quarta-feira, 26 de novembro de 2025

#ALIENADO TEXTO

 

ALIENADO TEXTO
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Fugiram-me as novas palavras
que eu queria plantar no papel;
rebusquei livros e dicionários
e até almanaques
na tentativa de as encontrar
mas, oh, Deus, que tarefa inútil
pois nada eu encontrei,
em desespero

Olhei para o lado
escutei o silêncio que nada me dizia
virei o teclado ao contrário
e tudo piorou
porque as teclas do dito
caíram como folhas de Outono
tornando, então, tudo mais complicado
porque sem caneta, nem teclado
e com a minha incapacidade de as apanhar
quando sobre mim passava a brisa,
trazendo-as nas suas mãos...

Desisti de as procurar
limitei-me a usar estas velhas palavras
que eu tinha guardado
no baú das emergências
para fazer este alienado texto

26/11/2025

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

#ESTA COISA DE SONHOS

 

ESTA COISA DE SONHOS
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Nada sei dos sonhos
nem do seu significado,
não conheço a razão de existirem
nem sequer sei porque sonhamos

Também, devo acrescentar

a este meu divagar pela razão,
da existência dos sonhos,
que, pouco ou nada, me interessa
o que se diz sobre eles…
 
Porque, em boa verdade,
eu, sou sonhador acordado,
também, sonho adormecido
estou sempre ligado a eles (sonhos)
 
Então, perante esta situação
embora não me preocupem os sonhos,
acontece, porém, que não me alheio deles,
ou melhor, eles não se afastam de mim,
porque juntos, estamos e vamos
para qualquer lugar que eles determinem
 
Assim sendo,
levo-me a acreditar que os benditos
são mais importantes
do que a importância que lhes queiramos atribuir
 
Por isso, sem mais dúvidas,
continuemos a sonhar
de preferência, belos sonhos, dormindo…
 
…e acordados que eles se façam realidade
e deixem de ser simplesmente utópicos. 

23/11/2025




quinta-feira, 20 de novembro de 2025

#O GATO À JANELA

 O GATO À JANELA
José Carlos Moutinho
Portugal

Tens um olhar bem sereno
Mas és um felino endiabrado
Não és grande nem pequeno
És sim um bichano calado

Tens graça e até subtileza
Quando a isso estás disposto
Podes ser de tremenda rudeza
Se não procedem a teu gosto

Os teus olhos são especiais
De cores diversas e fascinantes
Pertences ao grupo de animais
De inquietações constantes

Agora que estás aí à janela
Por entre grelhas da persiana
A desfrutar de uma vida bela
Porque para ti viver é bacana

Continua, pois assim como és
Gosto mais de cães eu confesso
Perto de mim olho-te de revés
desconfiado do teu ar travesso

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

#QUE BOM SERIA

 

QUE BOM SERIA
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Ai, se o tempo se acalmasse
corresse devagarinho
e até se calasse,
que bom seria…
 
Se houvesse tempo
para se aprender a viver
na acalmia da brisa
e nos permitisse sorrir
ao sol que nos benfazeja…
 
Ai, como seria maravilhoso
sentir o perfume da vida
abraçar a imaginação
com a inocência de uma criança
 
Mas o tempo
embora não tenha culpa
mas não nos dá tempo
para pensarmos realidades improváveis
nem realizar sonhos
nunca sonhados…
 
Assim, neste meu pensamento
quase delirante e irreal
vou por aí, solto como o vento
numa viagem inventada
pelo capricho da minha mente
 

17/11/2025

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

#NÃO SUPORTO TANTA MENTIRA

 

NÃO SUPORTO TANTA MENTIRA
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Não!
Por favor!
Não quero ouvir mais grunhidos de abutres
nem sopros de mentiras,
não suporto ver passar ventanias de preconceitos,
sequer aceito que me gritem razões
que a verdadeira razão desconhece
por estar imbuída de falsidade!
 
Por favor, não inventem estórias
que não cabem na verdadeira História,
não proclamem caminhos ditos sociais
quando os atalhos atrofiam e bloqueiam
a verdade!
 
