sexta-feira, 22 de julho de 2011

Pensamentos




Penso-te em momentos passados
De horas esquecidas
Em ausências adormecidas;
Melodias emudecidas pelas folhas caídas,
De pensamentos sofridos em noites perdidas;
Vejo-te no alvorecer, como nuvem opaca
Estrangulada pela ânsia do meu querer!
Mar agitado, das ondas da minha solidão,
Escurecidas pelo breu do luar que não nasceu;
Pálidas vontades de instantes entorpecidos,
Pelo desencanto da luz que se apagou!
No beijo que não fecundou,
Na tua boca que se fechou;
Escorres-me pelos dedos, como chuva seca,
Agrides-me a alma com a secura do teu silêncio,
Feres-me na tua insensível presença,
Gritas-me no vento que me passa,
Turvas-me as pupilas com o teu olhar!
Agora, serei a brisa que me leva no voo da indiferença
E encontrarei o meu esquecer em ti.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Acaricio as tuas palavras




Sentado à beira deste mar azul, sem pressa
No tempo e me delicio nas cores do pôr-do-sol;
O murmúrio do vento nas águas que me banham os pés
Falam-me de ti,
Das palavras que me querias dizer!
Faço do meu pensamento,
A ponte que me leva a ti;
Trago-te nas tuas imagens,
Que entram em mim
E sinto o teu beijo, que atravessa o vazio
E me preenche do néctar do teu amor!
Afasto as margens da minha solidão,
Acentuada pela muralha da tua ausência
E vejo no brilho das estrelas o teu sorriso!
Abro o baú das minhas memórias,
Acaricio as tuas palavras,
Beijadas no branco papel
E abraço a alegria dos sentidos,
Entre nós transmitidos:
Revivo, desperto, relembro
E deixo-me transbordar na minha felicidade.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Porque não existias




Levo-me por esta estrada sem margens
Em busca do nada;
Carrego sonhos por sonhar;
Vislumbro no horizonte uma luz ténue,
Do crepúsculo que caminha até mim,
Na linha da estrada sem fim;
Lembras-me tu, em forma celestial,
Mas é somente a ilusão do imaginário,
A tua imagem surge, despida
Num nu estonteante,
Maravilhosamente deslumbrante,
Que me faz esquecer a minha caminhada,
Por esta estrada sem fim e de luz ténue,
Porque de repente tudo se iluminou
Com a visão do teu corpo;
Seria o tal sonho por sonhar
Ou delirava, pela busca do nada;
Talvez ambos,
Ou porque a minha mente desatinava
E deixei-me embalar em pensamentos
Quiméricos, devassos talvez,
Mas numa sensação de um sentir
Nunca antes sentido,
Mas secretamente desejado
E tantas vezes imaginado!
E de repente ali estavas tu, qual ninfa
Esbelta e provocantemente doce
Longe de mim e eu sem poder te tocar
Porque não existias!

José Carlos Moutinho

terça-feira, 19 de julho de 2011

Ilusão efémera




És o chão em que me deito,
Aconchego-me nas dunas do teu corpo,
Sou acariciado pelos teus dedos sedosos,
Beijado pela tua pele rósea de cetim,
Levitado no calor dos teus braços
E perdido na doçura da tua boca!

Voamos por este céu, qual estrada,
Como pássaros sem rumo,
Façamos das nossas asas, violinos,
Que nos levem no seu som melódico,
Por entre estrelas e dancemos com elas!

A cintilação do luar
Ilumina-nos nesta festa sublime,
Onde seremos astros entre astros,
Protegidos pelas luas da Terra
E com Marte como vigilante,
Embalados nas ondas celestiais,
Seremos dois seres divinos,
Por alguns momentos!
Depois…
Retornamos à nossa vida terrena
Insignificante, mundana!

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Tempo que voa




Esvaem-se os minutos,
Nas horas que morrem,
Na caminhada dos ponteiros entorpecidos
Do relógio velho e cansado,
Pela contagem do tempo que passa!

Tempo que fugazmente absorve a infância,
Atropela célere a juventude,
E nos encurta o nosso tempo,
Em rápidos e desgastados anos!

Entro em mim,
Observo as estrelas
Que me acompanham na minha solidão,
Perdido nos meus pensamentos,
Intrigado pelo fenómeno da voragem
Deste tempo, que tão pouco tempo
Nos concede.

Revoltado,
Luto contra a injustiça,
De ver as horas voarem,
Naquele relógio velho e cansado;
Emudeço-o no seu tic-tac
E paraliso-o no seu andamento sem fim.
Fiz justiça!

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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