Caía a tarde,
cedendo a vez ao crepúsculo,
apesar da chuva que caía,
teimosa e serenamente,
podia-se apreciar a beleza do entardecer!
A estrada,
estreita como artéria do fluido da vida,
corria pelas veias da montanha,
e evoluía serpenteando
pelas suas entranhas, sempre a subir,
passando por entre florestas,
e vinhas matizadas pelo Outono,
e árvores queimadas
pelos recentes incêndios!
Estreita e persistente,a estrada subia,
parecendo não ter fim...
As nuvens aproximavam-se,
o céu apresentava-se ainda mais azul,
quase se podiam tocar as estrelas,
que, corajosamente, espreitavam,
naquela quase noite de ascensão
pelas encostas da grandiosa montanha!
Eram curvas e contra curvas
onde só um carro podia ganhar caminho,
lá em baixo, já se viam as primeiras luzes
que se podiam apreciar de uma altitude
que se ia tornando abissal,
enquanto o automóvel,
indiferente, galgava os metros daquela estrada
estreita e sinuosa!
O porto de abrigo não surgia,
e a escuridão acentuava-se,
eis, quando, finalmente,
na curva do improvável
deparamos com um portão verde
que denunciava esconder algo de fascinante!
Abriu-se o portão,
entrámos, por entre a escuridão
e os pingos irritantes da chuva,
e quando se fez luz,
encontrámos o encanto de uma bela casa,
que nos iria acolher
naquele fim de semana,
onde os nossos amigos anfitriões
nos receberam de alma e coração,
proporcionando-nos momentos
que nos ficarão gravados no coração
e na memória,
enquanto o nosso respirar for perene!
Ficámos dois dias mais perto do Céu,
pareceu-me até, ver sorrisos de Anjos
e um acenar carinhoso de Deus.
José Carlos Moutinho
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