Quando o entardecer da
minha vida
se aproximar do final
da minha estrada,
quero partir abraçado
aos versos do último poema
que eu tenha estado a pintar
com derradeiras palavras…
e, se o tempo não me der
a oportunidade de o completar,
peço aos amigos que,
eventualmente,
estejam junto de mim, que
o façam
e o leiam depois, para
que eu o sinta,
no calor da vossa
presença,
apesar da minha
imobilidade física
estarei presente em
pensamento!
Acredito sinceramente
que irei encontrar por lá,
pelo infinito desconhecido,
alguma outra tertúlia,
onde, talvez, a poesia
seja entendida
de uma forma mais
simples,
sem protagonistas
privilegiados,
sem classes sociais,
sem nenhuma exposição
favorecida,
todos serão iguais,
onde somente se diferenciará a qualidade
porque essa será
sempre inquestionável,
tanto na Terra,
como no Além.
José Carlos Moutinho