quarta-feira, 16 de outubro de 2024

#O Pardal

 Descobri, por acaso, no Baú das coisas quase esquecidas.


O Pardal

Era um pardal sem pedigree que, teimosamente esvoaçava entre os seus pares, que, vestidos com as cores dos mais belos rouxinóis o desprezavam. Mas o pardal temerário voava sem parar, cada vez mais, em voos ainda mais altos.
Um dia, todas as doutas aves se reuniram num congresso de diversas cores e raças e, condescendentes chamaram o pardal, dizendo-lhe:
-- Ouve lá ó pardal, foste insistente numa teimosia e persistência invejáveis, com esse teu obstinado voar; por isso, analisámos os percursos dos teus voos e decidimos considerar-te um dos nossos.
E todas as coloridas e ilustres figuras aladas, ovacionaram o desengonçado, mas corajoso pardal.
E foi assim que o pardal feio, de asas cinzentas, foi admitido na corte dos privilegiados vertebrados endotérmicos, voando alegremente em grupos fraternos, em chilreados de humildade e amizade.

José Carlos Moutinho
18/10/16

terça-feira, 15 de outubro de 2024

#As palavras (Coisas maravilhosas)

 

Palavras ocas sem sentido
voadas nas asas da mentira
são laivos de ruído perdido
ou emoções de quem delira

O sentir intenso da palavra,
é de caracter probo, nobre
é grandeza de florida lavra,
dignidade que se descobre

Aquele grupinho de letras,
que se entregam submissas
à verdade ou até às tretas
serão tudo, jamais omissas
 
José Carlos Moutinho 

15/10/2024

domingo, 13 de outubro de 2024

#Isto de escrever…

Por um acaso aconteceu
ou talvez, pelo destino,
que a escrita me ofereceu
assim em jeito de desatino

As palavras como cerejas
surgiam do nada ou sei lá
juntavam-se sem invejas
em rimas e estrofes blablá

A verdade é que sucedia
versos nascidos do nada,
até fazia lembrar a poesia,
como se fosse uma jogada

E lá ia eu, armado em bom
palavra aqui, rima logo ali
num brincar de bom tom
pois poesia jamais aprendi 

Então, intrigado, eu pensei
esta emoção que me afecta
será dom ou louco estarei
ousando pensar-me poeta? 

José Carlos Moutinho

13/10/2024

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

#Consciência ou Subconsciência

 

Nos pensamentos vadios
que, errantes, se perdem no silêncio
e escondem a voz inquieta
que luta pela liberdade do sentimento,
há todo um conflito de emoções
que levam a mente ao esmorecimento
ou, pelo contrário,
entrega-se a uma profunda catarse!
 
Os pensamentos como líderes da liberdade
Não há nada nem ninguém
Que consiga obstaculizá-los no seu divagar
 
São tão soberanos e altivos como o vento,
mas também, serenos, como brisa,
podem ser românticos
imbuídos de paixão,
ou vestidos de tresloucado amor
 
A mente, apesar da sua força,
tem, digamos, certa incapacidade…
pode ser consciente e dominar o pensamento
ou alheada da possibilidade de sentir o que pensa!
 
Então, simplesmente,
deixemos vadiar os pensamentos
pelas silentes galáxias,
e demos graças ao Universo
por termos a felicidade de pensar.
 
José Carlos Moutinho
8/10/2024 
Portugal

terça-feira, 8 de outubro de 2024

#Assim é a vida

 

Existem pensamentos diversos,
neste mundo de loucas ilusões,
suportemos momentos adversos
encaremos com vigor, desilusões
 
Se tudo fosse belo e brilhante
a vida seria um esplendor
mas a realidade é frustrante
pois tanta gente vive na dor
 
Talvez um dia mude pra melhor  
a bondade será uma constante
podemos ter e sentir o amor
de uma maneira mais vibrante
 
Mas se assim não acontecer,
só nos resta lutar pela razão
porque todos iremos morrer
e será finitude da presunção
 
