quinta-feira, 13 de novembro de 2014
Podes crer, amor (Fado)
As noites eram vazias,
ausentaram-se as horas
cansadas pelos dias
tristes, porque tu choras
D’ausência, que não querias.
Amor, tu és minha eu sou teu,
mas eu não te pertenço,
temos o que Deus nos deu,
com carinho eu te peço,
apaga o amor que me ardeu.
Para que tua tristeza
acabe, e possas sorrir
ouve-me com franqueza,
nosso amor é a riqueza
maior, do nosso sentir.
Felicidade está além,
só temos de chegar lá,
e não haverá ninguém
que nos forçe a vir pra cá,
Podes crer nisto também.
José Carlos Moutinho
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
Pétalas de poesia
Quando um dia o sol se
recusar aquecer-me
e o luar escusar-me o seu
manto,
as flores deixarem de me
sorrir
e as aves silenciarem-me os
chilreios…
Quando um dia falarem de
saudade
e quiserem saber de mim,
talvez eu não seja mais que uma
estrela,
ou núvem passageira e
sonhadora
vagueando pelos céus da
poesia
em busca de utopias…
Quando um dia, eu não puder
abraçar
um amigo e dizer-lhe da
minha amizade,
talvez eu seja somente o pó
que de mim restou, nesta
vida de sonhos…
Quando um dia, o meu sorriso
se apagar
perdido no tempo da minha
existência
e a minha presença deixar de
incomodar
mentes frustradas pela minha
luta tenaz,
serei certamente a luz que
os iluminará…
Quando um dia…
…Eu for nada deste universo
tantas vezes perverso,
desejo encontrar um jardim
florido de rimas
onde eu plante metáforas
vermelhas de paixão
e colha etéreamente pétalas
de poesia
José Carlos Moutinho
terça-feira, 11 de novembro de 2014
Uma certa Aldeia nos montes
Das arribas do Douro,
sopra gélido, o vento,
ar seco, cortante e puro
e sopra, sopra, num lamento!
O seu frio crispa as mãos,
sulca os rostos como um
arado,
invade o silêncio da solidão
daquele inóspito lugar, tão
isolado!
E o vento sopra, inexorável,
Penetra pelas frestas das
casas em ruínas,
carcomidas pelo tempo,
esse mesmo tempo,
que desertificou aquela
pequena aldeia,
perdida no alto da serra,
no meio do nada, que
certamente,
tantos mistérios encerra!
Heroicamente, poucos vão
resistindo
ao isolamento silencioso,
onde vivem, entre escombros,
que só o silvo do vento
e o ladrar dos cães faz
despertar,
para uma realidade fenecida,
sem futuro!
As suas almas são fráguas de
luta,
aonde a esperança, ainda se
aconchega,
porque aos corpos decrépitos,
resta-lhes a força para se
arrastarem!
Esta aldeia no nordeste
transmontano,
onde meus olhos sentiram
muita tristeza,
porque a realidade não era
um engano,
meu respeito a este povo de
tanta nobreza.
José Carlos Moutinho
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
Canção com flor e canela (Fado)
Este sol que aquece a alma
nas areias da praia,
da saudade que acalma
e alegria que distraia
o amor que em mim se espalma.
A brisa acaricia
os meus pensamentos,
prazer que não sentia
desde outros tempos
nesta doce poesia.
Escuto o marulhar
como uma melodia,
será desejo de amar
ou talvez sintonia
na vontade de cantar.
Canto, canto sem parar,
diz-me alegre a ondulação
deste azul e belo mar,
que eu cante uma canção
com um poema de amar.
Criei a estrofe mais bela
com lindos versos de amor
e carinho a pensar nela,
enfeitei com muita flor,
perfumei com canela.
José Carlos Moutinho
*Res.direitos autorais*
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
Bate coração (Fado)
Não chores coração meu
fala-me da tua dor
porque o meu sentir é o teu,
se é saudade de amor
não doi, o que já doeu.
Vamos juntos e animados
soltemos nos ventos
nossos ais magoados,
cantemos nossos lamentos
seremos acalmados.
Eu e tu, somos um só
meu coração valente,
se estás triste eu tenho dó,
sem ti, estou descontente
sou nada, tal como o pó.
Bate bate, coração
calmo mas vigoroso,
tens a força de um leão
não sejas temeroso
porque só tu tens paixão.
