quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Mundo de rancor





Quantas vezes me vejo por ai, sem destino,
a pensar na vida que em mim desliza,
fico apreensivo pois raramente atino,
da razão de haver tanta gente sem camisa.

Pior que falta de camisa é o rosto que chora,
lágrimas de sangue de olhos turvos,
clamando pela esperança que demora
e pela fome que os torna curvos.

Acabo por me sentir um ser feliz,
pois esse flagelo não me tocou ainda,
sempre fiz na vida tudo o que quis,
por isso eu acho esta vida linda.

Compadeço-me porém, dos seres sofredores,
que não têm teto, nem pão, nem amor,
vieram ao mundo como perdedores,
desta sociedade onde impera o rancor.

José Carlos Moutinho

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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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