José Carlos Moutinho
Portugal 
 2024

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

#𝐐𝐮𝐢𝐦𝐞𝐫𝐚𝐬


𝐎𝐮𝐯𝐢𝐚𝐦-𝐬𝐞 𝐬𝐮𝐬𝐩𝐢𝐫𝐨𝐬 𝐧𝐨 𝐯𝐞𝐧𝐭𝐨
𝐞𝐦 𝐝𝐞𝐬𝐚𝐭𝐢𝐧𝐨 𝐯𝐨𝐚𝐯𝐚𝐦 𝐠𝐚𝐢𝐯𝐨𝐭𝐚𝐬
𝐬𝐞𝐧𝐭𝐢𝐚-𝐬𝐞 𝐧𝐨 𝐚𝐫 𝐜𝐞𝐫𝐭𝐨 𝐥𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨
𝐬𝐞𝐫𝐢𝐚𝐦 𝐪𝐮𝐢𝐜̧𝐚́ 𝐞𝐦𝐨𝐜̧𝐨̃𝐞𝐬 𝐢𝐠𝐧𝐨𝐭𝐚𝐬

𝐄𝐧𝐭𝐚̃𝐨 𝐧𝐨 𝐞𝐬𝐦𝐨𝐫𝐞𝐜𝐞𝐫 𝐝𝐨 𝐨𝐜𝐚𝐬𝐨
𝐣𝐚́ 𝐚𝐬 𝐦𝐚𝐫𝐞́𝐬 𝐭𝐢𝐧𝐡𝐚𝐦 𝐚𝐜𝐚𝐥𝐦𝐚𝐝𝐨
𝐬𝐞𝐫𝐞𝐧𝐨, 𝐦𝐚𝐬 𝐝𝐞𝐧𝐭𝐫𝐨 𝐝𝐨 𝐩𝐫𝐚𝐳𝐨
𝐜𝐡𝐞𝐠𝐨𝐮 𝐨 𝐥𝐮𝐚𝐫 𝐛𝐞𝐦 𝐢𝐥𝐮𝐦𝐢𝐧𝐚𝐝𝐨

𝐀𝐬 𝐞𝐬𝐭𝐫𝐞𝐥𝐚𝐬 𝐟𝐞𝐢𝐭𝐚𝐬 𝐩𝐢𝐫𝐢𝐥𝐚𝐦𝐩𝐨𝐬
𝐜𝐢𝐧𝐭𝐢𝐥𝐚𝐯𝐚𝐦 𝐧𝐚 𝐠𝐚𝐥𝐚́𝐱𝐢𝐚 𝐢𝐦𝐞𝐧𝐬𝐚
𝐝𝐞𝐬𝐥𝐮𝐦𝐛𝐫𝐚𝐯𝐚𝐦 𝐬𝐞𝐮𝐬 𝐞𝐧𝐜𝐚𝐧𝐭𝐨𝐬
𝐝𝐮𝐫𝐚𝐧𝐭𝐞 𝐚 𝐧𝐨𝐢𝐭𝐞 𝐪𝐮𝐞 𝐢𝐚 𝐞𝐱𝐭𝐞𝐧𝐬𝐚

𝐉𝐨𝐬𝐞́ 𝐂𝐚𝐫𝐥𝐨𝐬 𝐌𝐨𝐮𝐭𝐢𝐧𝐡𝐨
𝟕/𝟏𝟎/𝟐𝟎𝟐𝟒
𝐏𝐨𝐫𝐭𝐮𝐠𝐚𝐥

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

# Chorava de saudade

..

Emocionou-me o choro do kissanje
que chorava de saudade
pela saudade que em meu peito existe,
murmurei-lhe que se acalmasse
porque a saudade minha
era melodia que me encantava
nos dias de nostalgia...

e o kissanje sorriu-me,
então, feliz, tocou-me uma rebita
perfumada de mangas e acácias...
fascinado, abracei longamente
a terra da minha saudade

José Carlos Moutinho
22/7/17
Portugal

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

# Versos...

Enfrentar obstáculos é obrigação
esmorecer perante eles é fraqueza
na caminhada há que ter emoção
ser resiliente é verdadeira proeza

Pois dos fracos não reza a história

diz, assertivamente, velho ditado
momento de luta é sempre agora
vencer jamais tem tempo limitado

José Carlos Moutinho
3/10/2024

# Sonhos e anseios


Falaram-me de sonhos
e de anseios improváveis,
falaram-me de fracassos
e de frustrações
mas...
também, me falaram
de realizações que se diziam impossíveis,
metas atingidas que, provocantemente,
se escondiam na lonjura!

Então que os sonhos e os anseios
conspirem para que a realidade
caia nos braços da verdade...

