Acabei de ler um texto de desabafo de um amigo, que corajosamente lançou o seu livro, onde depositou muitas das suas ilusões e anseios.
Dizia ele, que, de tantas pessoas que lhe desejam sucesso, a maioria jamais lhe comprou o livro (como eu o entendo).
Outros, não estiveram no lançamento, por razões que só eles saberão, mas que, certamente, não seriam impeditivas de estarem com o amigo, num dia, para ele, muito especial.
Então, o amigo a que me refiro, poeta de sonhos, que depositou naquele livro a concretização dos seus desejos, ficou, aliás, ESTÁ, frustrado por não sentir da parte de quem ele pensava poder contar, ignorar por completo o seu pedido para que adquiram o livrinho das suas esperanças.
Tudo mudou desde há uns bons 5 anos. Antes, quando os autores eram poucos e as editoras menos ainda, as “coisas” corriam bem, para quem tinha coragem de publicar um livro. Além de não ser barata a sua edição, havia sempre o receio de navegar nesse mar desconhecido da literatura. Mas, em boa verdade, navegava-se tranquilamente e com sucesso.
Toda a gente escreve, muitos são poetas, tantos mais são escritores. A acompanhar este ritmo de crescimento, talvez, nem sempre de qualidade, surgiram editoras, como trovões em dias de temporal.
Instalou-se o caos. Creio que já ninguém conseguirá obter os resultados dos seus sonhos (falo por mim, com 15 livros publicados) por isso o desânimo daquele amigo que acima menciono e com o qual eu partilho a sua desilusão.
Há duas maneiras de contornar este problema:
Uma, ser resiliente e continuar neste viajar por céus de dificuldade, tentando a proeza de cada vez voar mais alto…
Outra, desistir deste caos em que a literatura se entregou. (Não aconselho)
Temos de ter o discernimento de que somos um país pequeno, que não lê, e que, economicamente, não é abonado.
Creio que, terá de haver alguma revolução, que controle toda esta loucura de publicação de livros. NÃO HÁ GENTE PARA OS COMPRAR, especialmente de poesia, embora sejamos um povo de poetas. Pura utopia!
Desculpem esta minha opinião, mas tocou-me profundamente, a frustração do poeta, que me levou a este texto.
Também eu, admito humildemente, sinto-me bastante frustrado!
José Carlos Moutinho
1/10/2023
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