José Carlos Moutinho
terça-feira, 4 de novembro de 2014
Navegar em águas de sonhos
Águas cristalinas deslizam
docemente
Pelo leito dos seus sonhos,
Acariciam as margens dos
seus pensamentos
E cantam melodias pelas
cascatas
Dos seus sentimentos!
Pelo seu leito de paixões,
Correm imparáveis os fluidos
de amor
Na ânsia de abraçarem as
ondas do mar,
Que os esperam no amplexo da
saudade!
Navegam suavemente,
Afagados pela brisa dos
desejos,
Devaneios e sorrisos de
prazer,
Na busca da felicidade
Do amor, sem âncoras!
Na foz da esperança,
Abrem-se marés de
acolhimento
No marulhar sereno do mar
aquietado
Pelo calor vibrante dos
corações!
Na união das águas fluviais,
com o oceano,
Explodem os sentimentos contidos
Nas margens da vida
Pelas amarras das desilusões,
E fundem-se na paixão
De um amor liberto,
Que agora solto,
Navega pelo dorso das
cintilantes águas
Deste mar que sorri ao sol
do porvir.
José Carlos Moutinho
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
Minhas mãos, minha Bandeira
Abro minhas mãos calejadas pelo tempo,
delas, soltam-se folhas matizadas de ilusões
que o tempo não conseguiu destruir,
…e as folhas alegres e saudosas voam
sobre as minhas mãos,
deixando cair pétalas de recordações!
Este meu tempo de agora,
plantou nas minhas mãos,
árvores de raizes profundas
de onde as folhas verdes de esperança
se metamorfosearam em realidades!
Mas as minhas mãos vincadas
pelo sol, que acalorou minha vida
abrem-se serenas e gratas
pelos afectos
com que foram contempladas
pelos caminhos dos abraços!
As minhas mãos marcadas
geograficamente pelos rios
de sangue, da fonte da minha essência
E por intensos sentimentos,
são o mapa da minha existência!
Que na minha partida
deste mundo terreno para o metafísico,
as minhas mãos entrelaçadas
sejam bandeira das vidas
material e espiritual
com que fui agraciado.
José Carlos Moutinho
domingo, 2 de novembro de 2014
Viajei pelo mundo (Fado)
Viajei pelo mundo
tanta gente conheci,
com um olhar profundo
muita alegria eu vivi
não sendo um vagabundo.
Vi dor em muitos rostos
pela vida amargurada
por tantos desgostos,
felicidade negada
pelo destino, impostos.
Aceitei sorrisos
e abraços fraternos
em momentos precisos,
que p’ra mim serão eternos
nunca faço juizos.
Muitos outros vi chorar
de alegria ou de dor,
tantos ouvi cantar,
de tristeza ou de amor
p’lo mundo em meu viajar.
José Carlos Moutinho
*Res.direitos autorais*
sábado, 1 de novembro de 2014
Quem és? (Fado)
Não sei quem és, nem de onde vens,
serás folha ou lamento,
diz o que de bom tu tens
serás sopro do vento
ou segredos que em ti conténs.
Tuas mãos são rosas
perfumadas de afagos
suaves mariposas,
olhos teus são dois lagos
teus seios doces prosas.
Ainda não sei quem és
e talvez nunca o saiba,
escondeste os teus pés,
minha acalmia acaba
condeno-te às galés.
Deixaste-me por fim
ver-te inteira e graciosa,
de lábios cor carmin
cara maliciosa
nunca vi um corpo assim.
José Carlos Moutinho
*Reserv.direitos autorais*
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Navego em mim
São sombras, são murmúrios
que me invadem o sentir
num silêncio doce de afago,
abraçam-me na minha solidão
e aconchegam-se na minha
alma!
Calam fundo as minhas
palavras,
aquelas palavras esmorecidas
pelas tardes vazias da minha
vida,
que perderam a voz da
serenidade
e se tumultuam em
inquietudes,
que só os luares dos meus
anseios
iludem com a utopia das
estrelas!
Alvoradas das minhas
Primaveras
nascem pálidas, cansadas,
sem sol,
turvadass pela luz diáfana
das quimeras,
perdem-se nas maresias sem
farol!
Navego em mim pelas veias do
meu rio,
fluxos vermelhos da minha
essência,
por vezes cálido, outros com
muito frio,
sou tenaz timoneiro da minha
existência,
desistir é fraqueza,
continuar é desafio,
encontrarei o remanso da
minha resiliência
José Carlos Moutinho
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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas
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