sábado, 21 de dezembro de 2019

Queria falar do Natal

Queria fazer um belo poema
que falasse muito do Natal,
e todos entendessem o tema,
tentei, tentei e fique muito mal

Não consegui, pois, exemplificar
o significado desta época festiva, 
embora eu entenda ser de amar,
o que vejo em nada me cativa

Assim, desisti de escrever tal,
fica comigo esta minha vontade,
pode ser que no próximo Natal
este desejo se torne realidade

José Carlos Moutinho
21/12/19

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Pai Natal

Vou por aí, sem rumo,
espero encontrar pelo caminho,
o Pai Natal, 
quero dar-lhe um abraço
e dizer-lhe que descanse, 
não carregue tantos presentes,
porque se não, 
as lojas entram em falência...

e pedir-lhe que, no lugar de presentes,
traga harmonia, paz e um carregamento de amizade
porque a que existe actualmente está muito fraquinha...

se por a caso não o encontrar, paciência, 
talvez ele se tenha antecipado 
ao meu pensamento e esteja a preparar 
para trazer o que eu sugeri...
sei lá, pode ser que aconteça...
o mundo está em constante mutação 
e as pessoas também!!

José Carlos Moutinho
20/12/19

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Tão longe

Tão longe



Longe, muito longe 
deixei ancorado tanto de mim, 
trouxe brisa no pensamento 
aconchegada em ondas de maresia,

Inexoravelmente o tempo 
tem passado por mim, 
enquanto me navego 
em canoa de saudade 
de velas sopradas pela nostalgia,

a viagem tem sido longa, 
por mares serenos, felizmente, 
onde a acalmia se tem feito sentir, 
embora este meu viajar seja profícuo, 
tem sido incapaz de esquecer 
o tanto, que de mim, 
ficou lá longe, 
tão longe… 
no perfume das acácias, 
no som plangente do kisanji 
e no olhar guardião e saudoso 
do imbondeiro.

José Carlos Moutinho 
16/12/19

domingo, 15 de dezembro de 2019

Advir

...
Perco-me na imensidão dos instantes,
reflicto na lonjura do tempo...
levo-me nas asas dos meus anseios
aos confins da minha felicidade,
expectante pela brisa do meu advir
desejado afecto do meu alento

José Carlos Moutinho
15/12/19

sábado, 14 de dezembro de 2019

IRMÃO, levanta-te daí!

Irmão é Natal, sai daí, levanta-te desse chão frio que te enregela... bem sei que gostas do cartão da tua cama e que há muito amor entre os teus parceiros de infortúnio, mas, nesta época, que é de amor e solidariedade, deixa, por dias, esse teu conforto congelado e vem conviver com todos nós, e porque não, entrares nessas lojas de coisas lindas, talvez, até, supérfluas, mas há que comprar, gastar, ignorar o amanhã, mesmo que te vá apertar a bolsa ou não, deves ter cartão de crédito, irmão, pagas depois, em prestações.
Dizes tu: os juros são altos e depois fico endividado até aos ossos e que interessa isso, se os teus ossos tão pouco valem?
Vá, vem daí, podes vir mesmo com essas barbas desgrenhadas e esfarrapado, logo comprarás roupas novas e de marca, não compres qualquer porcaria, isso é para os pobres e tu não és pobre, és simplesmente sem abrigo, um desgraçado abandonado ou que se abandonou a si próprio, mas agora nesta quadra Natalícia isso não interessa, vamos todos conviver, ainda que isso seja uma utopia, mas no Natal tudo é possível, todos nós somos bons e amigos de toda a gente, solidários e mais humanizados.
Claro que, depois, lá para janeiro, tudo volta ao normal, então já podes voltar para o teu conforto sob o teto de estrelas e lençóis de cartão e jornais lidos, por aqueles que te ignoram e nada fazem para que consigas voltar à dignidade de ser humano.


José Carlos Moutinho
14/12/19



quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Versos enregelados



Vou aconchegando os versos
em ninhos de sorrisos,
esperando que o frio se vá,
para que os versos,
com penugem de metáforas,
possam levantar voos aleatórios,
amparados, porém, pelas folhas de papel
que se prendem a algum hipotético
livro de esperança,
voem, sorridentes,
até às mãos,
de quem goste de os ler,
expectantes por escutarem
alguma melodia de apreciação!

