neste tempo louco de agora
trazem-nos uma lufada de fresca brisa
que alimenta a saudade dos corações
e, quiçá, acalme os espíritos cansados
pela panóplia de contrariedades e vícios
transeuntes de uma vivência castigada
dos tempos que se vão vivendo
Sentimentos escondidos em becos de breu
a verdade a cair das escancaradas janelas da mentira
o moral obscuro e perturbado pela hipocrisia
Há um absoluto desequilíbrio
entre o ser e o ter
as mãos crispam-se descontroladas e agressoras
Os braços perderam a capacidade de abraçar
as palavras fáceis de pronunciar pela gentileza
tornaram-se vulcões de impropérios e desatinos
Quase tudo se metamorfoseou neste planeta
o mal tomou preponderância perante o bem
o sorriso fechou-se em escárnio e provocação
…não está, ainda, muito longe
um outro tempo onde imperava a dignidade
e o de bem querer ao seu semelhante
e de saber respeitar para ser respeitado
de amar para ser, simplesmente, amado
de dar, sem se preocupar em receber
de viver com a consciência serena
e receber a chegada de cada aurora
com a esperança feliz de mais um dia de vida
José Carlos Moutinho
26/5/2025
Portugal
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