terça-feira, 4 de agosto de 2015

Desvarios






Apetece-me rasgar as folhas
que se interpõem no meu caminho
e ofuscam a visão do meu horizonte!
Apetece-me secar as gotas da chuva
que me molham os pensamentos!

Ah…Como me sinto em desvario
neste desassossego de vida vazia,
onde o sol se apagou,
as alvoradas se recusam
a renascer em cada novo dia,
e o gorjeio das aves se calou,
e as pétalas das flores se reclusam!

Quero soltar o grito estrangulado
que me comprime o peito cansado,
sentir o ardor de nova paixão,
nos poros fechados pela desilusão!

Desejo divagar por vales de esperança,
onde os campos floresçam de ilusões,
aninhar-me em trigais de temperança,
sonhar novos anseios em ternas emoções!

E é no mar, do meu silêncio e acalmia
que desabafo as dores da minha solidão,
com murmúrios abafados pela agitação
das ondas, que me perfumam com maresia,
na caricia da brisa, que me acaricia a alma,
encontro a serenidade que se fazia arredia
do meu agitado coração, que agora acalma.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Aves negras


Nas florestas da vida
voam aves de rapina
usurpadoras da serenidade
que batem as asas soltando penas,
penas negras com a acutilância de garras
que perfuram, imbuídas de ímpios sentimentos
corpos delicados da sensibilidade…
são aves que voam com o sorriso da hipocrisia
e se escondem nas brumas da realidade!

Dizem-se gaivotas de asas brancas
de alma generosa e compreensiva,
mas chafurdam nas pocilgas da mentira,
batem asas e fogem, se sopradas pelo vento
do mar perfumado de maresia da franqueza!

E as florestas que nos oferecem escolhas
de atalhos e caminhos floridos pelo sol,
leva-nos a receber a amizade de braços abertos
e fazer da sinceridade a difícil e longa  ponte
que nos deve unir a todos como seres humanos,
embora por vezes discordantes…
pois a razão não é pertença de ninguém
mas a dignidade sim, que é dever de todos.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Adormecera





Eis-me aqui, só, perante as estrelas,
vagueio o meu olhar pelo ocaso
e penso-me sombra viajante
abraçado às asas do invisível
e voo, num voo aleatório por ai,
sem rumo…
é meu companheiro o pensamento
que me sussurra utopias
em forma de sorrisos…

Tento chegar ao horizonte,
onde num beijo extasiante
o azul do céu
se funde com o verde do mar
num abraço hamonioso…
porém, o canto de uma sereia
fascina-me e ofusca-me a visão…

A lonjura é constante,
sufoco-me na maresia
da minha ansiedade
e estendo os braços
procurando agarrar as ondas
da minha imaginação,
mas o seu marulhar
opõe-se ao meu querer…

Penso tocar finalmente
com a ponta dos dedos
no marco de cristais sedosos do porvir
onde o sol se esconde…
Quando repentinamente
em mim, se faz noite,
Adormecera…

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Ciclo do tempo



Esmorecia a tarde nos braços do tempo,
solidário, o horizonte deixava-se escurecer
levando consigo a cor do mar
escondida no azul do céu
matizada de amarelo-laranja
do desfalecido pôr-do-sol…

O ciclo do tempo na sua suave rotação
cumpria a missão da mudança
num fenómeno repetido a cada 24 horas
e que a nossos olhos
quase passa indiferente
e só ocasionalmente
nos leva a contemplar
o fascínio da mudança do dia para a noite,
da luz cintilante e calorífica do sol
para a escuridão temerosa da noite
ou até para a clara serenidade do luar…

É a vida na sua pujança
que nos oferece graciosamente
na palma da mão a  fascinante beleza
de uma Natureza maravilhosa
em que nós somos fugazes viajantes
de passagem…

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Faço versos



Queres saber de uma coisa  amigo
eu faço versos a ninguém
e entrego-os alegremente ao vento
para que ele os leve consigo
e os ofereça, se quiser a alguém.

Se por acaso o vento que voa
ninguém encontrar pelo caminho,
que deixe meus versos voarem,
talvez alguma pessoa boa
os encontre e os leia baixinho.

Escrevo poemas por gostar
com as palavras crio fantasias,
já plantei metáforas no meu jardim,
colhi rosas com pétalas cor do mar,
boas ou más, gosto das minhas poesias.

Serei sonhador de um mundo irreal,
não me importa o que possam pensar,
sei que sou como sou e gosto de ser,
podem falar bem de mim ou até mal,
jamais, a todos, conseguirei agradar.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Sorrir na tristeza


Se meu coração se entristece
mas o meu rosto sorri
não sei de que mal ele padece
por que eu sou assim e jamais o escondi…

Tantas vezes, eu ao meu coração peço
que se anime e me sorria
terá ele a razão que desconheço
ou será que tem alguma mania…

Desisti de lhe chamar a atenção,
agora obrigo-o a ser sorridente
mesmo que não tenha emoção
é seu dever estar sempre contente.

Juntos somos harmonia de felicidade,
sorrimos os dois ao mesmo tempo
peço a ele (coração) que diga a verdade
por que se tristeza vier, eu a afugento.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Encanto do Luar





É nas noites de luar
que meu coração acalma,
meu sentir deixa-se levar
p’lo sorriso da minh’alma
e das estrelas a cantar.

Sinto-me levitar
em estado de graça,
sou como um astro a voar
que a todos quer e abraça
em doce anseio de amar.

Sou sonhador sim senhor,
não vejo nisso, nenhum mal,
minha essência é amor
não há nada de anormal
em viver neste pendor.

Sou uma alma sorridente
de bem com o mundo,
sou alegria presente
com o afecto profundo
do meu sentir latente.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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