Olhai as pedras da calçada,
Como elas brilham com o
reflexo do sol,
Reparai no sorriso das
rosas,
Que marginam as ruas;
Sintam o veludo do chão que
pisais,
Vede como tudo se conjuga
numa beleza infinita;
Agarrai o algodão das nuvens,
Aspirai o perfume da brisa,
Riam-se com o ridículo dos
momentos!
Chorai com o sofrimento,
Condoam-se com os
desfavorecidos,
Mas não os abandoneis, não
os desprezeis,
Não os olheis com desdém, eles
são-vos iguais,
E também têm direito ao
brilho da calçada,
Ao sorriso das rosas,
E ao veludo do chão!
Assim como merecem
Segurar nas suas mãos
calejadas,
O algodão das nuvens
E sentirem o cheiro
perfumado da brisa!
Este mundo é pequeno,
E simultâneamente enorme,
onde cabemos todos
Desde que haja harmonia,
Entendimento, partilha,
justiça e amor,
Muito amor…
Não o amor carnal que é
instinto natural…
…Mas sim, amor na verdadeira
acepção da palavra
Que floresce no que se toca
com a suavidade da carícia,
Está na doce palavra murmurada
na bruma da tristeza
E no abraço na noite de
invernia do infortúnio!
O amor, ai o
amor…substantivo de quatro letras
Tão pequeno e tão belo…
Porém, tão vilipendiado, tão
ignorado e…tão desejado!
A solidariedade é um jardim
do amor,
De onde as flores se fazem
desapego da materialidade
E suas pétalas perfumam os
desprotegidos da sorte…
O amor é dor que sente a dor
do semelhante!
O amor é a vida,
pode ser tudo e pode ser
nada…
Será paixão, dor, dádiva, ilusão,
vida e morte.
José Carlos Moutinho