domingo, 5 de abril de 2020
sábado, 4 de abril de 2020
sexta-feira, 3 de abril de 2020
Sou tão pequeno
Olho-me e vejo-me tão pequeno
e quando contemplo a rua vazia
tento manter este meu ar sereno
enquanto invento alguma poesia
O que somos nós, seres falantes
se nossa fragilidade é marcante,
houvesse, pois, menos pedantes
este mundo seria mais fascinante
José Carlos Moutinho
3/4/2020
Só porque gostaria...
Gostaria mesmo de acreditar
juro que adoraria ver o acontecer
que os poderosos deixassem de errar
para que a humanidade parasse de morrer
Juro de verdade que gostaria
de ver os arrogantes donos do mundo
vestidos democraticamente de filantropia
para que acabasse este sofrimento profundo
José Carlos Moutinho
3/4/2020
quinta-feira, 2 de abril de 2020
Amo a vida
Olho o vazio que me cerca,
interrogo-me se vivo noutro planeta,
o silêncio confunde-me os pensamentos,
divago sobre o bem e o mal,
ignorando a razão das calamidades
e volto a interrogar-me do seu valor
e do seu interesse em provocar tanta morte!
Sinto-me frágil e desalentado
ao viver momentos tão surreais
como se filme de Spielberg se tratasse,
as ruas desertas oprimem-me as vontades,
há um deserto em mim
de areia movediça,
onde, porém, imbuído de esperança
vislumbro o oásis próximo!
Quero fugir deste terrível sonho
sonhado de olhos bem abertos,
quero voltar a abraçar gente,
aspirar o ar, que agora, pela fatalidade
se tornou mais puro,
anseio ver o mar,
deixar-me navegar
pelo infinito do meu tempo
no seu dorso cintilante de sol!
Desejo poder viver em plenitude
o que antes escusei viver,
sem estas amarras virais
que me roubam a liberdade!
Quero voltar a ser, simplesmente,
um humano, com todo o meu direito,
agora prejudicado
por razões que desconheço,
ou, quiçá, pela ganância
de outros humanos!
Quero somente viver
e gritar ao mundo que amo a vida!
José Carlos Moutinho
2/4/2020
quarta-feira, 1 de abril de 2020
Nostalgia
Ontem ao assistir a um programa passado na RTP África, fui invadido por uma onda nostálgica.
Referia-se a um raid efectuado por portugueses/angolanos, feitos em carros, Ford, creio, cedidos ou pelo menos patrocinados pela Robert Hudson.
Partiram não sei de onde até ao Luau, depois vieram por Camacupa até ao Bié...e foi, precisamente nessa estrada vermelha de terra batida, que eu me vi, há uma porrada de anos perdidos no tempo, exactamente num local específico, onde a estrada caprichosamente descia, com ligeira inclinação à esquerda, logo imediatamente na base, constituída por um vértice, subia, inclinando-se à direita.
Vi-me ali, no meu VW carocha a descer aquela estrada de acelerador a fundo e no fim dessa descida, engrenar a 3ª velocidade e acelerar como se de um Porsche se tratasse, mas que eu exigia ao meu carrinho, tentando dar-lhe a genica do possante Porsche.
E não é que o meu carocha reagia bem aos meus anseios de grandeza automobilística...
Teria eu os meus atrevidos e ousados 24 anos, repletos de coragem, sonhadores e aventureiros.
Senti-me bem naquela visão oferecida pela reportagem.
Senti o perfume de Angola em mim. A saudade é como a vida, só nos larga...um dia!
