quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Amigo, ignora os vendavais





Ignora o silvo do vento que te sopra de viés,
Aceita a brisa que te acaricia com suavidade,
Acredita que tudo o que acontece a teus pés
Não prova que teus afectos perderam validade.

Temporais são sustos molhados, arrufos do tempo,
Amizades sinceras são raízes profundas e perenes
Que florescem até, sobre pedra do desentendimento,
Por que as verdades são caminhos iluminados e indenes.

Que em cada abraço haja um sorriso  real de afecto,
Pois na dor e na tristeza, a amizade é a perfeita cura
Ainda que o sentimento tenha um colorido discreto,
É pela paleta de amigos, que a tela eternamente dura. 

Assim amigo, olha para quem te vê de olhos abertos,
Num olhar sem brilho, há ventania que te causará dor,
No caminho dos vendavais encontras males dispersos,
Pelas alamedas floridas da vida, receberás sempre amor.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 25 de agosto de 2015

És fulgor do meu mar





Tu, com voz de rouxinol
canta melodias de amor,
quero ouvir o teu fado,
sentir-te o meu farol
que do meu mar és fulgor.

Podes não ser fadista
a mim pouco me importa
desde que eu te sinta…
Sei que és uma artista
teu cantar me conforta.

Canta-me bem baixinho
um poema de embalar
com versos de utopia…
Que tenha sabor de vinho
e letra do verbo amar.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Heróis do mar



Mar...dos meus sonhos
Onde sereno a minha alma,
Quando vagueio meus olhos
Sobre a tua imensidão luminosa
Na acalmia do teu murmurar!

Encontro em ti, na brandura das tuas ondas,
A inspiração para o meu poetar,
Faço versos das tuas melodias
Cantadas pelo teu suave marulhar!

Ah...Mar dos meus encantos,
Que tanto acalmas a minha nostalgia
Nas horas tardias da minha solidão,
Tanto me apavoras na tua brutalidade,
Quando te revoltas contra tudo e todos!

Tornas-te tormentoso e assustador,
Privas gentes do seu trabalho,
Destróis os meios de sobrevivência dos homens,
Apavoras no teu terrível gritar,
E nos amplexos sem compaixão
Com que envolves
Aqueles que labutam nas tuas águas,
Arrastando-os para o teu ventre asfixiante!

Ah...Mar és simbiose de acalmia e tormenta,
Queres pôr à prova a coragem dos homens,
E torná-los heróis,
E tantas vezes, heróis de vida perdida!

Poderias ser sempre sereno, mar,
De que te serve essa raiva desmedida,
Se todos te respeitam
E sabem da tua valentia, mar...

José Carlos Moutinho

terça-feira, 18 de agosto de 2015

No vazio do silêncio




Olho em meu redor e encontro o vazio
no abraço do silêncio que me sussurra
palavras de acalmia, que me inspiram
nas horas caladas do tempo que não sinto…

Sou brisa colorida pela frescura da utopia
e sorrio para mim, corpo metafísico que me penso…

Sinto o bater das asas do meu pensamento
trazendo-me quimeras ajaezadas de imagens
e invento-me surreal despido de preconceitos,
viajante do mundo cinzento e entristecido
levando a minha vontade pela mudança
de que o amanhã se torne mais florido
por gestos de benevolência e humildade
fazendo dos abraços, afectos de sinceridade!

Sou o que minha alma canta em silêncio
nos momentos em que navego pela solidão,
sei que nada sou e a este mundo não pertenço,
vivo a minha inquietude, escrevendo a emoção.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Ou...talvez não!




Corre-lhe um rio de sonhos
Pelas suas veias cansadas,
Sopra-lhe uma brisa matizada
de folhas quiméricas
que lhe percorre o corpo
numa carícia de sorrisos…

Fervilha-lhe pujante a vontade
De deslizar suas palavras
sobre o papel que o aguarda
sereno em silêncio  solidário…

E as palavras afluem-lhe,
Em doce versejar
Beijadas pela fonte da sua inspiração…
E vão surgindo estrofes
Em singelos riachos de rimas,
Que escorrem em deleite
Por sulcos perfumados de metáforas…

E realizou-se o sonho do rio,
Que lhe corria pelas cansadas veias…

Fez-se escrita, fez-se prosa
Nasceu o poema!

Ou… talvez não,
E ele ainda continue a sonhar…

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Tempo estranho




 Quanto mais tempo
vou gastando do meu tempo
menos tempo me vai restando
para entender este tempo, em que vivo...

Olho em minha volta e o que vejo
é um tempo desgastado, desinteressante,
pois tudo o que antes
era um tempo de alegria e sinceridade,
agora não passa de um tempo
de conflitualidades e ambiguidades!

Confesso-me cansado deste tempo
que me consumiu a crença
de que eventualmente outro tempo
seja melhor do que este,
no pouco tempo que certamente me resta!

José Carlos Moutinho
13/8/15

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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