José Carlos Moutinho
Portugal

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

#Chovia

Chovia copiosamente...
o chão sedento, absorvia a torrente,
o vermelho tornava-se mais intenso
e o cheiro penetrava as narinas
enquanto o arco-íris se impunha altaneiro...

Agora...chove dentro do meu peito a saudade

José Carlos Moutinho
2/10/2024

terça-feira, 1 de outubro de 2024

# Asas do vento em desvario

Os ventos agitavam as asas em desvario,
provocando um redemoinhar de sentimentos,
levantavam do chão negro do asfalto
alguns papeis pintados de desabafos,
que descontrolados esvoaçavam
como borboletas desavindas!

E no redemoinho inusitado,

inventaram-se quietudes
tentando serenar os silvos ventosos
que teimavam em perturbar!

Só depois que o sol se fez presente,
trazendo nos seus braços o aconchego
de um fim de tarde matizado de sorrisos,
é que o soprar desatinado
se vestiu com as cores do zéfiro!

Depois na acalmia do entardecer,
quando a tarde cedeu o lugar à noite
e na meditação floresceram abraços
que docemente foram oferecidos
a quem deambulasse pelas ruas dos sonhos
e que trouxesse em si o luar, fez-se festa!

E fez-se festa até à alvorada…
Com os desabafos dos papeis pintados,
coloridos pelos sorrisos do sol
terminando nos braços,
oferecidos em afectuosos abraços
pelo luar, vindo no carinho da noite.

José Carlos Moutinho
Portugal


segunda-feira, 30 de setembro de 2024

#Como se fosse poema

 

Cantam as boas vontades
sob a luz do sol da verdade
que pelas nuvens realidades
voam os céus da liberdade

E num jeito de fazer poema
sorrio às palavras silenciosas
porque as utilizei sem tema,
para que fossem generosas

José Carlos Moutinho
30/9/2024

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

#E viva o vinho


São campos de belas parreiras
Que enfeitam as fortes videiras
Verde esperança, de boa colheita

Delas sairá o mosto que nos deleita


É árdua a labuta da colheita da uva,
Que poderá ser néctar de prazer e doçura
Ou de tristeza pelo excesso de chuva
que destrói e deixa o gosto da amargura

Mas quando tudo sai bem e a contento
É ver os homens de calça arregaçada
A cantarem pisando a uva deste evento
Numa longa e bem animada algazarra

Pisada a uva sucede um elaborado processo
Onde se deixa fermentar por algum tempo
Dali à pipa de carvalho é um pulo de sucesso
Pelo degustar que até a um morto dá alento

E viva o vinho da mais bela cepa de Portugal
Ao beber com moderação branco ou tinto
Podem ter a certeza que jamais nos fará mal
Basta um copo de cada vez, só até ao quinto

Vamos lá beber e exaltar o néctar dos deuses
Dizem que até dá saúde a todos os doentes
Nós gostamos de vinho, somos portugueses
Garanto que vinho acaba com dor de dentes

Já que temos vinho, venha o pão e presunto
Porque só beber pode causar alguma azia,
Vamos comer e beber e acaba-se o assunto
Porque hoje é hoje e amanhã já é outro dia

José Carlos Moutinho
Portugal



quarta-feira, 25 de setembro de 2024

#Matizes de Outono

 Outono...eis um poema velhinho:


Matizes de Outono

O Outono chega repentinamente molhado,
Espalhando folhas matizadas por todo lado,
O céu acinzenta-se, perde o seu azul belo,
A melancolia ocupa-nos a alma sem apelo.

Mas o Outono é também encanto
Nas folhas secas que esvoaçam
E criam atapetadas ruas coloridas,
Imagens ornamentadas bucolicamente
Em paisagens de deslumbrante visão,
No adeus ao calor que o verão ofereceu
E nas boas vindas ao frio do Inverno que virá!

A Natureza na sua plenitude,
Com o equinócio que se faz presente,
Solidário com as caducifólias
Que nos oferecem a beleza das folhas secas
Na escusa da sua perenidade,
Voam leves como penas nas asas do tempo,
Volateiam na sua curta viagem até ao solo,
Onde se aconchegam delicadamente,
Tecendo belos e efémeros tapetes!

Outono dos nossos dias
Amigo de vários anos,
Que nos presenteia com o matizado da vida
Com o fresco suave da atmosfera,
Em terno preparativo para o frio intenso
Que nos chegará brevemente com o Inverno

E quando partires, Outono
Sentiremos saudades de ti
Pela vinda ansiosa da bela Primavera.

