sexta-feira, 27 de março de 2020

Calemas

Para quem não tem possibilidade de obter o livro físico, tem a opção do digital (e-book)

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568 VISITA A TAROUCA-4k de José Carlos Moutinho-Coletânea António Teixei...

Turbilhão do momento

Turbilhão do momento

Queria escrever um poema
com a simplicidade da vida,
um poema que falasse, inocentemente,
das estrelas e do luar
que sempre me encantaram,
do perfume da maresia
que me aromatiza a alma,
que falasse também, das coisas boas
e dos amigos sinceros, 
até mesmo aqueles que se fingem amigos,

um poema tão singelo, como as palavras,
mas...estas escusam-se,
não sei bem se, por medo,
ou por falta de inspiração,

a verdade é que o poema esmorece
no tardio do tempo,
e resguarda-se no recanto da esperança,
ansioso de que as palavras se encham
de coragem e gritem ao mundo
que estão vivas e saudosas da poesia,

até lá, fica este esboço de poema, 
que, humildemente aguarda
que passe o turbilhão do momento

José Carlos Moutinho
27/3/2020

quinta-feira, 26 de março de 2020

Mudanças

As ruas esvaziaram-se,
o asfalto tornou-se mais negro,
a calçada mostrou todo o seu brilho
pela ausência de pés que o encobrisse,

gente que agitava a cidade
estão confinados por precaução,
porque momento é terrível e raro,

o medo é muito,
a inquietude, pavorosa,
os corações fremem,
a angústia sobrevoa o ar que se respira,

a esperança é ainda, ténue
mas jamais morrerá,
porque não será um cobarde vírus
que abalará a força humana

com a nossa precaução, 
estando comodamente em casa,
vamos vencer este miserável!

José Carlos Moutinho
26/3/2020

Bom dia, gente

Ainda que a inquietude
esteja presente nestes momentos,
temos de ser resilientes, com atitude
para tentar esquecer os tormentos,
e para quem tem arte e virtude
de criar poemas sem lamentos,
escrever sobre o que veio da longitude
é um modo de luta, com argumentos

José Carlos Moutinho
26/3/2020

quarta-feira, 25 de março de 2020

Atitude

...
Trilhamos caminhos do medo
nestes momentos de inquietude
não seremos jogados no lajedo
se isolamento for nossa atitude

José Carlos Moutinho
25/3/2020

Vulneráveis

O que somos nós, 
pobres viventes, 

se não simples passageiros 
nesta terra de dores e encantos, 
tão frágeis como suspiro 
tão arrogantes como vendaval?

Ai, se conseguíssemos parar e pensar 
um pouquinho só, em cada dia, 
entregarmo-nos à nossa insignificância 
e reflectir do que vale a pena 
para que se viva, minimamente feliz...

não...preferimos 
correr em desatino, 
buscando o improvável, 
num anseio desmedido, 
por vaidade, poder 
e protagonismo!

Somos, porém, 
tão...tanto e tão nada, 
poderosos e de fragilidade efémera, 
génios do bem e do mal, 
famosos e desconhecidos, 
presunçosos e humildes,

quem somos afinal, 
se não vulneráveis seres 
que sucumbem perante 
um invisível vírus? 

José Carlos Moutinho 
25/3/2020 

Proibido o plágio 
ao abrigo do Decreto-lei nº 63/85 
dos direitos de autor

terça-feira, 24 de março de 2020

Saudades


Reflexão minha

Na calamidade...
cala-se a arrogância
despe-se a vaidade
anula-se a presunção
une-se a humildade

se na calamidade...
fosse obrigatório 
a humanidade humanizar-se...
talvez a calamidade fosse útil,

assim, como nada se altera 
na humanidade
que desapareça a calamidade

José Carlos Moutinho
24/3/2020

Saudades

Tenho saudades 
dos parceiros tertulianos, 
dos anónimos que passam nas ruas, 
do bulício da cidade, 
e especialmente 
dos amigos que sei serem!

Tenho saudades 
daqueles que me acham arrogante, 
dos que me olham com despeito, 
daqueles que me criticam pelas minhas costas 
e especialmente 
de todos os que gostam de mim!

Tenho saudades 
da convivência com gente, 
de aspirar a maresia, à beira mar, 
do abraço apertado 
e até daquele abraço flácido, 
quase inerte! 