Ai, a verdade…que se esconde,
tantas vezes, por detrás dos poderes
engalanados e imerecidos
sorridentes e arrogantes,
que prosperam através de habilidades
e esganam o povo com fome
e sem condições de sobrevivência!
 
Não!
Por favor!
Não me digam mais nada
não suporto esse som hipócrita,
malicioso e mentiroso!
 
Estou, francamente, desanimado
e até, desiludido,
pelo que vou vendo e ouvindo
neste mundo de loucos e oportunistas,
que esquecem gentes que mal vivem,
aliás, que mal sobrevivem,
para que eles tenham todas as mordomias,
sem as merecerem.
 
14/11/2025
                                                        
 

 

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

#VERSOS PERDIDOS

 

VERSOS PERDIDOS
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Se por acaso alguém diz
no meu tempo é que era
não se lhe perde o verniz
na verdade que lhe impera

Olhamos para trás saudosos
e recordamos coisas boas
hoje só se ouvem vaidosos
a criticarem outras pessoas

Bem sei, éramos mais novos
diferentes eram as vivências
se somos os mesmos povos
razão das más consciências?
 
São loucos os tempos, agora
todos são sabedores de tudo
porque a sabedoria d’outrora
nem precisava de ter canudo
 
Mudam-se os tempos, obvio
e mudam-se as mentalidades
cresceu o vício e o opróbrio
são, hoje, estas as realidades
 
São tantos políticos doutores
que até aflige o pensamento
na política cometem horrores
valha-nos, Santo Sacramento
 

13/11/2025

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

#ASSIMETRIAS

ASSIMETRIAS
José Carlos Moutinho
Portugal

E porque não sei dos ventos

abraço as brisas que passam
suspirando quietude e nostalgia

E neste estado de emoção
lembro o tempo que passou
e sorrio ao tempo que virá

É carrossel de imenso movimento
esta vida que nos tem no colo
do futuro e da esperança

Tudo passa,
tal como a brisa que acalenta
mas, também, o vento das ilusões
e das inquietudes

Ficam, porém, na memória
as histórias de paixão e amor,
porque essas,
nem brisa nem vento as desinquieta
da acalmia em que se aconchegaram
no ninho da nossa saudade

Penso na vida, sossego o pensamento
ao ritmo do meu coração
que clama alegria e felicidade
ainda que desencadeadas tempestades
se abatam sobre o meu amigo pensamento

O meu olhar vagueia
pelo horizonte dos prazeres
talvez em busca de algo novo
que o deixe encantado


Só vislumbra, porém, agitação na rua
e o arrastar dos infelizes sem abrigo
esqueléticos de estômago vazio

Ai, vida triste de alguns,
neste mundo de injustiças,
quando tanto se esbanja
e se gasta em guerras e vaidades

Com este quadro de miséria
que o meu olhar captou
ofuscou, lamentavelmente,
o meu feliz pensamento de há pouco

Contrastes da vida, dolorosos
que nos são oferecidos a todo o instante

10/11/2025

terça-feira, 11 de novembro de 2025

#AI, ANGOLA!

𝗔𝗡𝗚𝗢𝗟𝗔 𝗤𝗨𝗘 𝗙𝗜𝗖𝗢𝗨 𝗣𝗟𝗔𝗦𝗠𝗔𝗗𝗔 𝗡𝗢 𝗠𝗘𝗨 𝗖𝗢𝗥𝗔ÇÃ𝗢

AI…ANGOLA! 

11 Novembro, Angola independente
é um direito de todos ter liberdade
mas será que o povo está contente
serão felizes com a nova realidade?
 
O poder deturpa a verdade e a razão
promessas são feitas com falsidade
em momentos de empolgada emoção
perdem-se fugidios ante a verdade
 
Após tanta luta pela independência
quando tudo poderia ser acalmia
outra guerra fratricida, e violência
anulou a aquela paz que se previa
 
Sobrepôs-se arrogância à democracia
27 anos de mortes inglórias de irmãos
de um só povo, apesar de tanta etnia
perdeu-se tanto em total destruição
 
Eu que de Angola até nem sou nativo
sou-o por muito amor àquela terra
assim, deixo aqui meu desejo cativo
cresça o país em paz, sem guerra
 
