segunda-feira, 9 de novembro de 2015
Sou o que quer meu querer
Sou o sal que me alimenta,
o sol é a energia da minha vida,
sou um ser que do mal, se ausenta
no abraço mostro minha alma despida.
Sou o querer sem o saber contrariar,
sou a emoção da palavra verdadeira,
vivo a vida que me foi dada a aceitar,
serei assim, até à minha meta derradeira.
Jamais serei o que os outros inventam,
vivo a verdade no meu sentir efémero,
compreendo todos aqueles que o tentam
mas ignoro tudo o que não faz meu género.
José Carlos Moutinho
sexta-feira, 6 de novembro de 2015
Quando eu era um menino
Quando eu era um menino,
Pensava que o mundo era
feito de sorrisos
E que as aves cantavam a
felicidade
E o sol existia para nos
aquecer o corpo
E o luar para nos iluminar o
caminho
na escuridão da noite, onde
se escondiam os medos!
Quando eu era um menino,
Sonhava que no futuro só
haveria amizade
E que em cada amigo,
houvesse um abraço
E em cada abraço, a
sinceridade da fraternidade!
Ah…Quando eu era ainda um
menino…
Vivia um outro mundo, que
não este
E era tão inocente, tão ingénuo
e…sonhador
E agora que deixei de ser aquele
menino,
Sou o desencanto da ilusão
que me invadia,
Despertei daqueles sonhos,
no breu da crua realidade!
O sol e o luar existem por
que a natureza não é humana
Sim, a natureza não se verga
à maldade dos homens
E por isso se fazem
presentes todos os dias…
A amizade que eu sonhara em
menino tornou-se utópica
Existe alguma, é certo, mas
tão escassa
E tantas vezes essa amizade,
mesmo rara, é de falsidade!
Ah…que saudades eu tenho de
quando eu era ainda um menino…
Guardo em mim a nostalgia daquele
outro tempo
Um tempo em que eu, menino,
sonhava…
Agora, resta-me respirar a
melancolia dos dias!
José Carlos Moutinho
6/11/15
quinta-feira, 5 de novembro de 2015
Pujante natureza
Correm águas serenas
Pelo leito da vida,
Beijam margens terrenas
com vontade despida.
Murmuram no seu deslizar
melodias de saudade,
ao mergulharem no mar
finda sua eternidade.
Agora, na imensidão
do mar, que as abraça,
desfalecem sem acção,
perdendo toda a graça.
Pujante é a natureza
que tanto nos fascina,
tem em si tanta beleza
que a todos ilumina.
José Carlos Moutinho
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
Oh...tempo
Oh Tempo que sufocas
as tardes do meu viver,
traz-me a brisa da acalmia
pois eu não quero sofrer
a toda a hora do meu dia.
Dá-me o aroma das flores,
não a secura da mágoa,
a vida, jardim de amores
pode ser pura com’água
que corre sem pudores.
Quero a tua Primavera
nos dias da minha vida,
ter um amor à espera,
a vida é uma corrida
viver é uma quimera.
José Carlos Moutinho
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
Caminho pelo parque
Enquanto caminho pelo parque
dos meus pensamentos
sinto no meu rosto os
salpicos de um tempo ausente,
levanto os braços, aperto a
nostalgia em minhas mãos,
espremo-a entre os dedos e
atiro-a longe,
quero sentir somente a brisa
do agora
que embora fresca, aquece
minha alma solitária!
Olho o céu, creio ver mares
e desertos
que se entrelaçam em abraços
de espuma e areia,
fecho os olhos, sorrio-me
ingenuamente
sentindo-me criança
sonhadora e inocente
e caminho pelo parque
ajardinado e florido
como se o oásis se fizesse
presente
nesta cidade enorme e
deserta de sentimentos!
Estugo meus passos,
assustado pelo vento
que inesperadamente acordou
e sopra realidades
deste tempo, que agora me
envolve e assusta...
Circulam pessoas de rostos
sorridentes, passeando cães
Outras, correm, sombrias,
como se o mundo fosse acabar
e as folhas verdes das
árvores agitam-se
observando todo este
movimentar das gentes
deste mundo de contrastes,
alegrias e tristezas em que vivemos
e por que é verão nesta
tropicalidade que eu respiro
deixo-me levar pela saudade
do Outono dos meus pensamentos.
