sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Bruma do meu mar





A bruma escondia a luz daquele sol
que tentava beijar o azul do mar
e cobria o seu dorso com um lençol
não permitindo o doce navegar…

Um manto cinzento cobria as águas,
antes ondulantes e espumosas
e escondia também as minhas mágoas
nas tardes que se faziam brumosas…

Ai bruma do meu desassossego
vai-te embora e deixa o sol me abraçar,
leva-te junto a esse desapego…

Chama-me ó mar quando tu quiseres,
voltarei aqui pra contigo falar,
teu marulhar diz-me o que tu queres.

José Carlos Moutinho

domingo, 31 de janeiro de 2016

Brumas de enganos






Silencio o meu sentir desolado
nas marés de agitadas palavras
trazidas de horizontes perdidos
e soterradas nas areias pasmadas
pelas espumas negras da presunção!

Esvoaçam maresias brumosas
por entre intenções distorcidas
que se colam às mentes perversas
e voam como abutres
em voo picado, mordendo a sensibilidade
de quem ousa ser diferente
nesse mar de enganos!

Inesperadamente…
No meu pensamento desponta o sol
que serenamente me acalma
e me faz navegar por outro mar,
onde as marés se fazem melodias
e me fazem esquecer as brumas…
…as intoleráveis brumas do preconceito…

E sorrio-me ao lembrar-me que tudo é efémero
e as marés irão morrer nas areias
embrulhadas na espuma da inglória!

E penso-me navegante privilegiado,
por velejar em mares amenos
com marés puras e cristalinas.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Desistirei de ter saudades



Tenho saudades,
saudades de um tempo recente,
tão recente que ainda consigo tocar
com as pontas dos meus dedos
nos braços que se faziam abraços
e ainda sinto o perfume dos sorrisos
nas tardes de sons poéticos
e nas noites de suspiros de poesia…

Tenho saudades de coisas tão simples
como as conversas banais das tertúlias,
onde descontraídos, dizíamos não sermos poetas
e nem sabíamos dizer os poemas,
mas sabíamos…isso sabíamos
que a amizade estava presente
em cada falha na palavra dita erradamente
por que no final todos ríamos
e ríamos sem hipocrisia
muito menos com cinismo,
pois o mais importante era o convívio
sem preconceitos, nem complexos…

Tenho saudades
da brisa que nos afagava o ego de poeta,
saudades de um tempo que certamente não volta
por que foi levado para longe
fustigado por vendavais intempestivos
vindos da obscuridade
esmorecendo a solidária luz
daquelas outras noites enluaradas…

…Quero acreditar que esses ventos conflituantes
sejam passageiros…

Tenho saudades
dos momentos alegres, dos sorrisos
e dos abraços…
Tenho saudades daquele tempo recente,
tão recente que tenho a certeza de que voltará,
por que se não voltar,
se não voltar…
Eu desistirei de ter saudades!

José Carlos Moutinho

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Perdi





Perdi as palavras
Sim! As palavras do meu sentir,
desencontrei-me das letras
na estrada da escrita
e agora vagueio cambaleante
por caminhos de retalhos
onde, devagar as palavras se soltam
por entre suspiros de pássaros,
no intervalo do seu chilrear
enquanto as gotas do orvalho
encharcam a minha débil vontade,
deixo-me levar pela brisa fria
despertando da minha letargia poética…
Aventuro-me pelos meus anseios
indo ao encontro da emoção
que julgo contida nas palavras que perdi,
com esperança de que se façam poema
ou, talvez, simples prosa
engalanadas com a ilusão do meu sonhar
e me permita voar pelas utopias da vida…
Se não as encontrar
ah...se não as encontrar fechar-me-ei
na minha desilusão
e deixar-me-ei sucumbir
aos soluços do meu fracasso

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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