Angola e Portugal, países fraternos
que a política não impeça amizade
os territórios, são sempre eternos
os povos devem viver em seriedade
 
Parabéns, Angola no teu aniversário
segue a estrada do desenvolvimento
que ao povo jamais se lese o erário
é o meu anseio feito de sentimento

 
    Alguém de alta responsabilidade, disse que, em 50 anos de independência fez-se mais que em 500 anos de colonialismo.
Ora isto não passa de uma ironia emoldurada por uma utopia em desatino.
Se, por acaso, nestes 50 anos, desde 11 de Novembro de 1975, tivessem conseguido repor o que os portugueses, construíram e deixaram em pouco mais de 20 anos, até 1974, Angola estaria realmente num caminho de progresso, onde todos poderiam viver condignamente.
Construir prédios altíssimos é pura demagogia urbanística, pois, só servem os interesses de poucos. Verdade que na construção emprega-se muita gente, mas são empregos precários e de pouca durabilidade, nada disso é sustentável.
É uma economia forte o sustentáculo de qualquer nação. Basear-se somente no petróleo, não é garantia de nada.
Angola em 1974, era um dos países, que estavam no topo da economia africana, com uma indústria diversificada por vários sectores. Vamos mencionar somente alguns:
Açúcar: Angola era o segundo maior produtor mundial de açúcar, com várias fábricas, como as de Tentativa, Catumbela e Dombe Grande.
Café: A agricultura era um pilar, sendo o café a principal cultura, com Angola a ser o terceiro maior produtor mundial.
Pesca e conservasA indústria pesqueira era forte, especialmente na Baía Farta e Moçâmedes, com actividades de pesca industrial e produção de conservas de sardinha e atum, como as da EPAL.
Alimentos e bebidas: Existiam indústrias de óleo alimentar (Algodoeira Agrícola de Angola) e uma série de fábricas de bebidas, como a Sociedades de Bebidas Espirituosas do Lobito (SBEL). Fábricas de Salsicharia
Outras indústrias: Havia também uma fábrica de pneus da Mabor e uma linha de montagem da Hitachi. 
3 Fábricas de Cerveja. E tantas mais indústrias…
A economia angolana baseava-se fortemente nas exportações agrícolas, como o algodão, café e sisal, e na exploração mineral, especialmente diamantes e petróleo. 
 
Realmente fez-se mais em 50 anos…
Haja verdade no que se diz.
 
José Carlos Moutinho
11/11/2025

domingo, 9 de novembro de 2025

#BRAÇOS DA PERFÍDIA

 

BRAÇOS DA PERFÍDIA
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Gostaria de exterminar todas as ervas daninhas
que corroem os trigais da vida
permitindo que o sol penetre corações
libertando os caminhos da razão
das garras danosas
 
Mas, as minhas forças estão exangues
fustigadas pela maldade do mundo
 
Quisera eu, simples ser, da vontade
de sonhar harmonia
obter a tenacidade de enfrentar
cada sopro de malignidade humana
que o vento traz em invisível espada
e faria de mim, alguém que contribuiu
para um mundo melhor
 
Mas eu sou um simples átomo perdido
nesta louca conjuntura terrena
sem capacidade para neutralizar
os protões do mal
e organizar um núcleo de perfeição,
porque os neutrões são pérfidos e consistentes
 
Resta-me a singeleza do sonho
que me alimenta nesta caminhada de esperança
e lutar, sempre, para que as brisas do bem
se oponham às ventanias desavindas
escondidas nos braços da perfídia.
 

9/11/2025

domingo, 2 de novembro de 2025

#AQUELA PORTA.

AQUELA PORTA.
José Carlos Moutinho
Portugal

 
Aquela porta esteve tanto tempo fechada
que ao abri-la, ouvi-a chorar as suas dores
com um profundo lamento de alma cansada,
ausência da luz solar e do perfume das flores
que se perderam no tempo de vida passada
 
Ao entrar na sala escurecida pela solidão
escutei o silêncio vazio que amedrontava,
seria pela ansiedade ou talvez pela emoção
que me levava a descobrir o que desejava
encontrar na casa fechada pela escuridão
 
