segunda-feira, 14 de março de 2016

Em busca do improvável




Por entre as fragas do pensamento
Florescem orquídeas de brisas
Entrelaçadas por mãos perfumadas

É a força que brota do âmago da terra
Envolta em flores quiméricas
Para que olhos pálidos
Possam valorizar a beleza que ignoram

Deslizam gotas de orvalho
Pelas pétalas dos meus anseios
Que na alvorada do meu sentir
Se fizeram sonhos coloridos

Na acalmia do silêncio que me rodeia
Observo a linha do horizonte azulado
Que separa a montanha do espaço sideral
E recuo no tempo, a outro estado
da génesis da minha essência

Faço-me vagabundo estelar
Invento metáforas terrenas
Planto utopias iluminadas
Visto-me de inquietude
E penso-me poeta alucinado
Em busca do improvável

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 11 de março de 2016

Quando eu me for




Quando da terra eu me for
Quero que seja a escrever,
Sou poeta sim senhor
Poesia é meu viver,
Escrevo com muito amor.

Será muita vontade
Esta de que vos falo,
Mas é a pura verdade
Com que vivo e não calo
E que o meu ir ainda tarde.

Tenho alma de poeta
Com humilde vocação,
Não fiz disto uma meta,
Comigo esteve a razão
Da minha vida inquieta.

Quero levar comigo,
Deste para outro espaço
O que em mim é sentido,
Às palavras me abraço
Escrever não é proibido.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 9 de março de 2016

Escuta, morena






Escuta o que eu te digo morena,
Não te faças assim tão esquisita,
a vida é curta, não vale a pena
teres esse jeito que só irrita.

Encara o teu viver com alegria
E serás de certeza mais feliz,
O sorriso é a força da simpatia,
Não empines tanto o teu lindo nariz.

Se aceitares estes meus conselhos
terás a prova nos teus espelhos,
esperarei o resultado final…

Assim penso eu de maneira frontal,
vaidade não leva a nenhum lugar
pois o importante é saber amar…

José Carlos Moutinho

domingo, 6 de março de 2016

Sei lá




Sei lá por que faço versos,
alguns com rima, outros em desatino...

Sei lá a razão desta minha loucura
se me entrego às palavras como um servo
e me deixo levar por elas
pelos caminhos das ilusões
e de tantas fantasias,
que chegam a confundir-me
na minha essência
e me faz perguntar-me quem sou,
se poeta, fingidor ou louco,
simplesmente nada,
ou tenha de tudo um pouco...

Sei lá por sonho acordado
para passar para o papel
o que a minha mente inventa
e me força a desenhar em poemas,
que nem sei se, serão poemas
ou meras conjunções de letras,
formando jardins de quimeras
ou floridas e inocentes intenções
de fazer poesia…

Sei lá, por que me interrogo assim
e duvido do que eu sinto,
ou sinto o que penso duvidar,
mas que em boa verdade,
vivo com emoção
esta doce sensação que me faz
ser o que eu sou.

José Carlos Moutinho

sábado, 5 de março de 2016

Pó do tempo



Mexi nos papeis, remexi o pó,
saltaram memórias,
esconderam-se saudades,
Recuei no tempo
que vivi em outro tempo
e que este meu tempo de agora,
se me tem escusado de, com tempo,
recordar o outro tempo já vivido!

Os papeis amarelados
enroscados de emoções
repletos de bons momentos,
desnudam-se agora, no meio do pó
que o tempo inventou
e que a distância jamais olvidou!

Mexo e volto a remexer
lembranças que pensava perdidas,
mas que no meio do desalinho,
se expõem como imagens vivas
de um tempo já fenecido,
que nunca mais voltará,
só restando afinal,
as saudades
e o pó, manto protector
do tempo, que o criou.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

Ver esta publicação no Instagram

Live Planeta Azul Editora

Uma publicação partilhada por Planeta Azul Editora (@planetazuleditora) a