sábado, 10 de novembro de 2012

Porque será...






Porque teima o tempo, em mostrar-me
a visão daquela garota,
que um dia cruzou o meu caminho...
Se são passados tantos anos,
de imensas horas consumidas
em tardes e noites por vezes frias,
outras tantas, doces e escaldantes,
vivenciadas em outros quadrantes
deste mundo de contrastes e desalentos,
em metáforas de amores sedentos!

Porque será que os seus olhos negros,
de tantos encantos e belos segredos,
olham os meus com a luz do desejo,
na ânsia carente do meu beijo
seu sorriso liberta os meus medos,
e os seus cabelos negros  são meu latejo!

Recosto-me no pensamento
que  se agarra à saudade,
deixo-me viajar por estas imagens
de felizes momentos
e descanso na nostalgia
do irreversível!

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Ponte do futuro (Áudio)

Ponte do futuro





Desperto o sol adormecido nesta manhã
do meu sorrir!
Levo-me em caminhada pela estrada
de suspiros perfumados,
que as flores da vida exalam
das margens filigranas de momentos,
de tardes ensolaradas
por bulícios de emoções,
acalmadas pela serenidade
azulada do luar feiticeiro!
Sou impelido a prosseguir,
pelo sopro da brisa,
que me traz o rio turvo pelas mágoas
de outras correntes de paixões
e me separa da outra margem
de sensações ignoradas!
Subitamente, a ponte do futuro alonga-se,
teimoso, avanço...
Quero descobrir o que existe
para lá desta ponte de dúvidas,
mas esta, por razões que desconheço,
me coloca à prova;
Torna-se obstáculo para os meus fins,
quando devia ser o trampolim,
para ultrapassar as mágoas flutuantes
no leito do rio, e atingir o outro lado
do futuro que a ponte domina,
eu, no esmorecimento do meu querer,
sou forçado pelo cansaço, a desistir!

Retorno à estrada de onde vim,
que eu conheço pelos suspiros perfumados
de flores que a vida exala,
deixo que o futuro venha a mim!

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Sei que ela voltará (Áudio)

Brisa, a minha tela (Áudio)

Vontade de navegar (Áudio)

Brisa, a minha tela





Faço da brisa, tela do meu pensamento,
que esvoaça pelo espaço da minha saudade,
diluindo-se nos sons sibilados do vento,
penetrados na minha alma com acuidade!

Emoldurado por cabelos negros,
seu rosto moreno,
as minhas mãos acariciaram,
e, da sua boca perfeita, como cereja,
os meus lábios saborearam seu doce néctar!
Na emoção  que me tomava os sentidos,
eu mergulhava profundamente
no misterioso negro dos seus olhos,
perdendo-me no labirinto
de desatinadas sensações,
onde a razão era a porta da paixão
e a saída a ternura do amor!

...E continuo a fazer da brisa, a minha tela
de raras emoções e inventadas cores,
a musa eterna da minha inspiração é ela,
princesa e rainha dos meus amores!

José Carlos Moutinho

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Este vento que me fustiga





Ofereço o meu peito ao vento sem alma,
numa impetuosidade sem sentido, com raiva,
que eu recebo nesta serenidade que me acalma,
não obstante a força que me fustiga como saraiva.

Talvez seja eu que estou mais sensível,
pela fragilidade dos pensamentos
que me dominam a vontade,
controlam o meu coração cansado
e me deixam a alma em melancolia.

O passado absorve-me,
pela lembrança das emoções vividas,
em momentos que a vida me contemplou
e neste presente nostálgico, a que me dou,
doí-me a razão das alegrias perdidas

Ai...Que dor esta que tanto me aflige,
quisera ser ave noctívaga,
esvoaçando pela noite escura,
em voos iluminados pelas estrelas,
esquecer o passado que me persegue,
encontrar outro rumo ou aventura.

Agora, o vento que me grita e castiga,
Juntamente com a chuva que cai forte,
alaga o meu rosto sofrido pela sorte
e arrasta as lágrimas da minha fadiga.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Vontade de navegar





Sinto vontade de navegar por esse mar cavado,
de fortes ondas de provocação,
enfrentar os gritos da rebentação
e sair desta minha vida cansada!

Desejo-me flutuar nesta espuma de coragem,
acariciado pela maresia que perfuma o meu peito,
pelo vento que sopra sibilante,
e me refresca a alma!

Quiçá, possa abraçar-me às asas das gaivotas
que me sobrevoam em ululante grasnar
e voe por ai, por mundos incertos,
ao encontro de bons momentos certos,
onde a vida seja deslumbrante,
imbuída de paixões soltas,
em amores de sentir vibrante,
gritadas em emoções revoltas,
como este mar de razão exaltada,
que provoca o meu desejo de navegar,
no cantar das ondas, como se fosse balada!

Na ilusão que se apossa da minha alma,
o meu marejar é absorvido pela alva espuma,
que suavemente desliza pela areia calma,
da praia, onde a alvorada não apagou a bruma.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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