José Carlos Moutinho
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
Minha Terra
Minha terra tem pouca terra
Não tem petróleo, nem ouro
Mas tem campos e curvas de estradas
Onde se morre estupidamente
Não tem tido bons governantes
Mas tem gente que tudo sabe de política e nada fazem
E também tem gente soberba e gente humilde
Não tem agricultura nem barcos de pesca
Mas tem um imenso mar...
Minha terra é muito pobre, dizem,
Mas tem muitos telemóveis e TV’s de Led...
Minha terra é triste e esfarrapada
Mas tem BMW,s, Porches e Ferraris,
Tem belas praias e caríssimos restaurantes
Mas também tem fome e desemprego...
Minha terra tem castelos e belos monumentos
E também a tristeza de casas sem telhado e paredes esburacadas,
por onde o vento passa e enregela a desgraça...
Minha terra é um jardim de flores murchas,
Plantado à beira de um imenso mar
Esse mar imenso da nossa nostalgia
Onde o povo da minha terra chora suas mágoas...
Minha terra tem tão pouca terra
Mas tem a grandeza de um passado
E a vergonha de um presente que parece não ter futuro...
Minha terra tem de tudo e de nada
E tem um imenso mar
Que nos levou por esse desconhecido mundo
Dando novos mundos ao mundo.
Minha terra é tão pequena em terra
Mas tão grande em imenso mar de glórias
Minha terra, minha alegria e tristeza,
Meu Sol, meu Luar, meu chão...
Minha Língua, minha Pátria..
José Carlos Moutinho
22/10/15
terça-feira, 20 de outubro de 2015
Recordo-te, mãe
Estás sempre presente em mim, mãe...
Os teus olhos eram lagos cintilantes
Onde eu mergulhava a minha inocência...
Foram também, luz do meu caminho,
As tuas mãos tinham a ternura da minha segurança
Dos teus braços eu fazia leito da minha acalmia
A tua voz melodiosa e doce fazia sentir-me sempre criança...
Tenho saudades de ti, mãe.
Bem sei que lá do alto, uma estrela maior continua a brilhar,
Não a distingo dos milhares que lá no céu cintilam,
Mas sinto-a, mãe, sinto-a no ardor dos meus desatinos
Dessa luz de ti, recebo a força para continuar a navegar
Ainda que enfrente marés de inquietude,
Sei que tenho em ti, o meu porto de abrigo...
Tenho saudades de ti, mãe.
Não te dei o carinho que merecias
Pois de ti recebi tanto amor, tanta compreensão
O teu coração era feito de bondade e amor, mãe...
Eras benevolente e tolerante, mesmo nos instantes em que a revolta
podia ter mais força...
Estende-me os teus braços mãe,
E deixa-me neles repousar
Quero adormecer com o murmurar da tua voz,
Estou cansado...
Cansado desta estrada sem rumo,
Deste deserto de mim
E da bruma perdida na miragem do meu tempo...
Estou cansado, mãe,
Cansado deste tempo que me domina
Embora o tempo seja nada, que o próprio tempo ignora...
Tenho saudades e estou cansado, mãe.
José Carlos Moutinho
20/10/15
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
Lençóis de Luar
Eram murmúrios que a brisa
trazia nas tardes de
aconchego,
eram perfumes que se
soltavam
nas carícias de mãos sedosas…
...Ondulavam os trigais
dourados
sob as asas das aves
vestidas do vermelho das
papoilas…
Alongavam-se os pensamentos
na lonjura dos campos
levados pelos sorrisos
da felicidade aquietada
pelo entardecer que
suavemente
se deixava cobrir com os
lençõis
feitos de fina cambraia de
luar…
Suspendia-se o tempo no
silêncio
que lhes invadia as almas
pelo encanto do momento,
abriam-se as janelas quiméricas
do prazer
e por elas saía docemente
o som excitado
do batimento de seus
corações.
José Carlos Moutinho
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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas
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