terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Perdi





Perdi as palavras
Sim! As palavras do meu sentir,
desencontrei-me das letras
na estrada da escrita
e agora vagueio cambaleante
por caminhos de retalhos
onde, devagar as palavras se soltam
por entre suspiros de pássaros,
no intervalo do seu chilrear
enquanto as gotas do orvalho
encharcam a minha débil vontade,
deixo-me levar pela brisa fria
despertando da minha letargia poética…
Aventuro-me pelos meus anseios
indo ao encontro da emoção
que julgo contida nas palavras que perdi,
com esperança de que se façam poema
ou, talvez, simples prosa
engalanadas com a ilusão do meu sonhar
e me permita voar pelas utopias da vida…
Se não as encontrar
ah...se não as encontrar fechar-me-ei
na minha desilusão
e deixar-me-ei sucumbir
aos soluços do meu fracasso

José Carlos Moutinho

domingo, 24 de janeiro de 2016

Perguntou-me o vento




Perguntava-me o vento, no seu saber:
Porque te escondes de mim
que sou uma simples passagem,
e não te escondes dos que em ti se grudam
para te perturbarem os sentimentos?
E eu respondi ao vento que passa...
que fugia do seu soprar,
pois ele era a verdade dorida,
enquanto os que em mim se colavam
eram a mentira da verdade...
E o vento que passava,
acalmou-se
e fez-se brisa…

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Não sei quem sou





Não sei quem sou,

por vezes penso-me nuvem que passa,

outras, acho-me brisa de afagos

e até o sol, eu me penso ser…

Podem acreditar no que vos digo,

tive noites que me achei luar sereno,

mas também já fui mar intempestivo...

Houve momentos da minha existência

em que fui onda a beijar a areia dourada

e outras tantas, despertei -me

do sonho que me fazia essência…

Dirão que sou louco,

então que o digam, se vos agradar

pois se eu próprio assim me considero…

E considero-me louco por não me entender,

nem compreender os que se acham normais…

E se discordam com o que eu vos transmito,

tomem atenção então:

Qual a razão, para que não gostem da minha onda,

será por que o meu mar não sorri?

(desconhecem, coitados)

Não sabem que eu sorrio com a maresia da alma…

Ou será por que eu não bajulo os luares

nem me ajoelho em mendicidade de favores estelares

nem imploro amizade da brisa

por que a entendo como coisa natural e espontânea

e não como um favor hipócrita interessado em carícias?

Assim vos digo, a todos que me lêem…

Que não sei quem sou,

nem em que mundo vivo

mas sei, podem crer,

que serei sempre o oposto

ao que possam pretender que eu seja!



Por tudo isto, eu, que não sei quem sou,

sou certamente, nuvem, brisa, sol, luar, mar, onda, areia

serei afinal tudo o que eu desejar,

mas jamais serei a vontade dos outros.



José Carlos Moutinho

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Amasso este papel





Amassei aquele papel branco
onde escrevi versos de amor,
abri meu coração ao pranto
deixei fugir toda a minha dor.

Não creio no teu arrependimento,
nem adianta tu chorares saudade,
há em ti um profundo fingimento,
teu sentir tem a frieza da maldade.

Na mão tenho a minha vida chorada
dentro do papel branco amarrotado,
dizias sempre que estavas apaixonada
oh… tristeza, como eu fui enganado.

É imensa e profunda a minha indignação
perante a falsidade deste mundo louco,
deixei a paixão nascer no meu coração
e o que recebi de ti, foi afinal, tão pouco.

Abri a mão para soltar o papel enrugado
e rever tudo o que eu te tinha escrito,
pensei calmamente, é um caso arrumado,
podes chorar, que em ti não mais acredito.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Sou um rio





Sou um rio de cristalinas águas
e de verdes esperanças,
deixo-me deslizar pelo meu leito
em caudal de harmonia, sem vaidade,
abraçando-me às margens da vida,
fertilizando amizades na minha passagem,
irrigando flores com toques de afago...

Minhas águas têm a pureza da sinceridade,
perfume da brisa vinda da montanha
que me leva sem pressas para o mar,
horizonte da minha eternidade…

Vou flutuando serenamente
sobre ninhos de algas e nenúfares,
absorvendo os raios do sol
espelhados em mim,
com a sofreguidão da saudade…

Tenho um percurso de tempo aprazado
que se diluirá nas ondas etéreas
do mar que me espera.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

Ver esta publicação no Instagram

Live Planeta Azul Editora

Uma publicação partilhada por Planeta Azul Editora (@planetazuleditora) a