quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Palavras soltas




Solto palavras, como suspiros,
Que se perdem pelos atalhos das ilusões,
Deambulam por entre sentires
Que se esvoaçam como colibris,
Entre flores, em busca de néctares da vida!

Mas estas palavras caladas,
Esmorecem-se pela ausência dos perfumes
Ressequidos, pelos ventos do tempo,
E amolecem-se em recantos de saudade!

...E recordar como estas mesmas palavras
Tinham a força da alegria,
Conseguiam fazer vibrar corações
Ansiosos pela doçura, com que as palavras
Os acariciavam...

Agora neste tempo, tão sem tempo,
Cansaram-se as palavras,
Que de pálidas cores, vão fenecendo,
Sem a pujança e o arrojo de outrora,
Porque nos atalhos por onde deambulam
Não mais encontram ilusões,
Porque estas, se perderam nos mesmos atalhos,
Dos caminhos, onde as flores perderam o néctar,
E a vida foi finita pelos bicos cerrados dos colibris.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Desentendimentos



Se no esvoaçar das aves coloridas
Pelas emoções do amor incontido
Se acinzentam em nuvens de nadas,
Podem desviar o seu rumo ao futuro,
E somente a luz das estrelas
Da esperança, se fará confiança,
E trará novamente o colorido das sensações!

Toldam-se perturbados, os pensamentos,
Nas negras dúvidas que se fazem anseios,
Leva-nos à perda do encanto dos sentimentos,
Na dor que profunda, cerceia os enleios!

Amar na liberdade de cada um, tarefa árdua,
É como viver na ausência da claridade,
Onde a escuridão se torna dura mágoa,
Que leva inexorável à morte da felicidade!

Ah...como tudo é tão complicado nesta vida,
Onde caminhos de pequenos desentendimentos
Se tornam ingremes montanhas, de dor sentida,
Onde somos folhas secas sopradas pelos ventos!

José Carlos Moutinho.

sábado, 17 de agosto de 2013

Desejo



Ah...como desejei encontrar no meu correio
uma bela mensagem que me falasse do teu amor,
que me dissesse que serás minha amada, sem receio
de que o amanhã, possa trazer algum dissabor.

Que jamais me  trocarias, e fosses minha para sempre,
ainda que as circunstâncias sejam bastante adversas,
mesmo que as carências te forcem a desejo premente,
nunca trocaríamos os nossos caminhos e travessas.

Bem sei que são fantasias, ilusões e quimeras,
seres humanos têm defeitos, virtudes e desamores,
o desejo de hoje é perdido pela ânsia das esperas,
até um "eterno" amor, se perde entre outros ardores.

Dirás que sou um sonhador, irrealista e ultrapassado,
é o meu modo de viver, e de ser como pessoa que ama,
para mim, amar é ser egoísta, no desejo de ser amado,
não fazendo porém,  da paixão e do amor, um drama.

Com o meu carinho e amor, deixo esta informação:
conhecer-te, foi algo que me deu (dá) muita felicidade,
quando estou contigo é alegria é amor, é louca paixão,
perder-te, acredita, meu amor, seria uma fatalidade.

 José Carlos Moutinho

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Desistir de mim



Este silêncio que me murmura palavras caladas,
leva-me em pensamentos solitários em mim
para além do meu horizonte!

Perco-me na visão das folhas secas
que caem das árvores esmorecidas pelo tempo,
Vejo naquelas folhas cansadas
as vontades que de mim se esvaíram,
Tropeço neste meu caminhar
Pelo deserto do meu viver!

Quiçá aquela miragem que tremula lá longe
seja a fonte da água da vida,
escondida no oásis improvável do meu sentir!
Vagueio desorientado sob o calor
que impiedosamente me esgota o futuro,
em arritmia desordenada de esperança,
que se amolece nas areias escaldantes
e me faz render à dura realidade
do desistir de mim.

 José Carlos Moutinho

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Melodias sensuais



Quero inventar melodias das palavras,
Que aconchego no papel branco do meu sentir,
Cantadas ao ritmo apaixonado do meu coração;
Farei delas, sons ímpares, jamais escutados,
Que só a minha amada conseguirá senti-los!