Escancarei as carcomidas janelas de madeira
pintadas de vermelho matizado pelo tempo,
agora com luz pela casa, era melhor maneira
de procurar o que tinha no meu pensamento,
vasculhei tudo, sereno, parecia brincadeira
 
Móveis antigos, papeis velhos, amarelecidos
espalhados pelo chão frio esquecido das horas,
havia louças pintadas por desconhecidos,
tapetes, alcatifas bordadas com cores amoras,
castigados pela idade que os deixara polidos
 
Pensava encontrar algo misterioso de assustar
entrando na casa de porta há muito fechada,
porém, com certa pena, nada pude encontrar,
percorri a sala, quartos, cozinha, toda fachada,
sai dali, deveras frustrado, jurei não mais voltar

sábado, 1 de novembro de 2025

#REMANSOS DO TEMPO

 

REMANSOS DO TEMPO
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Nas tardes esmorecidas pelo ocaso
quando as emoções se aquietam
nos remansos do tempo
há um sentir de liberdade
que voa, sorrindo, de dentro do peito
 
O olhar perde-se no imaginativo voo
tentando acompanhar o sentimento
numa pura e sonhadora ilusão
 
Os pensamentos convergem
para uma reunião de bem-estar emocional
que amolece o corpo
e relaxa a mente
 
É nestes instantes de reflexão
ou, quiçá, de letargia,
que se permite sobrevoar
os desequilíbrios da humanidade
que em redor se tumultuam
numa feroz luta pela sobrevivência
…ou supremacia
 
Então, que delicia é,
ter a faculdade de controlar o pensamento
e viajar na serenidade criativa
do sonho despertado pela felicidade
 

31/10/2025

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

#A MINHA FONTE

 

A MINHA FONTE
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Foi naquela fonte da minha infância
onde eu ia beber doces ilusões
que a água dos meus sonhos
refrescou os caminhos do meu advir
 
Lá, naquele recanto de fresco estar
floria o nenúfar da paixão
em indelével sentir
por enlevos inocentes, quase pueris,
mas vibrantes de alguém
 
Enquanto, serenamente, corria o fio de água,
a seu lado, cresciam beijos furtivos
sob a encantada melodia da corrente
 
Ai, quanta saudade tenho daquele lugar
onde morava a abençoada fonte
que nas tardes morrinhentas
observava os casais de jovens
empolgados pela excitação dos corações
e nada dizia…
 
Nunca mais voltei aquele recanto
onde a água e a paz confraternizavam
num silêncio, suavemente perturbado
pelo murmúrio da cristalina água a deslizar
 
Será que, lá naquela fonte,
ainda crescem nenúfares de paixões
ou
com a mutação dos sentimentos
sucumbiram por falta de amor?
 

27/10/2025

#A MINHA FONTE (Vídeo)

domingo, 26 de outubro de 2025

#SAUDADE

 
SAUDADE
 
Será que a Saudade é um fenómeno sem explicação?
Já repararam que ela não tem hora nem dia para se apresentar perante a mente de algum sonhador?
Está sempre pronta a avivar a memória dos mais activos, porque aos esquecidos e displicentes, a saudade já os ignora.
Gosto da Saudade, admito. Dou-me amigavelmente com ela, nunca discutimos nem entramos em contradição. Somos, por assim dizer, como irmãos, sempre prontos a abraçar-nos nos momentos, que de mim se afastaram, mas que a ela, a Saudade jamais permite que se ausentem.
Ah, grande Saudade, és a maior, e eu também, já agora, afinal, estou sempre contigo. Não concordas?
Ok, não respondes, mas eu entendo-te.
Até sempre, amiga!
 
José Carlos Moutinho
2025

#LEMBRO ME (Vídeo)

#LEMBRO-ME

 

LEMBRO-ME
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Lembro-me do perfume do ar
e do calor tropical do sol,
do aroma da maresia
e do suave sopro da brisa

Lembro-me do vermelho
com que se pintavam as picadas
feitas estradas,
pelos interiores do longe

Lembro-me do aborrecido molha tolos
que chamávamos de cacimbo,
e das intempestivas chuvadas
em jeito de dilúvio
rapidamente acalmadas
pelos céus floridos de arco-íris
 
