Silencio o meu sentir desolado
nas marés de agitadas palavras
trazidas de horizontes perdidos
e soterradas nas areias pasmadas
pelas espumas negras da presunção!
Esvoaçam maresias brumosas
por entre intenções distorcidas
que se colam às mentes perversas
e voam como abutres
em voo picado, mordendo a
sensibilidade
de quem ousa ser diferente
nesse mar de enganos!
Inesperadamente…
No meu pensamento desponta o sol
que serenamente me acalma
e me faz navegar por outro mar,
onde as marés se fazem melodias
e me fazem esquecer as brumas…
…as intoleráveis brumas do
preconceito…
E sorrio-me ao lembrar-me que tudo é
efémero
e as marés irão morrer nas areias
embrulhadas na espuma da inglória!
E penso-me navegante privilegiado,
por velejar em mares amenos
com marés puras e cristalinas.
José Carlos Moutinho