Os dias empalidecem nos
suspiros do entardecer,
Voam secos os ventos
soprados pelo desatino,
O sol esconde-se nas mágoas
do atroz viver
No horizonte, a linha traça qualquer
destino.
Sobre o mar encrespado pelas
ondas da vida
Espargem maresias dos
instantes perdidos
Temperando com dureza a
saudade sentida
De quando as marés eram
sorrisos sentidos.
Mas os mares em permanente
marulhar
Inventam versos das
profundas entranhas
Em canções de coragem a quem
o navegar
Com velas hasteadas ou por
forças estranhas.
Tal como este navegar por
mar desconhecido
É o longo caminhar pelas
estradas castigadas
E acinzentadas, por ruelas e
becos sem sentido
Quando do desejar nascem
recusas soluçadas.
Talvez, quando a alvorada
despertar o amanhecer
Traga a luz da esperança que
ilumine a amargura
Que durante a noite se acoitou
na escuridão do sofrer,
Acabe com a infelicidade e
dê à vida mais brandura.
José Carlos Moutinho
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