quarta-feira, 19 de novembro de 2014
Fado é fado (Fado)
O fado é da madragoa
ou da castiça Alfama,
será mesmo de lisboa
ou da mouraria que se ama
onde não se canta à toa?
Sem alma não há fado
Seja aqui, ali ou acolá,
Será em qualquer lado,
No sul, norte ou por cá,
Tem de ser bem cantado.
Fado não tem morada
Ri, chora, ama e canta,
Gosta de sardinhada
E vinho p’la garganta
Até de madrugada.
Fado é fado e mais nada,
É canção de paixão e amor,
É tristeza cantada
É o desejo com fervor,
Fado é fado e mais nada.
José Carlos Moutinho
*Reserv.direitos autorais*
terça-feira, 18 de novembro de 2014
Grita-me o vento (Fado)
Porque me grita o vento,
Se me escondo na solidão
Abraçado ao lamento,
Que me aperta o coração?
Deixa-me estar sozinho
Não me sopres tristeza,
Aqui no meu cantinho,
Digo-te com franqueza
Não aceito o desalinho.
As folhas caem secas
Pelo vento que as leva,
Por isso não me peças
que te aceite e me atreva
a entender-te, se pecas.
Quero as alvoradas
Que me animam e cantam
as mais belas baladas,
Que a todos encantam
Nas cordas das guitarras.
José Carlos Moutinho
"Reserv.direitos autorais"
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Dizes que não me queres (Fado)
Dizes que não me queres
Teus olhos dizem que sim,
Será que não percebes
Que não vives sem mim
Estejas onde estiveres.
Acalma essa tristeza
Que só tu sabes qual é,
Eu tenho a certeza
E posso jurar-te até,
Que amo a tua beleza.
Encosta a cabecinha
No meu peito, meu amor,
Murmura-me que és minha
E não vives sem meu ardor,
Porque tu és minha rainha.
O amor é louco bem sei,
Que importa que assim seja,
O ardor do beijo que eu te dei,
É fogo que se deseja
Na paixão que te aceitei.
José Carlos Moutinho
domingo, 16 de novembro de 2014
Segredos
O mar segredou-me...
falou-me de sentimentos,
de saudades e de memórias...
disse-me que tudo é efémero,
até mesmo as ondas que me
segredaram
e se desfaziam em espuma
fugaz
que languidamente se
escondia na areia
da sofreguidão dos desejos,
e se esquecia de me segredar
futuro!
Mas tudo em meu redor,
me segredava esperança,
no marulhar que se fazia
melodia,
na maresia que me perfumava
os sentidos
e embalava-me numa sensação
de volúpia atrevida,
pelas emoções em êxtase,
acaloradas pelo cintilar do
sol
que me beijava os
pensamentos.
José Carlos Moutinho
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
Desisto!
Porque as minhas alvoradas
perderam o brilho,
Ausento-me…
Do mar que me fazia pensar,
Do luar que me deixava sonhar,
Do sol que me aquecia, nas
tardes de nostalgia,
Ausento-me…
Das sombras que as árvores
da falsidade oferecem,
Dos chilreios das aves
tranviadas,
Dos murmúrios das águas dos
rios da inveja,
Ausento-me…
Do colorido esmorecido das
flores venenosas,
Que nos campos da intriga,
intoxicam,
Ausento-me…
Das multidões que gritam vaidades
e calam razões,
Das ruas escurecidas pela
miséria engravatada,
Da visão de pés descalços e
barrigas ocas, pela fome,
Ausento-me…
Da ausência de fraternidade,
Dos sorrisos que escondem
punhais,
Dos abraços que sufocam,
Ausento-me…
Da felicidade, que o tempo
secou,
Das alegrias sufocadas por
bocas fechadas!
Por tudo isto e mais que não
disse…
Desisto…
De caminhar por estradas
ocultas,
De entrar em competições
desleais,
Desisto…
De querer ser franco, porque
a franqueza ofende,
De dizer a verdade, porque
não é o que se quer ouvir,
Desisto…
De querer ver o mundo em paz,
De ver igualdade social no
meu país,
De ouvir insistentemente os
politicos mentirem,
Desisto…
De procurar a felicidade,
que se esconde por detrás
das vontades,
Desisto…
De querer estar onde não
estou,
Da força, que é subjugada
pela minha fraqueza,
Dos meus anseios afogados
por contrariedades,
Desisto de sorrir, quando a
minha alma chora…
Desisto…
Até que a morte não desista
de mim!
José Carlos Moutinho
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
Podes crer, amor (Fado)
As noites eram vazias,
ausentaram-se as horas
cansadas pelos dias
tristes, porque tu choras
D’ausência, que não querias.
Amor, tu és minha eu sou teu,
mas eu não te pertenço,
temos o que Deus nos deu,
com carinho eu te peço,
apaga o amor que me ardeu.
Para que tua tristeza
acabe, e possas sorrir
ouve-me com franqueza,
nosso amor é a riqueza
maior, do nosso sentir.
Felicidade está além,
só temos de chegar lá,
e não haverá ninguém
que nos forçe a vir pra cá,
Podes crer nisto também.
José Carlos Moutinho
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
Pétalas de poesia
Quando um dia o sol se
recusar aquecer-me
e o luar escusar-me o seu
manto,
as flores deixarem de me
sorrir
e as aves silenciarem-me os
chilreios…
Quando um dia falarem de
saudade
e quiserem saber de mim,
talvez eu não seja mais que uma
estrela,
ou núvem passageira e
sonhadora
vagueando pelos céus da
poesia
em busca de utopias…
Quando um dia, eu não puder
abraçar
um amigo e dizer-lhe da
minha amizade,
talvez eu seja somente o pó
que de mim restou, nesta
vida de sonhos…
Quando um dia, o meu sorriso
se apagar
perdido no tempo da minha
existência
e a minha presença deixar de
incomodar
mentes frustradas pela minha
luta tenaz,
serei certamente a luz que
os iluminará…
Quando um dia…
…Eu for nada deste universo
tantas vezes perverso,
desejo encontrar um jardim
florido de rimas
onde eu plante metáforas
vermelhas de paixão
e colha etéreamente pétalas
de poesia
José Carlos Moutinho
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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas
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