José Carlos Moutinho
28/9/13
Portugal

domingo, 22 de setembro de 2024

#Alegria, morena

 

Escuta o que eu te digo morena
Não te faças assim tão esquisita
a vida é curta, não vale a pena
teres esse teu jeito que só irrita
 
Encara o teu viver com alegria
E serás de certeza mais feliz
O sorriso é a força da simpatia
Não empines assim teu lindo nariz
 
Se aceitares estes meus conselhos
terás a prova nos teus espelhos
esperarei o resultado final…
 
Tem sido este o meu conceito geral
vaidade não leva a nenhum lugar
maior sentimento é saber amar… 

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

#Reflexão de José Carlos Moutinho

 

    No remanso do meu cantinho de imaginações, deixo-me levar em serena reflexão, sobre o meu curto percurso literário, iniciado em 2009.
    Muitos de vós, que neste momento estais a ler este meu sentir libertado, conhecem-me pessoalmente.
    Mas muitos mais, não me conhecendo fisicamente, são meus amigos virtuais e fiéis leitores da minha singela escrita.
    A todos vós, deixo aqui, bem patente, a minha gratidão não só por me lerem e interagirem comentando, mas, principalmente por me darem a honra de terem em vossas casas, muitos dos meus livros.
    Toda esta conversa, vem a propósito, da minha tal reflexão, sobre o meu caminho das palavras e dos livros publicados.
    E, francamente, permitam-me, com toda a imodéstia que me for concedida, que me sinto feliz pelo que até agora consegui, senão vejamos:
Com 13 anos de edições e publicações atingi um número (15) de títulos, que considero fantástico.
Fui entrevistado por algumas Rádios, passados os meus poemas, em outras de projecção internacional.
Por 3 vezes estive na RTP África.
Recebi prémios vários, entre os quais, muito particularmente importante, por se tratar de uma Academia de Letras, física; Por essa Academia fui premiado, no mesmo Concurso Internacional, em três dos meus trabalhos apresentados: um 2º em poesia, um 3º em Crónica e uma menção honrosa em poesia.
    Sinceramente, que mais posso eu desejar?
    Depois de 50 anos sem escrever, que, como sabem, iniciei as minhas ingénuas poesias, com 15 anos, ter alcançado este palmarés, deixa-me absolutamente honrado!
    Claro que sem os meus leitores e amigos, jamais chegaria a esta marca. Ninguém é alguém, SÓ, ou por graça do destino!
    Verdade que tem sido uma luta de várias batalhas, mas com resiliência, tenho conseguido chegar lá. Mais fácil seria com as tais ajudas que todos sabemos, mas essas, são para quem cai em graça e não para os engraçados. (e eu nem graça tenho)
    Dirão alguns: Teve sorte.
    Claro, que a sorte é importante. Mas sorte sem abnegação e persistência, vale nadinha!!
    Não considerem este soltar das minhas emoções, como uma atitude de vaidade, mas sim, como um partilhar a minha gratidão com aqueles/as que me têm acompanhado.
    Um forte abraço a todos, amigos/as, não amigos/as, conhecidos/as e aos que tiverem paciência para lerem este meu desabafo.

Setembro/2024



quarta-feira, 18 de setembro de 2024

#É assim…

 

Passam por mim, como brisas
silentes as horas dos meus dias
por vezes tornam-se indecisas
expectante anseio de garantias

Depois, dias correm como vento
ruidosos, inquietos como emoção
de nada adianta soltar o lamento
porque o tempo tem a sua razão

Logo, os meses sucedem-se ágeis
trazendo os anos loucos, voadores
a vida vai torna-nos mais frágeis
trazendo rugas, tremuras e dores
 

José Carlos Moutinho

terça-feira, 17 de setembro de 2024

# Devaneio e quimera

Nas areias da praia
invento tardes solarengas
em dias de nostalgia,
e com os pensamentos em ebulição
construo castelos de nada,
crio rios de águas paradas e invisíveis,
pinto nuvens escondidas pelas montanhas
e imagino um mar imenso que,
numa estonteante miragem
se agita aos meus olhos
em ondulantes cavalgadas
sobre o dorso cintilante
daquele mar que eu imaginei,
mas que, certamente, nem existe,

e quando me sentir cansado
e saciado pela criação das minhas obras,
caminharei de pés descalços,
pela espuma da saudade
ao encontro do desconhecido
até me perder em novos pensamentos,
sob o luar que vai chegando,
e ao qual permito criar uma imagem de mim
reflectida nas areias
da minha praia imaginada

