quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Devaneando





As tuas mãos acariciam-me como a espuma
Das ondas que beijam areias da minha praia,
Na tua doce entrega que afasta a bruma,
Surges-me fascinante em vestido de cambraia!

Pareces-me ilusão vinda do horizonte,
Que se desfaz no beijo que me dás com emoção,
Levas-me em êxtase pelos ventos da paixão,
Voarei feliz, sorrindo sobre rio, mar e monte!

Abraçarei nuvens brancas da felicidade,
Os astros serão meus companheiros de viagem
Pelos sublimes caminhos da eternidade...

De mãos dadas, faremos do luar que nos afaga
Manto, que nos cobrirá pelos jardins da vida
De fragrâncias que à nossa alma embriaga!

José Carlos Moutinho

Minha Pátria





És o chão que eu piso,
sob o sol que me aquece,
nas manhãs da minha tristeza
ou nas tardes da minha alegria!
Devias ser o chão que me alimentasse,
mas escasseias pela tua incapacidade
de produzir o essencial!

Pátria minha, meu orgulho ferido,
és o mar imenso que me abraça
e me dá alento na maresia
da minha saudade,
de outros tempos, Pátria,
em que tu, bem mais pobre,
tinhas um chão rico de trigo,
pão nosso de cada dia
e eras esse mar cavado,
de duras fainas para sustento dos privilegiados!

Ah...Pátria do tempo da ignorância,
negavas educação ao povo,
preferias que fôssemos cobaias
pela demência de um ditador
que tudo nos tirava e pouco nos dava,
“éramos pobres e muito honrados”
sarcástica ironia de mentes perversas!

Mas agora, Pátria minha,
muito menos nos dás, com tanto que tens
que só a alguns pertence,
tiras  a casa e o pão da nossa vida sacrificada,
tornas-nos mendigos, de saúde precária!
Tu, Pátria de desgraçados,
que abandonas os teus filhos,
como sempre fizeste em toda a tua História!
Como eu gostaria de abrir a minha alma,
dizer-te que me sinto honrado
pelo meu patriotismo...
Mas só me resta desesperança pelo teu futuro.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Ilusão da felicidade





Quando as tardes se escondem lá longe,
a noite toma seu lugar, apaga o sol,
traz-me memórias, que minh,alma esconde,
meu coração em alerta como farol!

Foram momentos levados pelo vento,
que a saudade teima em recordar,
ainda que os minutos parem no tempo,
o passado jamais terá como voltar!

Ah... Queria eu recomeçar novamente,
Reviver o bom que eu tive na vida,
Abraçar a mulher de amor ardente!

Levo-me assim, pela serenidade
Que me oferece a noite de luar,
suspiro ilusão da felicidade!

José Carlos Moutinho

domingo, 21 de outubro de 2012

Nas asas dos sonhos





Quisera eu poder voar nas asas dos sonhos,
sobrevoar montanhas e colher pétalas de ilusões,
caminhar por campos de emoções,
coloridos pelas quimeras,
acolher o sol que me penetrasse na alma
e voar sem fim, por entre nuvens brancas de paz!
Pousar o meu olhar nas estrelas, agora apagadas
pelo descanso que lhes é dado pelo dia,
esperar pela noite que viesse a mim, suave
e com a sua luz, iluminasse o meu coração!
Fazer o mundo parar em nostalgia,
tornar reais todas as alegrias
que a minha memória retém em saudade!
Quisera eu não despertar deste sonho,
que invade o meu sentir extasiado,
esquecer que a realidade é diversa,
das utopias que a minha mente inventa!
E...para frustração do meu querer,
acordo desta viagem encantada,
onde me perdi em anseio terminado.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Caminho pelo Outono





Este outono do meu presente,
onde mergulho nos cheiros de folhas secas,
aspiro fragrâncias deste tempo
que se vai fazendo passado,
pelos ramos quebrados das mágoas da vida!
Caminho por alcatifas de matizadas folhas,
que o verão foi ressequindo na ansiedade do futuro,
levo-me por entre sombras de árvores carcomidas,
em busca de emoções novas!

Admiro fascinado os leitos de folhagem
que se fazem chão,
salpicados por suaves verdes
dos rebentos que se pensam perenes!
Nos ramos equilibram-se gotas de chuva,
que me molham o rosto,
como carícia de lágrima deslizante!

Absorvo todo este cenário
com deleitada serenidade,
guardando na minha memória
tudo o que os meus olhos retêm,
antes que o inverno chegue
com os seus frios instantes,
de cinzentos dias de desânimo...

Penso na poesia que a primavera
me trará, no deslumbramento
das suas cores renascidas.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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