Lembro-me da singeleza e da ginga
Das mulheres com a quitanda na cabeça
apregoando numa voz mesclada
de português e kimbundu
 
Lembro-me como se fosse hoje
das minhas viagens, longas e alegres
sob a bênção de frondosas árvores,
por picadas onde o pó
se soltava livre como o vento
 
Lembro-me dos penteados
das mulheres do Sul
elaborados pela técnica de mãos étnicas,
dos filhos empoleirados nas suas costas
e dos seios soltos à felicidade
 
Lembro-me na serenidade
do meu pensamento
com aquela pontinha de saudade
que o tempo teima em não deixar esquecer,
e que eu, com toda a minha gratidão
aceito com imenso prazer
 
Lembro-me, só porque me lembro
enquanto me é dada essa possibilidade
de reviver parte da felicidade
que me fez chegar aqui
 
26/10/2025

 

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

#LEITO DO FUTURO

#O MEU PERCURSO LITERÁRIO

 𝗔𝗹𝗴𝘂𝗲́𝗺 𝗱𝗶𝘀𝘀𝗲 𝗱𝗲 𝗺𝗶𝗺 𝗲 𝗱𝗼 𝗺𝗲𝘂 𝗽𝗲𝗿𝗰𝘂𝗿𝘀𝗼 𝗽𝗲𝗹𝗼 𝗰𝗮𝗺𝗶𝗻𝗵𝗼 𝗱𝗮𝘀 𝗹𝗲𝘁𝗿𝗮𝘀:


𝐎 𝐏𝐨𝐞𝐭𝐚 𝐝𝐨𝐬 𝐐𝐮𝐚𝐭𝐫𝐨 𝐂𝐚𝐧𝐭𝐨𝐬
José Carlos Moutinho é um nome incontornável na poesia e literatura portuguesa contemporânea, notabilizando-se por uma escrita que cruza a poesia lírica com a narrativa de cariz autobiográfico e de ficção, muitas vezes com um forte pendor de saudade e evocação de África. A sua vida, marcada por viagens entre Portugal, Angola e Brasil, é um espelho da diáspora e da lusofonia, elementos que se reflectem profundamente na sua vasta obra.

𝐎 𝐈𝐧𝐢́𝐜𝐢𝐨 𝐏𝐨𝐞́𝐭𝐢𝐜𝐨 𝐞 𝐚 𝐓𝐫𝐚𝐯𝐞𝐬𝐬𝐢𝐚 𝐝𝐞 𝐮𝐦 𝐌𝐮𝐧𝐝𝐨
Nascido no Sobralinho, Vila Franca de Xira, em Junho de 1944, a vida de José Carlos Moutinho teve um rumo precoce com a sua partida para Angola aos 13 anos. Foi precisamente em terras angolanas que o seu princípio como poeta se manifestou, aos 15 anos de idade, dando os primeiros passos num universo que mais tarde se tornaria o seu ofício de eleição. A experiência em Angola, e as subsequentes passagens pelo Brasil e o regresso a Portugal, enriqueceram o seu universo temático com a nostalgia da terra natal, a paixão por África e o sentimento de pertença a várias geografias.
Durante a sua vida profissional, antes de se dedicar integralmente à escrita após a reforma, Moutinho explorou diversas áreas, desde Delegado de Informação Médica até empresário na indústria hoteleira, esta última, na cidade da Maia, onde reside. Contudo, a pulsão poética manteve-se latente até ao momento da sua eclosão pública.

