Vou por aí, sem rumo,
Em busca de não sei o
quê;
Percorro as ruas
quase desertas,
Pelo frio que ainda
se faz sentir,
Neste iniciar de
Março,
E que esfria a
cidade,
Amarelecida pelas
luzes dos velhos candeeiros!
Visto-me do breu da
noite,
Tropeço em mulheres quase
despidas,
Que se oferecem de
peitos expostos,
Pelas vielas da
devassidão!
Homens que chegam, em
segundos
São levados através das
portas,
Das pensões do prazer,
Onde se escondem
misérias humanas,
Infelicidades nascidas
da pobreza,
Em sorrisos forçados
de mágoas e dor!
É
na calada da noite,
Que
os limites se ampliam,
Na
certeza da escuridão que tudo oculta!
Homens
que se travestem, em total provocação,
De
imoralidade doentia ou opção forçada!
Bêbados
que barafustam e caem nas poças
Da
sua decadência moral e fisiológica,
Como
farrapos humanos!
A
noite vai-se cansando
E
cede a vez à madrugada,
Que
chega lenta e sonolenta,
No
despertar pujante do trabalho
Na
cidade, que não adormecera,
E
que assistira a outra cena, quase surreal,
Sem
sentido, perdida em promiscuidade,
De
uma vida de degradação.
José
Carlos Moutinho
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