Em cada palavra sonharei uma cor iluminada,
De cada cor, criarei nota musical nunca tocada;
Quando todas as palavras se unirem
E na simbiose das cores com as notas,
Ouvir-se-ão os mais belos cantos de amor
Nas vozes cristalinas dos anjos,
Que ecoarão pelos céus da felicidade,
Acariciados por nuvens azuladas de emoções
E beijados pelo avermelhado sol da paixão,
Em total êxtase, onde flutuará o prazer
Da volúpia, nos acordes transformados
Em delirante clímax...

Acalmam-se os corpos suados
Pela dança sôfrega dos desejos,
Entrelaçados pelo ritmo acelerado
Dos corações;
Relaxam languidamente do delírio
Dos momentos de doce loucura,
Onde a razão cedeu o lugar
Ao prazer dos sentidos,
Nos corpos cansados,
Mas plenamente saciados.

José Carlos Moutinho.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Minha entrevista com Shirley Cavalcante



Jornalista Shirley M. Cavalcante (SMC) entrevista escritor José Carlos Moutinho
      José Carlos Moutinho nasceu no Sobralinho, Vila Franca de Xira, em Junho de 1944.
Com 13 anos partiu para Angola, aonde concluiu os seus estudos secundários.
Em 1973, saiu de Angola, para o Brasil, de onde veio definitivamente para Portugal em 1980. Foi Delegado de Informação Médica. Nos últimos anos, Empresário na área da restauração. Está aposentado. É membro dos “Confrades da poesia”, “Horizontes da Poesia”, “Luso-Poemas”, “Varanda das Estrelícias”, “Academia Virtual Sala dos poetas e escritores”- Brasil
É presença regular em vários locais de tertúlias poéticas:
É membro da ACLAL (Academia de letras e artes plásticas lusófonas)
O seu blog de poemas:

“Não deixem de ler e apoiar a literatura, sem vós, a nossa mensagem em forma de palavras poéticas, não passará,  e sem a literatura, em especial a poesia, o mundo será menos culto e menos sensível aos sentires da alma.”

Boa Leitura!

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PARA VISIONAREM A ENTREVISTA COMPLETA, CLIQUEM NUM DOS LINKS ABAIXO.


Do pensar ao realizar



Por vezes penso que conseguirei escrever algo
De tão diferente, que deixarei todos fascinados,
Pois as palavras que irei aconchegar na folha branca,
Do imaginário papel virtual do computador,
Serão tão sublimes,
Que jamais algum poeta as conseguirá imitar!

Começo a tarefa de captar as ondas das ideias
Que antes navegavam pela minha mente
E colocá-las nas areias serenas,
Acariciadas por alvas espumas,
Aonde se farão poemas!

Ah...mas o que em pensamento era óbvio,
Pela facilidade com que deslizavam
Em palavras de encantamento,
Tornava-se um árduo trabalho, transpô-las
Com toda a sua beleza, para a realidade da escrita!

Estranho paradoxo entre o pensar e o fazer,
Entre a mente e a mão que escreve,
Era tão fácil, e eu tinha absoluta certeza
De fazer o mais belo poema,
Que ninguém mais conseguiria fazer,
Todavia, não consegui mais
Do que estas simples e insignificantes palavras,
Sem qualquer valor poético!

Sinto-me frustrado!
Quero descobrir um modo
De fazer do pensamento,
Palavra escrita e definitiva,
Que não me perca pelos mares do esquecimento
E que as palavras em poesia, não naufraguem,
Antes de atingirem o porto do meu querer,
Em fazer um belo poema.

José Carlos Moutinho.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Sofrimentos



Os dias passam indiferentes à sua dor,
que atormenta, sem piedade a alma, e fere
Profundamente, o seu coração sem pudor,
São castigos infligidos a quem não os quer.

Pergunto-me da razão de tanto sofrimento,
Porquê o azul tão belo dos céus, não abraça
Quem neste mundo, nasceu para padecimento
E somente têm na vida a tristeza como traça.

Revolto-me, no silêncio das palavras mudas,
Que me dominam a voz e me calam o grito
De raiva, para o despertar de orelhas surdas,
De gentes com alma, de amor tão restrito.

Quisera eu, que esta causa não fosse perdida
E que neste mundo de desalentos e vaidades,
Força Divina consagrasse com paixão sentida,
Os que vivem com a desdita das adversidades.

Talvez um dia, mude o destino das nossas vidas,
As dores e sofrimentos acabem, como milagre,
Haja profusão de alegria e felicidade incontidas,
Com dignidade se viva antes que a vida acabe.