1/4/2020
1 de Abril, dia da verdade
É mentira o que se diz
ou será a razão a desatinar,
hoje é um dia que ninguém quis
porque a verdade é de assustar
1 de Abril será dia de reflexão
a juntar aos dias passados,
vivemos momentos de emoção
esperando por dias alegrados
Hoje a mentira é grande verdade
de um tempo para esquecer,
se sentirmos esta realidade
em isolamento, esperemos vencer
José Carlos Moutinho
1/4/2020
terça-feira, 31 de março de 2020
Clausura
Quero fugir desta imposta clausura
que me amarra os movimentos,
se eu pudesse fugia pela fissura
da janela dos meus sentimentos
Quero liberdade para ir ver o mar
saber do horizonte,sentir a maresia,
anseio para que tudo isto vá acabar
antes mesmo que me acabe a poesia
José Carlos Moutinho
31/3/2020
segunda-feira, 30 de março de 2020
Da janela vejo a rua
Olho pela janela da minha sala
deixo meu olhar viajar pela rua
tão deserta e minha alma se cala
possuída por emoção assaz crua
Por onde andará a gente de antes
que apressadamente ali passava
agora nem carros nem andantes
tal silêncio que agora se escusava
Deixo-me levar pelo pensamento
numa viagem triste, tão solitário
há em mim um certo sentimento
ao pensar a razão deste calvário
Esperança, claro, esta não faltará
lamentamos tanta e tanta morte
sabe-se lá quanta mais ainda virá
se os infectados não tiverem sorte
Com coragem e luta, vamos vencer
o povo a respeitar e outros a lutar,
os profissionais da saúde, sem temer
Sofrem para outros, poder salvar
Daqui da vidraça da minha janela
presto a minha homenagem singela
aos que, silenciosamente são heróis
e neste escuro se fazem nossos sóis
José Carlos Moutinho
30/3/2020
Sonho improvável
Despertei hoje de um belo sonho
não daqueles utópicos de costume,
não tinha sequer cara de medonho
mas sim o aroma de um perfume
E com o sonho senti forte emoção
pois nele fiquei a saber da graça,
que o drama era uma simples ilusão
que viera sem desejar ser desgraça
José Carlos Moutinho
30/3/2020
domingo, 29 de março de 2020
sábado, 28 de março de 2020
Momentos de reflexão
Ruas tristes, despem-se de gente
no ar paira o silêncio do medo,
há uma inquietude que se sente
que a todos assusta, sem segredo
O sol continua com sua missão
iluminando a tristeza do momento,
a Primavera desconhece a razão
para tanto descontentamento
A vida vai-se equilibrando na sorte
Que, para tantos se faz ausente
nesta calamidade que leva à morte
na infelicidade de imensa gente
Que o Verão que vai chegando
traga calor intenso de esperança,
a tristeza que nos vai cercando
precisa rapidamente de mudança
Estas tragédias são passageiras
todos pensamos saber e entender,
são inimigos de todas as fronteiras
juntos temos todos que os abater
José Carlos Moutinho
28/3/2020
sexta-feira, 27 de março de 2020
Calemas
Para quem não tem possibilidade de obter o livro físico, tem a opção do digital (e-book)
https://www.amazon.com.br/dp/B085LHFWLN/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&keywords=9786550980177&qid=1583526967&sr=8-1
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Turbilhão do momento
Queria escrever um poema
com a simplicidade da vida,
um poema que falasse, inocentemente,
das estrelas e do luar
que sempre me encantaram,
do perfume da maresia
que me aromatiza a alma,
que falasse também, das coisas boas
e dos amigos sinceros,
até mesmo aqueles que se fingem amigos,
um poema tão singelo, como as palavras,
mas...estas escusam-se,
não sei bem se, por medo,
ou por falta de inspiração,
a verdade é que o poema esmorece
no tardio do tempo,
e resguarda-se no recanto da esperança,
ansioso de que as palavras se encham
de coragem e gritem ao mundo
que estão vivas e saudosas da poesia,
até lá, fica este esboço de poema,
que, humildemente aguarda
que passe o turbilhão do momento
José Carlos Moutinho
27/3/2020
quinta-feira, 26 de março de 2020
Mudanças
As ruas esvaziaram-se,
o asfalto tornou-se mais negro,
a calçada mostrou todo o seu brilho
pela ausência de pés que o encobrisse,
gente que agitava a cidade
estão confinados por precaução,
porque momento é terrível e raro,
o medo é muito,
a inquietude, pavorosa,
os corações fremem,
a angústia sobrevoa o ar que se respira,
a esperança é ainda, ténue
mas jamais morrerá,
porque não será um cobarde vírus
que abalará a força humana
com a nossa precaução,
estando comodamente em casa,
vamos vencer este miserável!