Tenho saudades 
das conversas amigáveis, sem vírus, 
dos sorrisos sinceros, 
das palavras de amizade 
e do tempo mais salutar que o actual 

José Carlos Moutinho 
24/3/2020

domingo, 22 de março de 2020

Tu aí

Tu que te vestes de indiferença 
perante os teus semelhantes, 

olha em tua volta, 
desperta para a realidade 
e pensa, com franqueza, 
se a tua pose bacoca 
tem algum valor 
perante a calamidade 
que nos atormenta... 

Já pensaste? 
Então desce desse teu pedestal oco, 
e entende que ninguém 
é mais que alguém 
somos todos tão frágeis, 
tão passageiros 
como o próprio vento!

Nada trouxemos, nada levaremos, 
ficarão para a eternidade 
a dignidade e as obras,
essas terá sido a importância 
da tua presença 
neste mundo de desvarios

José Carlos Moutinho 
22/3/2020

sexta-feira, 20 de março de 2020

Tempos de inquietação

Democraticamente a liberdade 
foi, provisoriamente, cerceada, 

e porque a cidade dorme 
o medo passeia-se provocador 
pelas ruas desertas 
tentando insinuar-se perante os mais frágeis 
que, resilientes enfrentam provações,

o silêncio produz um som estranho, 
que penetra insistentemente, os pensamentos 
transformando-os em onda simbiótica 
de acalmia, inquietação 
e muita esperança, 
imbuídas numa profunda fé!

E a cidade, apesar de a alvorada 
ter nascido há algum tempo, 
mantém-se em sonolência, 
só o medo continua a vaguear pelas ruas, 
agora menos desertas, 
saudosas do bulício!

Há no ar uma invisível nuvem 
de solidariedade e humanização, 
levando, certamente a muita reflexão, 
que, infelizmente, acabará, 
talvez, quando a cidade acordar 
e a desumanização retornar!

José Carlos Moutinho 
20/3/2020 

Proibido o plágio 
ao abrigo do Decreto-lei nº 63/85 
dos direitos de autor

quarta-feira, 18 de março de 2020

Quem serei?

Quem serei eu
que me encontro
em pensamentos perdidos
pelos rumores dos tempos,
serei o divagar do meu subsconsciente
ou os pensamentos que estão em desvario?...

Não sei, francamente
penso-me nos caminhos pedegrosos,
das flores sem jardim
e dos campos vazios de ilusões,
que de mim se ausentaram
e ficaram pelo caminho
do tempo que me acompanha

José Carlos Moutinho
18/3/2020

Açambarcar

O momento é triste, de reflexão
é de consciência e total civismo,
juntos salvamo-nos e à nação
individualismo é puro egoísmo

Açambarcar é doença mental
é a arrogância da ignorância,
solidariedade significa a moral
de quem entende circunstância

José Carlos Moutinho
18/3/2020

terça-feira, 17 de março de 2020

O bicho que não brinca


E é assim que a arrogância 
se curva aos pés da desgraça, 
na loucura da beligerância 
somos todos da mesma raça

Um invisível vírus miserável 
deixa o mundo atormentado, 
qualquer pessoa é vulnerável 
ante a força desse desgraçado

Ficar em casa, ter muita cautela 
é o remédio mais recomendado, 
esta praga, não é nada singela 
acaba com qualquer descuidado

Sabemos que a aflição vai passar 
assim foi ao longo dos tempos, 
mas enquanto for de acautelar 
deixemos as críticas e lamentos

10 dias tem a minha quarentena 
tento garantir-me, sou reformado, 
tranquilamente com alma serena, 
creio, em breve estará terminado

José Carlos Moutinho 
17/3/2020


Voar

Quisera agarrar as asas do vento,
E voar....
Sem destino,
Atravessar nuvens,
Cruzar por astros e estrelas,
Chegar ao Além...mais além.
Quisera deixar de ser físico,
E transformar-me em espírito.
Deixar para trás desilusões,
Emoções vividas,
E voar... voar,
Livre.
Quisera esquecer
As nuvens negras da tristeza,
E voar, sem destino,
Em busca do nada
Talvez...
Felicidade.