José Carlos Moutinho.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Mulher encantos



Mulher de traços finos e bela, com singeleza
O fascínio do seu rosto encantava de certeza,
Ai...o seu sorriso que tanto me cativava,
Nos seus olhos o brilho do mar, cintilava,
Tinha no seu porte a majestade de rainha,
Prometi-me que um dia, ela seria minha.

Conheci-a por um acaso desses do destino,
Nossos olhares se cruzaram, num dia matutino,
Creio que a centelha se acendeu nessa hora!
Nada mais foi igual em nosso modo de estar,
Quiçá, sem sabermos nascia o verbo amar,
Que nos levaria em afectos diferentes de outrora.

Fortemente nascia impetuoso e profundo, o amor,
Nossos corações vibravam com um outro ardor,
Era no abraço que nos unia, que tudo se transformava,
Beijos que se faziam lava pelo fogo das nossas bocas,
Os nossos corpos agitavam-se em ebulições loucas,
Eramos metamorfose do prazer na razão desatinada.

Mudança total em dois seres antes desconhecidos,
Entrega de corpo e alma, em sentimentos incontidos,
Será assim, talvez a loucura do amor com paixão!
Hoje vivem em permanente felicidade e harmonia,
Os seus pensamentos, são constantes em sintonia,
Mistérios sem resposta sobre as coisas do coração.

Só o tempo poderá garantir ou não, esta felicidade,
Com respeito e tolerância poderá tornar-se eternidade,
Embora as pessoas, problemas, adorem inventar
Com um pouco de boa vontade e cedência sem orgulho
O entendimento é possível, sem arrufos nem barulho,
E as alvoradas da vida, sejam eternas em doce amar.

 José Carlos Moutinho

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Minha menina, mulher



Porque será que me chora a alma deste jeito
talvez seja pela ausência da mulher amada,
e pela carência doce de um simples beijo
que a minha alma se sente tão amargurada.

Quando a vejo, vibra excitado o meu coração,
fico na expectativa do que possa acontecer,
aperta-se-me o peito, dorido, por tanta emoção,
espero ansiosamente o que ela me quer dizer.

Fascina-me olhá-la no seu elegante caminhar,
dos seus lindos olhos absorvo o brilho da paixão,
talvez seja total comprovação do que é amar,
ou talvez eu ainda viva no mundo da ilusão.

Entro em terna volúpia quando a vejo sorrir,
é como sentir em mim, o sol em doce afago,
do seu rosto recebo o colorido de belo florir,
levo-me pelo surreal onde as mágoas eu apago

José Carlos Moutinho.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Juro que tentei sorrir







Tento sorrir...
Garanto-vos que faço um esforço para o fazer, mas os meus lábios contraem-se num esgar de suplício.
Mentalizo-me fortemente, para me concentrar de que devo sorrir, porém, é tarefa inútil, difícil, quase impossível.
Confesso-vos que não entendo a razão, se até achei engraçado o que acabei de ver:
Um sujeito maltratava uma senhora, só porque ela lhe deu um encontrão ao desequilibrar-se, quando descia uma escada. Era mal-educado, numa autêntica cena de violência em filme de péssima qualidade!
Eu deveria sorrir perante tanta perfeição representativa, mas não, não conseguia.
E mais à frente uma outra situação hilariante, e nada de me fazer sorrir.
Então não é que na confusão do trânsito, um Xico esperto, ultrapassou outro, de forma perigosa, quase roçando a frente do carro ultrapassado
e em seguida, não satisfeito com a proeza heroica de exímio condutor automobilístico, chamou-o de azelha e burro, ainda vociferando mais uns adjectivos simpáticos: És um nabo, pareces uma lesma, andas a dormir!
Era cena para eu me rir ou não?
Comecei a preocupar-me se eu estaria insano, ou o que eu via não era suficientemente cómico, para me rir?
Desisti de me animar e alegrar-me com tão belas cenas e convenci-me de que eu estava mesmo perturbado, não era normal, eu não rir a bandeiras despregadas, perante os actos, tão hilariantes e demonstrativos do bom humor e educação cívica dos intervenientes!
Eu era de outro mundo, sem dúvida e fiquei-me por ali, sem rir, com cara de poucos amigos, por não achar graça ao que era engraçado.

José Carlos Moutinho

domingo, 4 de agosto de 2013

Realidade ou utopia



Quero arrancar do meu peito
as folhas secas das ilusões perecidas
nos estios das vontades perdidas!

