sábado, 6 de fevereiro de 2016

O perfume das brisas





Quando as brisas tinham outro perfume,
talvez, por que viessem de longínquas atitudes
respirava-se o ar das mariposas coloridas…

Agora, com a confusão dos ventos,
sibilando no desatino dos astros,
instalou-se a confusão nas mentes
e o desassossego dos dias!

Quando eu na quietude do meu sentir,
voava nas asas das minhas utopias
e sorria às flores por onde eu passava,
elas olhavam-me com a ternura
de quem se gosta…
Eu ficava feliz com essa manifestação
simples, como simples é a natureza,
e continuava a voar…
E voava…por que comigo, viajava a alegria
que me forçava a ir mais e mais longe,
até aonde o infinito termina,
ou, talvez, comece, quem sabe…

Já não voo, nem sequer viajo
pelos caminhos da fantasia em mim,
soçobraram-me as vontades,
esmoreceram-me os  suspiros,
murcharam os meus fulgores,
apagaram-se as minhas chamas!

Talvez um dia, retornem as brisas,
mais serenas e com novos aromas
que renovem no meu peito, as esperanças
de me rejuvenescer…
e recuperar tudo o que este tempo me levou.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Bruma do meu mar





A bruma escondia a luz daquele sol
que tentava beijar o azul do mar
e cobria o seu dorso com um lençol
não permitindo o doce navegar…

Um manto cinzento cobria as águas,
antes ondulantes e espumosas
e escondia também as minhas mágoas
nas tardes que se faziam brumosas…

Ai bruma do meu desassossego
vai-te embora e deixa o sol me abraçar,
leva-te junto a esse desapego…

Chama-me ó mar quando tu quiseres,
voltarei aqui pra contigo falar,
teu marulhar diz-me o que tu queres.

José Carlos Moutinho

domingo, 31 de janeiro de 2016

Brumas de enganos






Silencio o meu sentir desolado
nas marés de agitadas palavras
trazidas de horizontes perdidos
e soterradas nas areias pasmadas
pelas espumas negras da presunção!

Esvoaçam maresias brumosas
por entre intenções distorcidas
que se colam às mentes perversas
e voam como abutres
em voo picado, mordendo a sensibilidade
de quem ousa ser diferente
nesse mar de enganos!

Inesperadamente…
No meu pensamento desponta o sol
que serenamente me acalma
e me faz navegar por outro mar,
onde as marés se fazem melodias
e me fazem esquecer as brumas…
…as intoleráveis brumas do preconceito…

E sorrio-me ao lembrar-me que tudo é efémero
e as marés irão morrer nas areias
embrulhadas na espuma da inglória!

E penso-me navegante privilegiado,
por velejar em mares amenos
com marés puras e cristalinas.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Desistirei de ter saudades



Tenho saudades,
saudades de um tempo recente,
tão recente que ainda consigo tocar
com as pontas dos meus dedos
nos braços que se faziam abraços
e ainda sinto o perfume dos sorrisos
nas tardes de sons poéticos
e nas noites de suspiros de poesia…

Tenho saudades de coisas tão simples
como as conversas banais das tertúlias,
onde descontraídos, dizíamos não sermos poetas
e nem sabíamos dizer os poemas,
mas sabíamos…isso sabíamos
que a amizade estava presente
em cada falha na palavra dita erradamente
por que no final todos ríamos
e ríamos sem hipocrisia
muito menos com cinismo,
pois o mais importante era o convívio
sem preconceitos, nem complexos…

Tenho saudades
da brisa que nos afagava o ego de poeta,
saudades de um tempo que certamente não volta
por que foi levado para longe
fustigado por vendavais intempestivos
vindos da obscuridade
esmorecendo a solidária luz
daquelas outras noites enluaradas…

…Quero acreditar que esses ventos conflituantes
sejam passageiros…

Tenho saudades
dos momentos alegres, dos sorrisos
e dos abraços…
Tenho saudades daquele tempo recente,
tão recente que tenho a certeza de que voltará,
por que se não voltar,
se não voltar…
Eu desistirei de ter saudades!

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

Ver esta publicação no Instagram

Live Planeta Azul Editora

Uma publicação partilhada por Planeta Azul Editora (@planetazuleditora) a