A MINHA FONTE
José Carlos Moutinho
Portugal
Foi naquela fonte da minha infância
onde eu ia beber doces ilusões
que a água dos meus sonhos
refrescou os caminhos do meu advir
Lá, naquele recanto de fresco estar
floria o nenúfar da paixão
em indelével sentir
por enlevos inocentes, quase pueris,
mas vibrantes de alguém
Enquanto, serenamente, corria o fio de água,
a seu lado, cresciam beijos furtivos
sob a encantada melodia da corrente
Ai, quanta saudade tenho daquele lugar
onde morava a abençoada fonte
que nas tardes morrinhentas
observava os casais de jovens
empolgados pela excitação dos corações
e nada dizia…
Nunca mais voltei aquele recanto
onde a água e a paz confraternizavam
num silêncio, suavemente perturbado
pelo murmúrio da cristalina água a deslizar
Será que, lá naquela fonte,
ainda crescem nenúfares de paixões
ou
com a mutação dos sentimentos
sucumbiram por falta de amor?
27/10/2025
 
 
 