José Carlos Moutinho
Portugal



sexta-feira, 13 de setembro de 2024

#Sequer sei se o sou

 

Pouco me importa se me chamam poeta,
porque, sinceramente, sequer sei se o sou
escrever com paixão o livro é minha meta,
neste caminhar por onde eu desejo e vou

Faço das palavras um mundo de emoções,
que com alegria anseio passar aos leitores,
deles, eu simplesmente, anseio felicitações
fontes importantes que ajudam os autores

É assim deste modo que penso e quero ser
neste mundo de fraudes, vaidades e ilusões
não é imperioso ser-se génio para escrever
basta a alma com sentimentos e aspirações
 
José Carlos Moutinho 
12/9/2024

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

# Viver

A noite acalmara o dia
e na serenidade do luar
cantou-se com alegria
belas melodias de amar

Olhemos em nosso redor

sentir a vibração natureza
há na brisa perfume de flor
Universo oferece gentileza

Também é com a franqueza
que se descobre a amizade
demonstração pura certeza
brotada da fonte da verdade

José Carlos Moutinho
11/9/2024

terça-feira, 10 de setembro de 2024

# A mais bela flor

Ah, Fosse eu Antero ou Camões e faria
com meu amor, um soneto para ti
pintado com versos de poesia
com as cores que houvesse por aqui

Porém, como nenhum deles eu sou,

planto com meu talento estas rosas
para que o meu amor saiba que aqui estou
rodeado de versos e prosas!

Bem sei que é humilde, porém sincero
este modo de te falar de amor
palavras simples que gosto e quero…

Mas como a vida não é só poesia
quero oferecer-te a mais bela flor
que no meu coração, pra ti, crescia!

José Carlos Moutinho
Portugal

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

#É assim…

 

Passam por mim, como brisas
silentes as horas dos meus dias
por vezes tornam-se indecisas
expectante anseio de garantias

Depois, dias correm como vento
ruidosos, inquietos como emoção
de nada adianta soltar o lamento
porque o tempo tem a sua razão

Logo, os meses sucedem-se ágeis
trazendo os anos loucos, voadores
a vida vai torna-nos mais frágeis
trazendo rugas, tremuras e dores
 
José Carlos Moutinho 
 9/9/2024

sábado, 7 de setembro de 2024

#Desistir?

 

Instalou-se em mim o desânimo,
perdi o entusiasmo que me iluminava
dando lugar a uma insatisfação premente!
 
O colorido que eu colocava nas palavras
vai-se ensombrando em inquietude
ofuscando o sentir resiliência!
 
As palavras incitam-me a usá-las,
a inspiração é um rio de vibrante caudal,
a paixão está viva,
pelos versos que compõem a estrofe,
e esta, alinha-se docemente, no colo do texto!
 
…Mas aquele amor pelo livro
e a ansiedade que brota do mar da ilusão
para ver navegar por aí, a sua obra…
…sucumbe nas marés da frustração
imergindo, aflitivamente,
nas ondas traiçoeiras da publicação!
 
Será que a desistência
é a melhor forma para evitar tristezas
ao sentir-se explorado por quem faz o livro?
 
Ou, pelo contrário,
há que ter a força dos lutadores
e fazer do prejuízo uma vitória?
 
Francamente, já nada sei
além de que…
sei que sinto uma certa revolta
e que só a mim compete aquietar!
 
Aturdidos que estão os meus pensamentos,
imbuídos de frustração, por conflito emocional,
pergunto-me:
Será que o livro pretende desistir de mim,
ou
estará esmorecida a minha vontade pelas dificuldades
colocadas no caminho do meu sonho,
desejoso em acarinhar mais um livro?
 