Enquanto isso não acontece,
a cada dia, mais versos se aninham
junto dos já aconchegados
pelo hiato de espera,
e cantam ilusões, em rimas desatinadas,
tentando fazerem-se estrofes
num ensaio sem tempo

José Carlos Moutinho
12/12/19

Booktrailler de "A FORÇA DE AMAR"

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Se brisa eu fosse



Quisera eu ser nuvem
para te viajar
e pelo teu corpo tropical
me inebriar…

O longe que nos distancia
faz-me sonhar a quimera
de que percorro os eternos
caminhos vermelhos,
da minha saudade,
que me permite
contemplar, ao longo dos braços,
de suas margens,
musseques (sanzalas), imbondeiros,
mulembas e acácias…

Ah…quisera eu, ser Brisa
para, carinhosamente, te abraçar,
Sol que te incendiasse a vontade
de tornares a ter-me em ti,
pelo menos, uma vez mais, 
e Lua, para te iluminar
com os meus beijos enluarados…

Ah…fosse eu senhor
do meu pensamento
que me desse asas para sobrevoar-te…
e, abraçado ao calor da tua terra,
voltasse aos lugares que me fascinaram,
rever, Pungo Andongo,
quedas de kalandula, rio Lucala,
o caudaloso rio Kwanza,
o deserto e as dunas do Namibe,
a rara welwitschia mirabilis,
Bié, Huambo, Lubango,
a tundavala…

Ah…pudesse eu voltar atrás
no tempo do meu querer,
mergulhar nas águas da praia de S.Jorge
e na ponta da ilha, pescar
e…
sei lá que mais…

esta saudade que me aperta o peito,
confunde-me a memória
e provoca-me uma profunda melancolia
e inquieta nostalgia na minha alma.

José Carlos Moutinho
8/12/19

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Louvado sejas, Jesus (perdoa-nos)



Perdoa-nos, jesus 
pela nossa arrogância e hipocrisia, 
pelo cinismo que usamos em cada dia, 
perdoa-nos por contrariarmos 
o que tanto pregaste, 
esquecendo que somos 
todos irmãos, nas suas diferenças, 
perdoa-nos pela nossa falta de humildade 
e pelo excesso de presunção! 

Dois milénios se passaram, 
desde que usaste a palavra da fé, 
mostrando ao mundo que a convivência 
poderia ser simplesmente de paz… 

Perdoa-nos, agora e sempre, 
por termos feito exactamente o contrário, 
transformámos a paz em guerra, 
a harmonia em rivalidade, 
abundância a ignorar a miséria! 

Apesar dos teus ensinamentos 
nada aprendemos, 
ou, talvez, tenhamos desaprendido 
ou ainda, intencionalmente, 
ignorado tudo o que disseste e fizeste! 

Sabes, jesus, todos os anos, 
aqui neste planeta, por onde caminhaste, 
comemoramos o teu nascimento, 
e chamamos de Natal a essa época, 
acontece, em Dezembro, 
e, nesse mês, imagina tu, Jesus, 
aliás, deves ter conhecimento, 
pois és omnipresente, 
toda a gente se transforma… 

Não, não penses que nos fazemos de bons, 
e que usamos a caridade 
como uma excelente forma de confraternizar, 
não…o que fazemos é esbanjar, 
empenharmo-nos, por vezes, para gastar 
gastar, até que fiquemos devedores, 
pois, bem sei, Jesus, 
que pensaste que nos transformávamos 
em cristãos, homenageando-te 
e recordando-te pelo teu sofrimento e dor 
porque passaste 
pois, enganaste-te… 
aliás, não te enganaste, pois tu vês tudo isso… 
e sabes bem que não mudámos nas atitudes, 
mas usamos as palavras, quantas vezes, 
hipocritamente, 
para nos dizermos solidários com quem sofre 
ou morre de fome, 
mas felizmente, nem todos somos assim, 
há quem tenha grandeza de alma e coração, 
para auxiliar ou estar junto de quem precisa! 

Mas, Jesus, não fazes nada, 
para alterar estas coisas… 
devias intervir, fazendo de nós, humanos, 
na acepção da palavra e não deixares 
que nos agridamos uns aos outros, 
em guerras económicas, de vaidade e inveja… 
claro, sei que nada fazes 
para nos mostrares que devemos ser nós 
a ter a decência de vivermos como ensinaste, 
e castigas-nos… 
deixa-me que te diga, se me permites, Jesus, 
fazes muito bem! 

Tens notado, certamente, meu velho amigo, 
que não sou praticante 
da religião que te usa como patrono, 
mas sabes muito bem, isso sabes de certeza 
de que te sou devoto, 
e tento…sinceramente tento, 
não ser muito ausente dos teus ensinamentos, 
pois conto ter a felicidade 
e a grande alegria de te conhecer! 