𝐎𝐬 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨𝐬 𝐏𝐮𝐛𝐥𝐢𝐜𝐚𝐝𝐨𝐬: 𝐔𝐦 𝐕𝐚𝐬𝐭𝐨 𝐋𝐞𝐠𝐚𝐝𝐨 𝐋𝐢𝐭𝐞𝐫𝐚́𝐫𝐢𝐨
A publicação do seu primeiro livro surgiu de forma inesperada, incentivada pela partilha dos seus versos em redes sociais, onde a aprovação de amigos e poetas o motivou à edição. O sucesso de "𝐂𝐚𝐢𝐬 𝐝𝐚 𝐀𝐥𝐦𝐚" (Poesia, 2011) marcou o início de uma prolífica carreira literária.
Desde então, José Carlos Moutinho tem construído uma bibliografia diversificada, que ultrapassa a dezena e meia de títulos, abrangendo poesia, contos, crónicas e romances:
Poesia: O género que o celebrizou inclui obras como "𝐃𝐚 𝐈𝐧𝐪𝐮𝐢𝐞𝐭𝐮𝐝𝐞 𝐝𝐚𝐬 𝐏𝐚𝐥𝐚𝐯𝐫𝐚𝐬" (2012), "𝐂𝐚𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐝𝐚 𝐄𝐭𝐞𝐫𝐧𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞"(2013), "𝐂𝐚𝐥𝐦𝐚𝐬 𝐌𝐚𝐫𝐠𝐞𝐧𝐬" (2014), Pré-visualização Copiar Tweet
“𝐂𝐚𝐥𝐞𝐦𝐚𝐬” (2016), "𝐌𝐚𝐫 𝐝𝐞 𝐒𝐚𝐮𝐝𝐚𝐝𝐞" (2020), e “𝐒𝐨𝐧𝐡𝐨 𝐨𝐮 𝐢𝐥𝐮𝐬𝐚̃𝐨” (2024) frequentemente a revisitar as suas memórias e os seus sentimentos pela lusofonia.

𝐍𝐚𝐫𝐫𝐚𝐭𝐢𝐯𝐚: No campo da prosa, destacam-se romances e narrativas como "𝐀𝐧𝐠𝐨𝐥𝐚, 𝐝𝐨 𝐓𝐞𝐣𝐨 𝐚𝐨 𝐊𝐰𝐚𝐧𝐳𝐚" (2011), "𝐓𝐫𝐢𝐚̂𝐧𝐠𝐮𝐥𝐨 𝐝𝐞 𝐌𝐞𝐦𝐨́𝐫𝐢𝐚𝐬" (2015), "𝐀𝐥𝐝𝐞𝐢𝐚 𝐝𝐨 𝐏𝐚𝐫𝐚𝐢́𝐬𝐨" (2016), "𝐀 𝐅𝐨𝐫𝐜̧𝐚 𝐝𝐞 𝐀𝐦𝐚𝐫" (2019), e “𝐀𝐦𝐨𝐫 𝐞 𝐆𝐮𝐞𝐫𝐫𝐚” (2021) onde os cenários e as vivências de Angola e Portugal se entrelaçam. O seu livro mais recente, "Teias da Vida" (2025), mistura contos, crónicas e poesia.
Há a destacar a premiação que obteve em 3 trabalhos, no mesmo Concurso internacional de prosa e poesia, pela Academia de Letras, Ciências e Artes de Ponte Nova (Brasil)
Além dos seus livros individuais, o poeta é um assíduo participante em mais de 50 Colectâneas/Antologias e frequentador regular de tertúlias poéticas, demonstrando um forte sentido de comunidade literária. O seu trabalho tem sido reconhecido, incluindo prémios em concursos internacionais.
No seu Curriculum, consta ainda, 4 Prefácios que compôs para autores seus amigos.

𝐀 𝐏𝐫𝐞𝐬𝐞𝐧𝐜̧𝐚 𝐧𝐨𝐬 𝐌𝐞𝐢𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐂𝐨𝐦𝐮𝐧𝐢𝐜𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨: 𝐑𝐚́𝐝𝐢𝐨 𝐞 𝐓𝐞𝐥𝐞𝐯𝐢𝐬𝐚̃𝐨
A sua dedicação à divulgação da literatura e o interesse gerado pela sua obra, levaram José Carlos Moutinho a uma notável passagem pela rádio e televisão.
𝐍𝐚 𝐑𝐚́𝐝𝐢𝐨, o poeta colaborou regularmente com diversas estações, tanto em Portugal (como a Rádio Raizonline e Antena 21, Radio Centro (Carregal do Sal) e recentemente esteve presente na Rádio Vizela (2025)) como internacionalmente (como a Rádio Raices, na Argentina). Os seus poemas e entrevistas têm sido divulgados, inclusive na RDP Internacional, levando a sua voz e a sua obra além-fronteiras.
𝐍𝐚 𝐓𝐞𝐥𝐞𝐯𝐢𝐬𝐚̃𝐨, marcou presença por diversas vezes na RTP/África, nomeadamente em programas dedicados à cultura e à lusofonia, como "Bem-Vindos", "Rumos" e, em especial, no programa "Mar de Letras", onde teve oportunidade de partilhar a sua história de vida e o percurso literário, desde a poesia da adolescência até à escrita mais madura da reforma.
Recentemente esteve presente na RTP, programa de “Tânia de Oliveira” para falar de sua história de vida e do seu último livro “𝐓𝐞𝐢𝐚𝐬 𝐝𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚”.

