terça-feira, 25 de agosto de 2015

És fulgor do meu mar





Tu, com voz de rouxinol
canta melodias de amor,
quero ouvir o teu fado,
sentir-te o meu farol
que do meu mar és fulgor.

Podes não ser fadista
a mim pouco me importa
desde que eu te sinta…
Sei que és uma artista
teu cantar me conforta.

Canta-me bem baixinho
um poema de embalar
com versos de utopia…
Que tenha sabor de vinho
e letra do verbo amar.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Heróis do mar



Mar...dos meus sonhos
Onde sereno a minha alma,
Quando vagueio meus olhos
Sobre a tua imensidão luminosa
Na acalmia do teu murmurar!

Encontro em ti, na brandura das tuas ondas,
A inspiração para o meu poetar,
Faço versos das tuas melodias
Cantadas pelo teu suave marulhar!

Ah...Mar dos meus encantos,
Que tanto acalmas a minha nostalgia
Nas horas tardias da minha solidão,
Tanto me apavoras na tua brutalidade,
Quando te revoltas contra tudo e todos!

Tornas-te tormentoso e assustador,
Privas gentes do seu trabalho,
Destróis os meios de sobrevivência dos homens,
Apavoras no teu terrível gritar,
E nos amplexos sem compaixão
Com que envolves
Aqueles que labutam nas tuas águas,
Arrastando-os para o teu ventre asfixiante!

Ah...Mar és simbiose de acalmia e tormenta,
Queres pôr à prova a coragem dos homens,
E torná-los heróis,
E tantas vezes, heróis de vida perdida!

Poderias ser sempre sereno, mar,
De que te serve essa raiva desmedida,
Se todos te respeitam
E sabem da tua valentia, mar...

José Carlos Moutinho

terça-feira, 18 de agosto de 2015

No vazio do silêncio




Olho em meu redor e encontro o vazio
no abraço do silêncio que me sussurra
palavras de acalmia, que me inspiram
nas horas caladas do tempo que não sinto…

Sou brisa colorida pela frescura da utopia
e sorrio para mim, corpo metafísico que me penso…

Sinto o bater das asas do meu pensamento
trazendo-me quimeras ajaezadas de imagens
e invento-me surreal despido de preconceitos,
viajante do mundo cinzento e entristecido
levando a minha vontade pela mudança
de que o amanhã se torne mais florido
por gestos de benevolência e humildade
fazendo dos abraços, afectos de sinceridade!

Sou o que minha alma canta em silêncio
nos momentos em que navego pela solidão,
sei que nada sou e a este mundo não pertenço,
vivo a minha inquietude, escrevendo a emoção.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Ou...talvez não!




Corre-lhe um rio de sonhos
Pelas suas veias cansadas,
Sopra-lhe uma brisa matizada
de folhas quiméricas
que lhe percorre o corpo
numa carícia de sorrisos…

Fervilha-lhe pujante a vontade
De deslizar suas palavras
sobre o papel que o aguarda
sereno em silêncio  solidário…

E as palavras afluem-lhe,
Em doce versejar
Beijadas pela fonte da sua inspiração…
E vão surgindo estrofes
Em singelos riachos de rimas,
Que escorrem em deleite
Por sulcos perfumados de metáforas…

E realizou-se o sonho do rio,
Que lhe corria pelas cansadas veias…

Fez-se escrita, fez-se prosa
Nasceu o poema!

Ou… talvez não,
E ele ainda continue a sonhar…

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Tempo estranho




 Quanto mais tempo
vou gastando do meu tempo
menos tempo me vai restando
para entender este tempo, em que vivo...

Olho em minha volta e o que vejo
é um tempo desgastado, desinteressante,
pois tudo o que antes
era um tempo de alegria e sinceridade,
agora não passa de um tempo
de conflitualidades e ambiguidades!

Confesso-me cansado deste tempo
que me consumiu a crença
de que eventualmente outro tempo
seja melhor do que este,
no pouco tempo que certamente me resta!

José Carlos Moutinho
13/8/15

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Espiga do meu trigal





Oh mulher, linda espiga

Do meu trigal dourado,

És pra mim uma cantiga

Que me deixa animado

No teu olhar que me instiga.



O teu corpo trigueiro

Onde eu me navego,

Faz de mim marinheiro

Do amor que eu carrego

Por esse mundo inteiro.



Os teus negros olhos

São a luz da minha vida,

Tens nos cabelos, folhos

De beleza florida

Neste mundo de escolhos.



José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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