quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Bruma de mistérios



Sentado na falésia eu contemplava o mar
os meus olhos perdiam-se no horizonte,
o tempo ia esmorecendo a tarde, devagar
e ao longe a bruma parecia-me uma ponte

Pouco a pouco o mar cedeu à neblina,
deixei de ver as águas da minha fantasia,
triste, enquanto olhava aquela cortina,
surge uma gaivota cantando uma melodia

Trauteava num tom que eu desconhecia,
e trazia-me uma bela mensagem de amor,
de uma mulher que há muito eu não via
e a gaivota ia voando e voava em meu redor

Seria algum mistério escondido na bruma
ou talvez o feitiço do mar que me extasiava,
agradeci àquela névoa vestida de pluma
que me trouxera a gaivota que me cantava

Bruma de alegria, mar da minha saudade
quero estar com os dois uma vez mais,
desejo voltar a sentir de novo a felicidade
antes que o amanhã não me visite jamais.

José Carlos Moutinho

sábado, 6 de fevereiro de 2016

O perfume das brisas





Quando as brisas tinham outro perfume,
talvez, por que viessem de longínquas atitudes
respirava-se o ar das mariposas coloridas…

Agora, com a confusão dos ventos,
sibilando no desatino dos astros,
instalou-se a confusão nas mentes
e o desassossego dos dias!

Quando eu na quietude do meu sentir,
voava nas asas das minhas utopias
e sorria às flores por onde eu passava,
elas olhavam-me com a ternura
de quem se gosta…
Eu ficava feliz com essa manifestação
simples, como simples é a natureza,
e continuava a voar…
E voava…por que comigo, viajava a alegria
que me forçava a ir mais e mais longe,
até aonde o infinito termina,
ou, talvez, comece, quem sabe…

Já não voo, nem sequer viajo
pelos caminhos da fantasia em mim,
soçobraram-me as vontades,
esmoreceram-me os  suspiros,
murcharam os meus fulgores,
apagaram-se as minhas chamas!

Talvez um dia, retornem as brisas,
mais serenas e com novos aromas
que renovem no meu peito, as esperanças
de me rejuvenescer…
e recuperar tudo o que este tempo me levou.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Bruma do meu mar





A bruma escondia a luz daquele sol
que tentava beijar o azul do mar
e cobria o seu dorso com um lençol
não permitindo o doce navegar…

Um manto cinzento cobria as águas,
antes ondulantes e espumosas
e escondia também as minhas mágoas
nas tardes que se faziam brumosas…

Ai bruma do meu desassossego
vai-te embora e deixa o sol me abraçar,
leva-te junto a esse desapego…

Chama-me ó mar quando tu quiseres,
voltarei aqui pra contigo falar,
teu marulhar diz-me o que tu queres.

José Carlos Moutinho

domingo, 31 de janeiro de 2016

Brumas de enganos






Silencio o meu sentir desolado
nas marés de agitadas palavras
trazidas de horizontes perdidos
e soterradas nas areias pasmadas
pelas espumas negras da presunção!

Esvoaçam maresias brumosas
por entre intenções distorcidas
que se colam às mentes perversas
e voam como abutres
em voo picado, mordendo a sensibilidade
de quem ousa ser diferente
nesse mar de enganos!

Inesperadamente…
No meu pensamento desponta o sol
que serenamente me acalma
e me faz navegar por outro mar,
onde as marés se fazem melodias
e me fazem esquecer as brumas…
…as intoleráveis brumas do preconceito…

E sorrio-me ao lembrar-me que tudo é efémero
e as marés irão morrer nas areias
embrulhadas na espuma da inglória!

E penso-me navegante privilegiado,
por velejar em mares amenos
com marés puras e cristalinas.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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