Quero que nova brisa
acaricie o meu sentir e me liberte
Dos galhos retorcidos das tardes doentias!

Farei do meu coração sorridente,
esperança de um advir colorido
que me traga pétalas
de realidades, sem fantasias,
que faça das desilusões, aves
migratórias, voadas para desertos desnudados
pelos ventos sem retorno!

Gritarei bem alto,
abraçado pela solidão das falésias,
escutando o marulhar do mar imenso,
que me sussurra palavras perfumadas de maresia,
Receberei de alma aberta e sensível
Os raios reflectidos no dorso alvo
Das ondas, que em doce coreografia
Se vêm espreguiçar nas areias!

Quero fazer-me um ser diferente,
de sentimentos raros,
em profunda harmonia com a felicidade,
Esquecerei utopias e quimeras,
farei da vida,
o que a vida quiser fazer de mim.

José Carlos Moutinho

sábado, 3 de agosto de 2013

Felicidade



Dos dias cinzentos, vieram tardes solarengas,
Da alegria antes mortiça e cansada,
retornou a felicidade e a esperança,
Da tempestade dos sentimentos inquietados
ressurgiu a bonança da paixão latente,
Das flores que iam secando
pelos ventos confusos da mente,
desabrocharam belíssimas pétalas de encantos
em impressionante simbiose de cores e cheiros,
Do sorriso fechado pela tristeza da decisão,
Acendeu-se na sua plenitude a luz do amor,
Dos olhos cansados, esmorecidos
pela dúvida comportamental,
fez-se alvorada cintilante
que se reflectia num rosto antes fatigado,
agora, em pleno fulgor de incontida alegria!

Perdem-se momentos únicos
por caprichos ou preconceitos,
Pensa-se que se vive eternamente
e desperdiçam-se instantes de felicidade,
Porque a felicidade são esses instantes
e na perda de cada um,
agoniza lentamente o coração!
E...Meu Deus...
Quando essas perdas são exageradas,
simplesmente fenece a alma!

Deixa-se de viver
e passa-se a vegetar,
O amor é alavanca que tudo movimenta,
É a essência da vida.

José Carlos Moutinho.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Cansado






Estou cansado!
Nem sei do que é que eu estou cansado,
Só sei que estou cansado de estar cansado!
Estou cansado das lamúrias do vento,
Da falta do sorriso do sol que se esconde,
Da ausência do luar azul, que lamento!

Estou cansado das críticas
De quem pensa que tudo sabe,
Canso-me em agradar e já não me acalma,
Ser apelidado de arrogante e presunçoso,
De querer mostrar o que me vai na alma
E acharem que o faço por ser vaidoso!
Confesso-me cansado...
De estar cada vez mais cansado,
Receio que este meu cansaço
Me leve a um outro cansaço eternidade,
De não acreditar que exista mais humildade,
Que a amizade esteja moribunda,
Ou sepultada em terra infecunda!

Ai, Meu Deus, como eu estou cansado...
Caminho exausto por caminhos sem fim
Sem forças, desisto, totalmente esgotado!

Só de imaginar já me sinto cansado
Se o amanhã me irá cansar ainda mais,
Assusta-me adivinhar
Se não estarei eu tão cansado,
Que insistir em viver neste mundo de tantos ais
Valha o cansaço de realmente continuar.

 José Carlos Moutinho

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Contrariedades



Porque corre tão depressa o tempo
que se escusa no querer do nosso tempo,
Porquê as horas parecem minutos
quando a felicidade é nossa companheira,
E os minutos são eternos
na lentidão das nossas dores!

Luar de azul sereno
que pode abraçar a alegria
como acolher o choro da tristeza,
Sol que brilhante e escaldante
é incapaz de aquecer corações
sofridos pelo gelo da indiferença!

Chuva que cai suavemente,
em gotas que se misturam com lágrimas
e deslizam geladas por rostos cansados!

Ruas em bulício que abafam prantos,
Flores perfumadas e coloridas,
inúteis em dar às vidas sem vida
aromas e cores!

Chão duro, de asfalto negro
cor da morte da esperança
no caminhar da injusta desigualdade!

Céus de matizes celestiais
que a todos quer iluminar,
mas as tardes cinzentas
a tantos tenta contrariar.

 José Carlos Moutinho

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Se poeta eu fosse...