José Carlos Moutinho
26/3/2020
Bom dia, gente
Ainda que a inquietude
esteja presente nestes momentos,
temos de ser resilientes, com atitude
para tentar esquecer os tormentos,
e para quem tem arte e virtude
de criar poemas sem lamentos,
escrever sobre o que veio da longitude
é um modo de luta, com argumentos
José Carlos Moutinho
26/3/2020
quarta-feira, 25 de março de 2020
Atitude
...
Trilhamos caminhos do medo
nestes momentos de inquietude
não seremos jogados no lajedo
se isolamento for nossa atitude
José Carlos Moutinho
25/3/2020
Vulneráveis
O que somos nós,
pobres viventes,
se não simples passageiros
nesta terra de dores e encantos,
tão frágeis como suspiro
tão arrogantes como vendaval?
Ai, se conseguíssemos parar e pensar
um pouquinho só, em cada dia,
entregarmo-nos à nossa insignificância
e reflectir do que vale a pena
para que se viva, minimamente feliz...
não...preferimos
correr em desatino,
buscando o improvável,
num anseio desmedido,
por vaidade, poder
e protagonismo!
Somos, porém,
tão...tanto e tão nada,
poderosos e de fragilidade efémera,
génios do bem e do mal,
famosos e desconhecidos,
presunçosos e humildes,
quem somos afinal,
se não vulneráveis seres
que sucumbem perante
um invisível vírus?
José Carlos Moutinho
25/3/2020
Proibido o plágio
ao abrigo do Decreto-lei nº 63/85
dos direitos de autor
terça-feira, 24 de março de 2020
Reflexão minha
Na calamidade...
cala-se a arrogância
despe-se a vaidade
anula-se a presunção
une-se a humildade
se na calamidade...
fosse obrigatório
a humanidade humanizar-se...
talvez a calamidade fosse útil,
assim, como nada se altera
na humanidade
que desapareça a calamidade
José Carlos Moutinho
24/3/2020
Saudades
Tenho saudades
dos parceiros tertulianos,
dos anónimos que passam nas ruas,
do bulício da cidade,
e especialmente
dos amigos que sei serem!
Tenho saudades
daqueles que me acham arrogante,
dos que me olham com despeito,
daqueles que me criticam pelas minhas costas
e especialmente
de todos os que gostam de mim!
Tenho saudades
da convivência com gente,
de aspirar a maresia, à beira mar,
do abraço apertado
e até daquele abraço flácido,
quase inerte!
Tenho saudades
das conversas amigáveis, sem vírus,
dos sorrisos sinceros,
das palavras de amizade
e do tempo mais salutar que o actual
José Carlos Moutinho
24/3/2020
segunda-feira, 23 de março de 2020
domingo, 22 de março de 2020
Tu aí
Tu que te vestes de indiferença
perante os teus semelhantes,
olha em tua volta,
desperta para a realidade
e pensa, com franqueza,
se a tua pose bacoca
tem algum valor
perante a calamidade
que nos atormenta...
Já pensaste?
Então desce desse teu pedestal oco,
e entende que ninguém
é mais que alguém
somos todos tão frágeis,
tão passageiros
como o próprio vento!
Nada trouxemos, nada levaremos,
ficarão para a eternidade
a dignidade e as obras,
essas terá sido a importância
da tua presença
neste mundo de desvarios
José Carlos Moutinho
22/3/2020
sábado, 21 de março de 2020
sexta-feira, 20 de março de 2020
Tempos de inquietação
Democraticamente a liberdade
foi, provisoriamente, cerceada,
e porque a cidade dorme
o medo passeia-se provocador
pelas ruas desertas
tentando insinuar-se perante os mais frágeis
que, resilientes enfrentam provações,
o silêncio produz um som estranho,
que penetra insistentemente, os pensamentos
transformando-os em onda simbiótica
de acalmia, inquietação
e muita esperança,
imbuídas numa profunda fé!
E a cidade, apesar de a alvorada
ter nascido há algum tempo,
mantém-se em sonolência,
só o medo continua a vaguear pelas ruas,
agora menos desertas,
saudosas do bulício!
Há no ar uma invisível nuvem
de solidariedade e humanização,
levando, certamente a muita reflexão,
que, infelizmente, acabará,
talvez, quando a cidade acordar
e a desumanização retornar!
José Carlos Moutinho
20/3/2020
Proibido o plágio
ao abrigo do Decreto-lei nº 63/85
dos direitos de autor
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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas
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