José Carlos Moutinho
In "Cais da Alma"

sexta-feira, 13 de março de 2020

Os do contra

Ser do contra é apanágio
do português, do maldizer,
deseja passar o contágio
de certa doença com prazer

O governo é incompetente,
e o SNS 24 não funciona,
são uma praga descontente
que a frustração sanciona

Para alguns nada está bem,
mesmo que falhas poucas,
nada reconhecem também
a tudo fazem orelhas moucas

Haja decoro, veja-se o valor
da acção dos responsáveis
que trabalham com tal fulgor
são, francamente louváveis2

José Carlos Moutinho
13/3/2020

quinta-feira, 12 de março de 2020

Estou em casa


E voluntariamente fiquei em casa 
não saio à rua, mas vejo o sol, 
e vejo uma gaivota a bater asa 
e no jardim, um lindo caracol

Não quero esse maldito corona 
nem a cerveja do mesmo nome, 
sei que já não posso ir a Roma 
mas livro-me deste síndrome 

Só nos faltava este maldito bicho 
já nos bastava o salário de fome, 
até dispensávamos este reboliço 
temos o Fisco que nunca dorme 

José Carlos Moutinho 
12/3/2020



quarta-feira, 11 de março de 2020

Voltar a ser menino

Queria voltar a ser menino,
só para tornar a ser mimado
nos braços da minha mãe,
para podermos recompensarmo-nos
dos abraços que não demos,
e dizer-lhe o que, talvez,
nunca tenha dito:
*Amo-te, mãe*

--o meu tempo era fugidio,
e a minha mãe seria eterna--,
mas... o meu tempo cansou-se
e a minha mãe partiu!

Ficou a saudade daqueles braços,
dos seus olhares ternurentos
e dos beijos carinhosos
porém, clara e matizada em mim
ficou a imagem da minha mãe!

Nada é, pois, eterno,
nem a minha mãe
nem o meu tempo que fugia de mim
e se escusava ao afecto
que poderia ser dado no outro dia…

outro dia… que nunca mais chegou,
o abraço e o beijo
que não foram dados,
estão guardados na minha memória,
para um dia, quiçá,
poderem vir a ser dados...

José Carlos Moutinho
3/3/2020

terça-feira, 10 de março de 2020

Voltar a ser menino

Palavras vazias

Se eu soubesse escrever, 
criaria com as palavras um mundo 
onde só coubesse a sinceridade,

inventaria um império de emoções 
onde os sentimentos 
não fossem utopia, 

talvez até, com as palavras, 
pudesse imaginar um mar 
feito de ondas de verdade 
e de marés de dignidade,

mas como não sei escrever, 
nem as palavras me obedecem, 
tenho de viver neste mundo 
de palavras vazias

José Carlos Moutinho 
10/3/2020

domingo, 8 de março de 2020

Ser Mulher



Ser mulher 
é sofrer silenciosamente, 
amar apesar de ser maltratada, 
calar a revolta da dor sofrida, 
lutar como leoa, perante a adversidade 
para sustentar os seus filhos! 

Ser mulher 
é suportar a dor ao parir 
o fruto, desejado e amado, do amor 
ou gemer a dor do parto 
do fruto amado, não pensado, 
do amor violentado! 

Ser mulher 
é amar incondicionalmente os filhos, 
que, por vezes, correspondem com 
ódio e pagam o amor de mãe 
com a sua morte, 
é esconder perante a sociedade 
a delinquência das suas crias, 
engolindo a dor atroz 
que lhe corrói o peito! 

Ser mulher 
É tanto, mas tanto que é tão difícil 
definir neste simples poema, 
mas…ser mulher 
é paixão, amor, encanto, elegância, 
beleza, não só física, 
mas também mental, apesar de, quantas vezes, 
demonstrar tamanha perversidade, 
numa ambiguidade estranha! 

Porém, ser mulher 
é mar onde navegam paixões 
ar que respira e faz suspirar 
fogo que faz explodir desejos 
terra onde finca os pés da resiliência 
é ser dominadora com seu carácter altivo 
ou simplesmente, 
exibindo a sua feminilidade e charme! 

Ser mulher 
É ser filha, mãe, esposa e avó 
é a força que procria 
e dá continuidade à existência humana, 
companheira insubstituível do homem 
quando a idade vai esmorecendo 
pela voracidade do tempo! 

Ser mulher é ser tudo 
de bom e de mau, 
de belo e menos belo 
de encantos e desencantos 
de amores e desamores, 
porque ser mulher é exactamente 
SER MULHER, 
Sem a qual, 
não haveria a espécie humana. 

José Carlos Moutinho

Calemas e-nook

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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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