invento tardes solarengas
em dias de nostalgia,
e com os pensamentos em ebulição
construo castelos de nada,
crio rios de águas paradas e invisíveis,
pinto nuvens escondidas pelas montanhas
e imagino um mar imenso que,
numa estonteante miragem
se agita aos meus olhos
em ondulantes cavalgadas
sobre o dorso cintilante
daquele mar que eu imaginei,
mas que, certamente, nem existe,
e quando me sentir cansado
e saciado pela criação das minhas obras,
caminharei de pés descalços,
pela espuma da saudade
ao encontro do desconhecido
até me perder em novos pensamentos,
sob o luar que vai chegando,
e ao qual permito criar uma imagem de mim
reflectida nas areias
da minha praia imaginada
José Carlos Moutinho
Portugal
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