segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Crianças infelizes





Saltavam sorrindo as alegres crianças
com seus pés descalços endurecidos
não sabiam o que seriam esperanças
nem porque os brinquedos eram proibidos

Corriam pelo chão de terra batida
de estômagos vazios p’la ausência de pão
mas corriam de alma calada e sentida
triste alegria e imensa dor no coração

Enquanto correm e brincam, esquecem
fome e frio nos seus corpos que arrefecem,
ah…dura vida destes infelizes…

Que este mundo marca com cicatrizes…
Não têm culpa nem pediram pra nascer,
razão não há, para assim terem de sofrer.

José Carlos Moutinho

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Faço-te um poema





Estava eu sentado num caixote
Quando tu passaste toda catita
No teu gingar vi a renda do saiote
os seios a espreitarem pelo decote
Mostraram-me como és tão bonita.

Olhaste-me e sorriste provocante
Fiquei sem ar de tão fascinado,
Bem sei que não és arrogante
Mas eu fiquei perdido e delirante
a pensar se eu estaria apaixonado.

Estou agora num grande dilema,
Preciso força para, de amor, te falar,
Ai, moça bonita se te fizer um poema
Talvez me aceites sem problema
E até, quem sabe, possamos casar.

Conta-me o que pensa teu coração
Sinto um louco desejo de te beijar,
Tenho o peito apertado de aflição
talvez ainda sucumba a esta paixão
se tu, amor não me quiseres amar.

José Carlos Moutinho

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Desejava





Por vezes desejava tanto ser poeta,
inventar fantasias vestidas de quimeras,
voar pelos céus como se fosse cometa
e ignorar as noites infinitas das esperas...

Por que se eu fosse realmente um poeta,
faria das palavras asas matizadas e esvoaçantes
de borboletas, que colorissem a minha caneta
e florissem os poemas de sentimentos errantes…

Como não sou poeta, mas talvez um sonhador,
abraço-me aos versos que de mim são amor
e se vão libertando da minha alma ardente,
quiçá um dia, me considere um poeta convincente…

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Talvez um dia





Um dia deste-me um beijo
eu disse que não te queria,
disseste que foi ensejo
que também era um desejo
de me teres qualquer dia.

Não és a mulher que eu quero
és demais arrogante
embora sejas bela,
gosto de gente singela
que com o olhar me encante.

Nos teus olhos tens fogo
que meu coração incendeia,
fosses a serena lua
e dissesses: amor sou tua
faria de ti minha sereia

Talvez um dia eu te queira
se me prometeres mudar,
não ser tua fogueira
nem fazeres de mim poeira
e eu conseguir te amar.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Caminhos do passado





Aqui sentado nas escadas da minha memória
levo-me em viagem pelos caminhos do passado,
onde os momentos foram páginas da minha História
escritas no livro da vida em cores do meu agrado,
com letras, inventei fantasias, paixões e alguma glória
que da minha alma nasceram em versos do meu fado.

Sorrio-me aos devaneios vividos e outros perdidos
que nas noites da minha juventude se exacerbaram,
seriam loucuras, inocências ou desejos incontidos
que em murmúrios,abraços e beijos, nos avassalaram,
e as areas da praia, sob o luar, faziam-se leito consentido
as noites alongavam-se e as ondas serenas, cantavam.

A mim, agora aqui sentado nas escadas da minha saudade,
restam-me as lembranças de um efémero e saudoso tempo
vivido com ilusão, alegria, amizade, e pujante intensidade
quando as emoções da vida, eram para o coração, alimento,
o “amanhã” era palavra sem sentido, o “hoje” era realidade,
no recordar o passado, minha alma é nostalgia de momento

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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