Eis-me aqui, só, perante as
estrelas,
vagueio o meu olhar pelo
ocaso
e penso-me sombra viajante
abraçado às asas do invisível
e voo, num voo aleatório por
ai,
sem rumo…
é meu companheiro o
pensamento
que me sussurra utopias
em forma de sorrisos…
Tento chegar ao horizonte,
onde num beijo extasiante
o azul do céu
se funde com o verde do mar
num abraço hamonioso…
porém, o canto de uma sereia
fascina-me e ofusca-me a
visão…
A lonjura é constante,
sufoco-me na maresia
da minha ansiedade
e estendo os braços
procurando agarrar as ondas
da minha imaginação,
mas o seu marulhar
opõe-se ao meu querer…
Penso tocar finalmente
com a ponta dos dedos
no marco de cristais sedosos
do porvir
onde o sol se esconde…
Quando repentinamente
em mim, se faz noite,
Adormecera…
José Carlos Moutinho