José Carlos Moutinho 
6/9/2024




quinta-feira, 5 de setembro de 2024

#Constatação

Árduos são os dias de hoje
bem diferentes dos d'outrora
o sentimento talvez despoje
os relacionamentos de agora

Perdeu-se tanto de tão pouco
as palavras são vãs, tão vazias
talvez este mundo esteja louco
tão perdido, cheio de messias

Grita-se em desvario, por nada,
ofende-se com sorriso descarado
a verdade é coisa abandonada
tanta gente de rosto mascarado

Não, não estou desesperado
isto é uma simples constatação
já vivi meu tempo descansado
resta-me viver nesta confusão 

José Carlos Moutinho

5/9/2024

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

#Passageiro

 

Hoje sou passageiro do tempo
portador do hoje,
deixo para trás o ontem
e deixo-me levar em viagem etérea
a caminho do amanhã

Mas hoje, porque é presente
e neste momento é o que se sente
encho o peito de ilusões
canto as mais belas canções

Continuo viajante sem tempo,
ansioso de que meu tempo tarde,
há em mim um caudal de alento
do qual jamais faço alarde

Mas passageiro da vida eu sou
abraçando dias de sol
e noites de luar
na serenidade do meu existir
e na miragem dos sonhos eu vivo
pintando telas de coloridas emoções
porque o tempo é efémero
e urge sorrir e abraçar a vida
 
José Carlos Moutinho
Agosto/2024 
Portugal





quinta-feira, 29 de agosto de 2024

#Somos tanto e tão pouco

 

Sempre ouvi dizer, palavras simples
mas com assertiva verdade
que muitas vezes passam despercebidas
aos menos atentos com as coisas da vida
Pois…diz-se que a longeva idade
é celeiro de sabedoria ou de conhecimentos
adquiridos pelos caminhos trilhados
e por obstáculos encontrados
nem sempre transpostos…

E eu, na minha insignificância humana,
permito-me concordar com tais ditados populares

Aceito-os, em parte…
porque os insignes ditados
são a simplicidade do saber do povo!

Então, assim como quem nada quer,
cerro os olhos, quedo-me no silêncio da minha mente
e levo-me em pensamentos sobre esta questão…

Humildemente, tenho de concordar:
o tempo de existência que se vai prolongando
pelo tempo do nosso viver
é uma fonte, de onde constante e ininterruptamente,
brota experiência, prática e saber compreender melhor!

Porém, com tanto conhecimento e capacidade
que sabemos nós, perante a universalidade
do relacionamento, do entendimento e dos sentimentos?

Perante esta pergunta a mim mesmo,
resumo com poucas palavras,
que não serão populares,
porque são só minhas, nascidas neste momento
pelo meu discernir:
Somos, afinal, tanto e tão pouco neste Universo desconhecido!

José Carlos Moutinho
8/8/2024
PORTUGAL

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

#Gosto, simplesmente

Gosto de apreciar as folhas do tempo
quando, no entardecer do outono
elas se vestem de tons matizados
e na suavidade da brisa
deixam-se levar, airosas, esvoaçantes
como borboletas de esperança

Gosto de observar o carrossel da vida
no seu girar, por vezes, estonteante
em rodopio de emoções

Tantos são os momentos
que me permito acolher em mim
pela generosidade do tempo
que me faz sorrir, respirar
e...simplesmente viver

Gosto da vida, que me foi oferecida
perfumada de felicidade
colorida pelos mais dignos sentimentos
os quais me fazem acreditar
num advir ainda mais belo
do que aquele tempo maravilhoso
que eu já vivi
 
José Carlos Moutinho
28/8/2024




segunda-feira, 26 de agosto de 2024

#Poema que nunca foi meu

É na solidão que eu me encontro
e me invento através do silêncio,
pelas palavras que descubro dentro do meu sentir
e lhes falo docemente, pintando-as no papel branco,
imaginando-as a mais bela tela da minha emoção.

Transformo o alvo papel em paleta de múltiplas cores,
vou retirando uma a uma delicadamente
e crio o poema, palavra após palavra,
que se aconchegam no meu anseio de poeta…

E as palavras tomam a forma do meu querer,
rimam nos versos que vão surgindo
como que por arte mágica,
e fazem-se metáforas de sentimentos,
agrupam-se em estrofes de sensações,
bailam livres aos olhos de quem as lê
e fazem delas o poema dançado pela melodia
que lhes penetra fundo na alma
e pensam seu,
o poema que eu acabei de criar
e que já não é meu.

Observo a satisfação de quem o leu
e sorrio, feliz e realizado
por transmitir um sentimento em mim latente,
para o leitor o absorver com a ânsia do seu coração.

José Carlos Moutinho
In “Sonho ou Ilusão”



Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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