Em suma, José Carlos Moutinho personifica o autor que descobre na escrita, já em idade adulta e após a reforma, o seu verdadeiro destino. A sua obra é um convite à reflexão sobre as memórias, a saudade e o profundo sentimento que une os cantos da lusofonia. O seu percurso, culminando com a projecção nos meios de comunicação, solidifica o seu lugar como um dos embaixadores da poesia e da cultura portuguesa contemporânea.

terça-feira, 21 de outubro de 2025

#SONHANDO (Vídeo)

#VIAJANDO PELA MEMÓRIA

 

VIAJANDO PELA MEMÓRIA
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Quando os meus dias se acinzentam,
cansados,
sento-me nas escadas do tempo
que por mim passou,
e recuo até onde a lonjura,
minha parceira,
me ofereceu tantos e tantos devaneios
em abraços de felicidade!
 
Deixo-me levar na leveza dos meus pensamentos,
suspiro lembranças que as horas não esqueceram,
recordo instantes de ilusão,
viajo pelos espaços que foram meus abraços,
penso-me a beijar quem gostaria de ter beijado,
caminho sobre as pedras da minha juventude
que me contam histórias de mim,
já esquecidas…
 
No jardim onde as acácias vermelhas eram rainhas,
havia um banco, onde eu me sentava
nos momentos de instropecção,
voltei a estar sentado nesse mesmo banco,
e aspirar o perfume doce das belas acácias,
sonhando com as paixões, que eram só minhas,
que se perderam, porém, dentro da minha essência!
 
Há em mim, agora que me desnudo,
uma emoção simbiótica
de catarse e exorcização
que me encanta, acalma e faz sorrir minha alma,
pois este meu tempo, que agora é o meu,
compensou-me de tudo que não realizei
no outro tempo, que deixou de ser meu.
 

intemporal

sábado, 18 de outubro de 2025

#QUE A MEMÓRIA JAMAIS SE ENSOMBRE

 

QUE A MEMÓRIA JAMAIS SE ENSOMBRE
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Que a memória jamais se deixe levar
pelas sombras do esquecimento
pois, seria como apagar o sol do reviver
e mergulhar na escuridão do nada

A vida que nos oferece tanto, graciosamente,
é consagrada pelas lembranças
das vivências de momentos idos

Perder essas memórias
nas trevas do oculto
é deixar morrer, um pouco,
algo que nos marcou para sempre

Creio que as lembranças
que se mantêm profundamente na nossa mente
são aquelas em que fomos felizes
e são essas as que nos proporcionam
o prazer de as reviver

As outras, menos agradáveis, menos felizes
desejamos de coração, esquecê-las, definitivamente,
porque lembrá-las é renovar a dor antes sentida
 
Porque sou saudosista,
com todo o gosto
e sem quaisquer traumas,
sempre que reavivo as minhas memórias
renasce-me um pouco a juventude
que, mentalmente, tento conservar
 
Considerarão demagogia ou ilogismo
Isso será critério de quem assim pensa,
quanto a mim, porém,
considero esse sentimento
como eterna alvorada
no caminho que se me abre
todos os dias e aos quais abençoo,
agradecido
 
18/10/2025



 

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

#E AS GAIVOTAS VOAM

#ENTRE MIM E EU

 ENTRE MIM E EU
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Que sei eu dos murmúrios do desatino
quando minha alma tem a serenidade da brisa
e que me importam os gritos da mentira
quando a minha consciência não os aceita?
 
Podem murmurar, reclamar ou gritar
pois são atitudes que ignoro
sou conforto de paz
só entendo a voz da verdade!
 