...Gostaria dizer ao mundo
quão importante és tu para mim,
faria só para ti, canções de rara beleza
que emocionassem as estrelas,
com versos que exaltassem a minha paixão
e soltá-las ao vento,
para que cruzassem oceanos e mares
e encantassem os incrédulos
dizendo-lhes que o amor existe e está em nós!

Ah...como eu gostaria, dizer-te
em palavras por inventar,
quanto o meu coração vibra,
só de olhar o teu sorriso fascinante,
Mas falta-me inspiração,
as palavras emudecem
na minha boca, ávida da tua,
no ardor que me ruboriza o rosto,
por tanta paixão e volúpia!

Fico-me pelo silêncio que só tu sabes ouvir,
porque é o segredar da minha alma
em devaneio do amor em nós.

 José Carlos Moutinho

Enfarte



Dizem os poetas, alguns nem todos
que ardor no peito pode ser de paixão,
penso que serão palavras de engodos,
na verdade não têm nenhuma razão.

São poéticas as palavras com ardor,
porque no enlevo do sentimento
elas rimam docemente com amor,
mas dolorosas quando há sofrimento.

Quando na aflição causada pelo ardor,
nos faz pensar na fragilidade da vida,
não é certamente por sentirmos calor,
antes será por terrível dor incontida.

Momentos que nos assustam com pavor,
suores que nos alagam e nos anulam,
tensão arterial em queda, puro terror,
somos nada, só os corações é que pulam.

Naquele instante, pensamos no que somos,
entregamo-nos ao Divino e seja o que for,
esquecemos as vaidades do que fomos,
só queremos que jamais volte aquele ardor.

Tudo passa, voltam as vaidades, esquecemos
o que antes, na dor, nos fazia pensar, apavorados,
que a vida é efémera e facilmente a perdemos,
mas somos humanos, que se pensam eternizados.

José Carlos Moutinho.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Amor em exaltação




Rugem trovões, caem raios e coriscos,
mas o teu amor a tua luz são o meu caminho,
contigo enfrentarei todos e quaisquer riscos,
mesmo que atalhos me façam andar devagarinho.

O teu sorriso, com o teu abraço, são meu afago,
em ti encontro o meu porto de abrigo, sereno,
a tua imagem está presente nunca a apago,
porque tu és o meu chão, o meu doce terreno.

Abraçar-te e estar em ti, quão sublime prazer,
quisera que o tempo parasse à nossa volta,
só tu e eu em total delicia do nosso querer,
na volúpia do nosso desejo e paixão à solta.

E que o mundo gire louco, sem desatino,
porque o nosso amor a tudo isso se alheia,
encontrámos na harmonia o nosso destino,
viveremos com o doce mel da nossa colmeia.

Coisas simples da vida se fazem importantes,
se a compreensão e o amor estão presentes,
a alegria e felicidade fazem-se exultantes,
nestes pequenos sentires de saudáveis mentes.

José Carlos Moutinho

Essência



Que o vento deixe de soprar furioso,
que se calem as vozes do desespero,
que emudeçam as aves canoras,
que o sol se esconda
nada, desse todo, me importa!

Sou a folha que voa em busca do nada,
respiro o silêncio da minha acalmia,
levo-me em pensamentos vazios!

Sou metáfora dos meus sonhos
metamorfose da minha vontade irreal
sou utopia ou quimera inventada!

Que me importa a mutação do mundo
ignoro se o luar se apagar
e as estrelas deixarem de brilhar,
não me afecta que as flores esmoreçam
e que os aromas se tornem inodoros,
ignoro as noites de breu
e os dias ensolarados!

Nada me perturba, porque não sou matéria
Sou tão-somente, simples essência.

 José Carlos Moutinho

Dói-me a alma



Porque será que nos dói a alma
e o nosso coração entristece
quando devia estar feliz,
por amar e ser amado!?
Porque se nos contrai o peito
em calado sofrimento
que nos faz desejar partir
sem sabermos para onde!?
Porque será que a tristeza
que nos invade e dilacera os pensamentos
nos penetra bem fundo
e nos atormenta a vontade,
que se faz descontrolada
pelo desatino da nossa essência!?

O nosso sorriso que devia ser sol,
acinzenta-se, como tarde invernal
e as palavras que se emudecem
na fragilidade do nosso sentir
visitam-nos silenciosas e perturbadoras!

Olhamos a vida que nos rodeia,
esmorecidos pela frieza das cores opacas
da nossa angustiante ansiedade!
Pensamos num estado metafísico
que nos liberte da pressão
das amarras que nos torturam!
Que possamos navegar em céus
de mares com aromas de maresia
acariciados por nuvens coloridas!

