domingo, 21 de fevereiro de 2016

Lembrança adormecida








Ditosos  eram os dias daquele tempo

da juventude rebelde e muito feliz,

tão perto na memória e longe em lamento

que sinto, por não ter feito tudo que quis.



Ainda sinto o aroma das belas acácias

que perfumavam a ilusão dos meus sonhos

coloridos e inocentes sem falácias,

onde jamais cabiam os dias tristonhos.



Ai saudade, que moras no meu coração

tem pena da minha dor e vai-te embora

não adianta sofrer pelo que vivi outrora…



Foram anos de amor, quimeras e paixão

que passaram velozes na minha vida,

agora…deixo a lembrança adormecida.



José Carlos Moutinho

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Soneto




Voei sobre marés de belos sonhos
descansei nas areias das ilusões
nas praias vivi instantes risonhos
as ondas traziam-me recordações

Bem sei que seriam puras fantasias
creio na utopia inocente do sonhar
dizem que sonhar é viver magias
sonhemos então com o verbo amar

Eu pobre sonhador que  tanto amei
carrego o engano da minha ilusão
sufocando os ais do meu coração  

Um dia, deixará de haver razão e lei
Tudo não passará de lembranças
Pela estrada etérea das mudanças

José Carlos Moutinho

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Vagueio





Enquanto as cores esmorecidas do fim do dia
se vão diluindo no negro da noite,
eu, sentado na cadeira das memórias,
sob o alpendre da vida,
vou deixando o meu pensamento vaguear
pelos corredores da imaginação!

Absorvo a luz daquele sol cintilante
que me entra pelo peito,
como um sonho, antes sonhado,
e, invento mares de águas cálidas e serenas,
o pôr-do-sol de cores únicas,
vestido de sedas vermelho/amareladas,
vejo a imagem cristalina do luar,
que me murmurava palavras quiméricas…
E sinto o perfume
das acácias vermelhas
que floriam nas primaveras
da minha juventude!

Como saindo de uma doce letargia,
aspiro profundamente o ar da minha ilusão,
cerro os olhos,
sorrio feliz na saudade mitigada,
e esqueço o mundo.

José Carlos Moutinho

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Se souberes, amigo






Diz-me tu, meu amigo, se souberes,
a razão da ira deste vento norte
que me sopra em dias de acalmia,
se eu somente quero o sol,
nas tardes cinzentas de invernia.

Quando as noites chegam cansadas,
olho o céu e vejo o luar escondido,
assustam-me as marés desgovernadas
que parecem querer implicar comigo.

Se na verdade me disseres, amigo,
por que o tempo se revolta comigo,
talvez eu consiga viver em sintonia
e esquecer esta provocante ventania.

Se resposta não tiveres, meu amigo,
o que é natural, pois és igual a mim,
que não passo de um átomo perdido
nesta globalidade imensa e sem fim.

Então que venham marés e ventanias,
serei sempre o mesmo louco sonhador
voando pelos céus das prosas e poesias,
até que o viver deixe de ser uma dor.

Inventarei o sol nos dias escurecidos,
nos temporais rirei com as frias águas,
ousarei fazer dos dias entristecidos,
mar, que leve para longe minhas mágoas.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Voei nas asas de um livro





Caminhava eu feliz
pela serenidade da minha vida,
quando de repente, tão de repente
como o sopro do pensamento,
decidi voar pelos céus dos sonhos
e nas asas de um livro,
voei por entre palavras e estrofes,
abracei-me à poesia
adormecida em mim…
E que, de repente, tão de repente
renasceu ansiosa
sorrindo ao sol que a acalentava,
deixando-se levar num voo doce e rápido,
atingiu a lonjura…
Parecia irreal, talvez até surreal!

E as minhas palavras que se ausentaram
por tantos anos do alvo papel,
despertaram da minha distante adolescência,
atreveram-se  numa temeridade inabalável
e…simplesmente voaram…
voaram nas asas de outros livros,
comandados pelo primeiro, com autoridade
e todo o respeito que lhe é devido!

E eu, que de repente, tão de repente acordei
de um sonho nunca sonhado
mas que se tornou realidade,
estou eternamente grato
ao meu primeiro voo
nas asas do “Cais da Alma”

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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