um momento de desânimo
uma vontade de desistência
uma inquietude e uma desilusão...
Há sempre um instante em que o nosso querer
se esmorece e se perde entre a bruma da incompreensão...
ainda que uma força interior nos diga para navegar
a nossa canoa balança, insegura,
ao sabor do descontentamento...
embora tantas, fossem as vezes
em que a viagem foi conseguida com sucesso,
apesar do sobressalto das marés bravias e tempestades,
sempre o porto de abrigo foi alcançado,
um porto iluminado, onde se descansava o corpo
e relaxavam os pensamentos da mente exausta, mas feliz…
Porém, as tempestades aumentaram,
a navegação tornou-se mais difícil,
a canoa mal se sustenta sobre as ondas da incerteza
e da deslealdade, o que leva a pensar em desistir de remar
contramarés adversas e desleais…
Desistir por falta de forças para enfrentar este mar em desalinho,
que de repente, tão de repente, surgiu entre ilusões e hipocrisias
e tornou estas águas antes serenas,
em furações de promessas e irrealidades
que, certamente, leva ao afundamento da coerência e racionalidade?!
José Carlos Moutinho
intemporal
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