Até um dia, jesus e, por favor, 
tenta perdoar-nos, sei que o farás, 
aceita o meu abraço espiritual. 

Louvado sejas, Jesus! 

José Carlos Moutinho 
Dezembro/2019


domingo, 8 de dezembro de 2019

Fosse eu brisa

Nunca sonhei

Nunca sonhei ser poeta, 
comecei a escrever por acaso, 
jamais fiz disso uma meta 
foi opção sem nenhum prazo 

Comecei, porém, muito novo 
a fazer das palavras, poesia, 
eu era a simplicidade do povo 
não podia pensar em tal utopia

Depois, os amigos apoiavam 
dizendo que eu escrevia bem, 
pensei até que me enganavam 
porque me achava tão aquém

Escrevi coisas que eliminei 
de que tanto me arrependo, 
poemas que eu nunca achei 
terem algum valor provendo

Muitos anos passados, retornei 
tal navegador nas descobertas, 
timidamente, poemas inventei 
deixei minhas emoções libertas 

Hoje não sei se poeta eu sou 
nem isso sequer, me importa, 
sei que sou feliz a escrever 
porque a escrita me conforta 

José Carlos Moutinho

Viana do Castelo

sábado, 7 de dezembro de 2019

Intrigas

Agitaram-se as vontades de inverno
quando naquela tarde se encontraram,
ausentara-se o ambiente fraterno,
perdido da amizade que os marcaram

Intrigas, maldade, voz sem razão,
que em desavenças se vão transformar,
perde-se a amizade morre a emoção,
é esquecido um passado exemplar

Assim é a vida, estrada sinuosa
com obstáculos para ultrapassar,
fugindo sempre de gente ardilosa…

Então, se deste modo procedermos,
certamente a paz vamos encontrar
e com felicidade viveremos!

José Carlos Moutinho
1/12/19

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Abracei-te

Falei-te do tempo ido
e naquele beijo fugidio
que te dei inesperadamente,
sorriste-me de olhar vazio,
havia em ti, uma nuvem translúcida,
que te toldava, certamente,
as recordações...

eras uma sombra do que foste,
emocionei-me, entristecido
por tal visão,
segurei tua mão, fria, esmorecida,
abracei-te,
choraste convulsivamente...

fiquei abraçado a ti,
sem horas contadas,
deixei-me esquecido no tempo,
tentando segurar-te as emoções
em desatino

José Carlos Moutinho
6/12/19



AS MINHAS DESCULPAS

Muitos amigos que vivem em Angola, têm-me pedido livros.
Infelizmente, não tenho como solucionar esse desejo que seria, mais ainda, meu.
Não tenho nenhuma editora/distribuidora que o pudesse fazer. Sou tão pequeno que não me vêem...
Por isso, amigos, lamento.
Fiquem com o meu abraço!


quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Montanhas se alevantam

Ai, este meu sentir desassossegado
que me leva a voar sobre a esperança
espreguiçada por verdes vales,
chamando-me à serenidade... 


porém… quando me proponho corresponder
àquele chamado…

logo, altas montanhas se alevantam,
imperiosas e altaneiras,
obstruindo o meu agitado propósito,
forçando-me refrear
este meu inquieto voar,
quando me preparava, ousadamente
a sobrevoá-las...

de imediato, volto a sentir
uma profunda e frustrante agitação… 


retorno, desiludido e derrotado
ao chão negro e frio
dos meus pensamentos

José Carlos Moutinho
4/12/19



segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Asa de vento


...
Sou asa de vento
frágil, como a própria vida
voo, porém, a contento
sempre de maneira contida

José Carlos Moutinho
2/12/19

domingo, 1 de dezembro de 2019

Caminho matizado



Passeio sobre folhas matizadas pelo tempo ido,
e sinto murmúrios de saudade
de um verão que já se foi...

há em cada folha pisada, um gemido,

ou talvez seja um sorriso,
de missão cumprida perante a natureza,
que eu, quase indiferente,
vou pisando implacavelmente...

olho os ramos nus das árvores despidas,

e deixo-me absorver pela sua frialdade
que, certamente lhe é agradável
mas que me arrepia,
levando-me a pensar que tudo é um ciclo,
neste mundo tão belo e desconhecido...

há a chegada, a viagem e o término,

ou talvez seja outra chegada
a outro espaço igualmente desconhecido...

José Carlos Moutinho

1/12/19

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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