sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

 

Aquela porta
Aquela porta esteve tanto tempo fechada
que ao abri-la, ouvi-a chorar as suas dores
com um profundo lamento de alma cansada,
ausência da luz solar e do perfume das flores
que se perderam no tempo de vida passada
Ao entrar na sala escurecida pela solidão
escutei o silêncio vazio que amedrontava,
seria pela ansiedade ou talvez pela emoção
que me levava a descobrir o que eu desejava
encontrar numa casa fechada pela escuridão
Escancarei de par em par as janelas de madeira
pintadas de vermelho amadurecido pelo tempo,
agora com luz por toda a casa, melhor maneira
de procurar o que eu tinha no meu pensamento,
vasculhei tudo calmamente, parecia brincadeira
Móveis muito antigos, papeis velhos, amarelecidos
espalhados pelo chão frio esquecido das horas,
havia também louças pintadas por desconhecidos,
tapetes e alcatifas bordados com cores de amoras,
castigados pela idade que os deixara assim polidos
Eu pensava encontrar coisas misteriosas de assustar
ao entrar naquela casa de porta há muito fechada,
porém, com pena minha nada consegui encontrar,
percorri a sala, os quartos, cozinha e toda a fachada,
sai dali, totalmente frustrado, jurei não mais lá voltar
José Carlos Moutinho



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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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