Já andei por estradas de desencontros
e aprendi que os caminhos
têm de ser feitos por nós,
que temos de evitar atalhos suspeitos
e vielas de escuridão
onde o perigo espreita!
 
Naveguei, também, em marés agitadas
sempre sobrevivi à ondulação da inveja
em braçadas sincronizadas
ao sabor da acalmia do mar
singrei léguas de displicência e coragem!
 
Sou, agora, navegador de águas mansas
levo-me na suavidade de mar chão
por vezes, abraço o mar
em imaginadas canoas de velas à bolina…
 
Depois, no final dos encontros entre mim e eu
faço da reflexão areia do meu descanso
e sonho, acalentado pelo sol
da minha bonança
 

16/10/2025

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

#MUNDO DE PALAVRAS

 

MUNDO DE PALAVRAS
José Carlos Moutinho
Portugal
 
O meu mundo é feito de palavras
palavras simples
que se vão libertando da minha mente
entregando-se aos meus dedos
que por sua vez
as colocam na alvura do leito de papel
carente de histórias ou poesia
 
É assim, num jogo de sensibilidade
onde se misturam emoção e imaginação
em simbiose de paixão
num fogo de anseios e fantasias
 
Não sei, na verdade
onde está a fonte deste caudal
que, serenamente, corre pelas minhas veias
em impulsos docemente controlados
 
Porque a não haver esse controle
certamente as palavras amotinar-se-iam
loucas em desatino sem rumo
 
Por isso, com as minhas palavras
procuro aconchegar em texto
uma história de vida real ou inventada
para que haja assertividade no conteúdo
e não simples metáforas
quiçá, lindas, porém, insensíveis
 

15/10/2025

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

#COISAS DO PENSAMENTO (Vídeo)

# COISAS DO PENSAMENTO

Há dias em que a alma suspira
por relembrar coisas de outros dias
mas o coração, teimoso, recusa
 
Então trava-se o conflito entre ambos
tentando cada um vencer o outro
 
Luta inglória entre eles,
pois, quem tem voto determinante
é, nada mais, nada menos,
que a mente
com força tão poderosa
que controla o pensamento
e não só, também a alma e o coração
 
Será fantasia o que está escrito
pouco importa
desde que satisfaça o prazer
de quem, estes versos, imaginou
e agrade, sobremaneira, a quem os ler
 
Levados por esta solução
assaz, demasiado fácil
há que deixar correr o pensamento
como voo livre de uma gaivota
e tirar partido do melhor
que estas palavras ofereçam
 
O pensamento tem a liberdade
de se soltar e voar
ou simplesmente, permanecer
na quietude do silêncio
ainda que uma multidão nos rodeie
 
José Carlos Moutinho
13/10/2025

 


domingo, 12 de outubro de 2025

#Recordando minhas viagens por Angola

 

De angola conheço o que minha memória
guarda religiosamente no meu coração
tudo que ficou para trás, ficou na história
onde se escondem a mágoa e a emoção
 
Estive (Carmona) Uíge, mas vivi em Luanda
Malange, (salazar) N.dalatando, Calandula
e Huambo (Nova Lisboa) era bela a banda
Lobito, Sumbe e Benguela onde mar ondula
 
Imaginem só, fui até ao Cubal e a Ganda
também pelo Seles eu passei e Caconda
porque minha profissão de propaganda
de remédios, era longa esta minha ronda
 
Não acabou a viagem, (S.Bandeira) Huila
daqui irei para Moçâmedes hoje (Namibe)
passo por Vila Arriaga, meu coração jubila
nestas viagens é bem dura esta minha lide
 
Se pensam que acabou, estão enganados
do Namibe vou a (Porto Alexandre) Tômbua
e ainda à baia dos tigres onde admiro a lua
de lá, retorno ao princípio dos fascinados
 
E fascinados, porque na serra da Chela
era um gosto conduzir em alta velocidade
com tantas curvas eu não lhes dava trela
porque quem comandava era a mocidade
 
Terminando, fui também ao (Luso) Moxico
e a Cabinda pois então, claro de avião
era longe, dei-me ares de viajante rico
assim Angola estará sempre no coração
 
José Carlos Moutinho
12/10/2025

 

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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