caídas
em louca corrida.

Quando pensamos serena
a nossa alegre viagem,
algo surge na viragem
desta passagem terrena
tão subtil como a aragem.

Será percalço talvez
ou algum desejo sem vez,
será desígnio findado
escrito como um fado
onde a sorte se desfez. 

A estrada pode ser curta
simbiose de bela e bruta,
há que olhar o horizonte
colher a paz da fonte
por que a vida é uma luta.

José Calos Moutinho

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Sonho ou realidade





Desperto do meu silêncio,
tocado por folhas moribundas
que caem sobre o meu rosto,
sulcado por alegrias esmorecidas!

Não dormia...
fechara-me em mim
alheando-me dos ventos
que lá fora, sopravam
e das vozes tresmalhadas
que em desvario ecoavam pelos ares!

Olho em meu redor,
O sol queima-me o corpo,
suspiro com o pensamento perdido
por desertos áridos
de oásis apagados..

E vejo mares, céus, aves, nuvens
árvores, brumas...
Vejo gente que corre sem rumo,
gente despida de roupa e moral,
mulheres lindas vestidas de vaidade,
homens engravatados de preconceitos!

Sinto o meu respirar ofegante,
sufocado por mentiras e arrogâncias
que se soltam do nevoeiro,
que envolve este mundo aonde vivo!

Desperto desta letargia
que me adormeceu
por instantes de desassossego…

E apetece-me voltar a desacordar-me
porque tudo que senti,
não foi delírio da minha imaginação.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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