domingo, 27 de setembro de 2015

Tanta maldade





Por que existe em ti tanta maldade,  irmão
se na bondade está o sorriso da vida?
não ajas com ódio, mas sim com paixão
ama quem te rodeia, de maneira sentida.

Não te arrastes pelas veredas dos preconceitos
solta do teu peito os suspiros da felicidade,
acredita que em ti, há mais virtudes que defeitos,
vive com harmonia, sorri à vida com sinceridade.

A tua passagem por este mundo, irmão, é curta,
faz da tua força física a luz para a tua eternidade
não a uses para demonstrares a tua razão bruta
por que jamais conseguirás viver com serenidade.

Podes até, irmão, achar-te mais audaz e inteligente,
se te olhares no espelho, poderás ver outro alguém,
nascemos iguais em corpo de criança bela e inocente,
a maldade e a inveja não engrandecem ninguém.

Modera tua presunção, agressividade e arrogância,
não és absolutamente nada nesta passagem terrena,
és simples folha que secará na árvore da circunstância
que um dia voará ignóbil pelos céus, de tão pequena.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Prenúncio de Outono





Sei que espreitas, Outono
por entre os dias frios deste verão,
não tenhas pressa, acalma-te,
deixa que as folhas permaneçam verdes
e abraçadas às árvores, da mãe natureza,
terás muito tempo para as matizares
com tuas belas cores da saudade,
saudade da Primavera e talvez deste verão
que vai esmorecendo
nos dias do tempo…

Quando chegares, Outono,
faz por esquecermos as mágoas
plantadas no estio da amargura
que o fogo dizimou…

Matiza-nos os sorrisos
com o colorido da vida,
afaga-nos na carícia das folhas
que voam livres,
fugindo da estação cansada
que ficou lá atrás…entre ti e a Primavera!

Vem Outono, que és bem vindo,
sabes bem que deslumbras…
Para mim, Outono só perdes em beleza
para a maravilhosa Primavera…
Vem, Outono, de serenas matizes,
Espero-te!

José Carlos Moutinho
5/9/15

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Foste flor




Deito-me na cama vazia
teu corpo  é meu pensamento
sinto a dor que não queria
minha vida é um tormento

Foste flor que eu desflorei
hoje és rosa ressequida
foste rio onde naveguei
hoje és ilusão perdida

O tempo é meu parceiro
nas caminhadas da vida
o teu olhar feiticeiro
é emoção mentida

O teu doce perfume
que eu inalava com anseio
é saudade e azedume
quero esquecer o teu enleio

José Carlos Moutinho

sábado, 19 de setembro de 2015

Assim é o fado





Digam lá o que é o fado…
será uma triste canção
cantada em tom magoado
ou alegre na voz da paixão

O fado é um grito da alma
que encanta e emudece,
ouvido em silêncio, acalma
qualquer tristeza se esquece

O fado nasce da poesia
a que o fadista dá garra,
a viola faz parceria
com o trinar da guitarra

O Fado agora é do mundo
ganhou asas e voou,
é nosso orgulho profundo
raiz da pátria que sou

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Mutações





Voavam livremente, soltos
como pétalas de sorrisos
os murmúrios que a brisa
carregava nas asas do tempo…

Inquietava-se o sol escaldante
pelos cintilantes reflexos
que se desprendiam do dorso do mar
e esvoaçavam pelo céu
indo abraçar-se às falésias 
que as horas silenciavam…

Entardecia rapidamente
no desassombro do horizonte,
que, de braços abertos, escondia o sol
e sorrindo ao matizado da mudança,
beijava o cinzento que se fazia noite…

O milagre repetia-se…
Da luz fazia-se escuridão
e esta, quase envergonhada
dava a vez a uma luz ténue azulada…
Nascia o luar de encantamentos
de feitiços e de mistérios
de amores e de paixões
de imaginações e quimeras…

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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