Doí-me a alma, contrai-se-me o coração
sufoca-me o ar que respiro,
quero sair de mim,
desejo um novo advir
onde a felicidade seja livre e plena.

José Carlos Moutinho.



domingo, 28 de julho de 2013

Escurece-me a alma



Escurece-me a alma,
numa tristeza
que penetra fundo no meu pensamento!
É uma dor silenciosa
que me vagueia pelo corpo,
num desatino de calado sofrimento!

Meu coração chora numa melancolia
que o sufoca
e o faz sentir-se perdido
no mundo incompreendido dos sentimentos,
numa simbiose de dor e tristeza,
que me leva por caminhos de desespero,
e, trôpego, penetro em atalhos de incerteza
na busca da serenidade
que se me escapa como areia entre os dedos!

Receio não resistir a tanta desilusão!

Naufrago desorientado neste mar
de ilusões em que naveguei feliz,
talvez seja meu destino mergulhar
nas profundezas da frustração
e afogar as mágoas
que me contraem terrivelmente o peito
e no abraço das águas, ser envolvido
pela paz espiritual
em outra dimensão,
isenta de preconceitos.

José Carlos Moutinho.

sábado, 27 de julho de 2013

Alvorada de sentires



Acordei sorrindo feliz,
A minha alma era invadida
por uma sensação suave de paz!

Sentia em todo o meu corpo
uma energia única, indescritível,
A alvorada que despontava
com belos raios cintilantes
que eu recebia através da janela do meu quarto
eram como sinais de alegre emoção!

Vibrava o meu coração feliz
porque estava em mim
o calor da minha amada,
que ausente,
me enviava aquela luz repleta de amor
para que eu me sentisse mais amado!

Fascinava-me toda aquela força mental
pela carícia do abraço do sol nascente
que se colava nas paredes do meu quarto,
como presença de seres protetores do nosso amor!

Atónito por esta visão,
mas de coração repleto de felicidade
deixava-me tomar por inteiro
pelos pensamentos que se sintonizavam
com os da mulher
minha menina amada
em total empatia de sentires.

 José Carlos Moutinho

Céus de quimeras



Sopram-me sibilantes ventos
de descontentamento surdo,
que me calam fundo a alma
e me apertam o peito
em asfixia silenciosa...
Respiro ar seco, rarefeito
de sensações mudas
oprimidas por emoções perdidas
em noites de desalentado breu!

Quero fugir não sei para onde,
trôpegas as minha pernas
recusam-se libertar-me,
Tento impor a minha vontade,
mas esta, esmorecida
deixa-se cair em pranto sofrido

Soluço na dor que aflige o meu sentir
grito às nuvens que me olham
também elas, caladas e silenciosas
oferecem-me o silêncio como resposta!

Desespero-me nesta minha situação
de conflitos e paradoxos
busco utopias através dos meus pensamentos
acorrem-me tristezas e frustrações

Anseio pela acalmia do luar
que me proteja desta carência
de afectos e amores,
que finalmente eu consiga fugir para longe
e voar por entre céus de quimeras.

José Carlos Moutinho.

Porque escrevo



Escrevo,  escrevo...
Muitas vezes insanamente
porque as palavras brotam de mim,
como pétalas no desabrochar das flores,
não sei responder porque o faço
e o que me leva a este anseio
de deixar voar este meu sentir
nos ventos desconhecidos
por mundos que me ignoram!
Pergunto ao meu silêncio
porque escrevo,
se tantas vezes não sou lido,
e outras tantas, dizem gostar,
quando nem sequer leram o título!

E continuo a escrever...
Sem saber se o faço para mim
ou para quem não me lê!
Mas continuarei a escrever,
porque acredito que exista alguém
que se sinta aconchegada
ao carinho das minhas palavras
e se alegre com a minha mensagem
que lhes afague a alma
e faça sorrir o coração,
por vezes sofrido, pelo desamor!

E escrevo...
Porque, com a minha escrita,
em simples e sentidas palavras
em algum lugar, alguém se sentirá feliz
com o segredar da minha alma
em doces palavras de poesia!

Porque acredito nessa felicidade
que  transmito aos poucos, que me leem,
continuarei teimosa e insanamente
a escrever, até à minha finitude.

José Carlos Moutinho    

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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